13.6.06

Só para lembrar

"Teu sol não se apagará. Tua lua não terá minguante por que o Senhor será tua luz, o povo que Deus Conduz"

Hoje no meio de tantas informações muitas vezes acabamos por esquecer de algumas coisas. Na correria do dia a dia, no choque de conceitos e valores muitas coisas passam despercebidas. Coisas que são importantes e fundamentais para a gente. Lembrando disso, me lembrei do compromisso com a mudança. Tava eu a desperdiçar o meu ócio criativo escutando musica, quando ouço uma melodia a tempo esquecida "Só peço a Deus que a guerra não me seja indiferente, pois ela é um monstro grande e pisa forte sobre a pobre inocência desta gente".
Logo me lembrei de outra musica que faz a cabeça e o coração se perguntar POR QUE "Diz-me por que tanta gente não sorri?por que as armas nas mãos?(...) Por que os sonhos proibidos?". Essas musicas me angustiaram e me lembrei de toda a realidade em que vivemos. Puta dor no coração. Morte. Violênçia. Prostituição. Fome. Corrupção. Sem-tetos. Sem-terra. Desempregados....chorei... mas do choro brotou a flor da esperança. Lembrei dos movimentos sociais, do MST, do MIRE, do MTD, da Rede Minka, das Pastorais Sociais, do povo que luta.
Tive a certeza de que a mudança da realidade está em nossas mãos. Lembrei do compromisso com a luta a tempos esquecidos. Lembrei de como nos acomodamos fácil, de como perdemos a esperança por que a realidade está uma merda. Lembrei do apego as estruturas e o esquecimento das bases. A mudança está em nossas mãos. Por isso temos que nos comprometemos com ela, comprometer-nos com a vida, com luta. As vezes é bom nos lembrarmos disso e ter a certeza de que a mudança é , difícil, dura, cruel, mais possível. Basta optarmos por ela. Optarmos pela construção coletiva e de base, que provem da base, do povo.
Só para não esquecer: ainda há esperança. A utopia ainda não morreu.

Elisandro Rodrigues Setembro/2005

2 comentários:

Anônimo disse...

Não podemos perder a esperança, continuemos na luta.

cleber disse...

Cara que legal isso que tu escreveu! É isso ai ainda há esperança sou da Pastoral da Juventude de ROSUL e se depender de nós a utopia nunca vai morrer.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento