20.8.10

Tempo...de não escrita.

Ando sem tempo para postar aqui, como se alguém se preocupasse com isso também né. Mas para simplesmente satisfazer a minha culpa, por achar que tenho alguma, mas como não tenho nenhuma em relação as pessoas que vem me ler, se é que existe alguma pessoa que vem me ler, acho que ninguém vem me ler, mas tanto faz como tanto fez, estou aqui para dizer que não estou escrevendo por o tempo não me deixa escrever. É o tempo, sabe aquele tempo que te come por todos os lados e não te satisfaz e nem te faz gozar, é esse tempo que está me comendo.
Mas como não tenho tempo nem sei por que estou perdendo o tempo que tenho para escrever aqui e dizer que o tempo que eu não tenho tá me comendo e me deixando sem tempo.
Para falar...ixi acabou o tempo.

10.8.10

Siente como sopla el viento...

Caminhando pela Lambla de Montevideo observo uma frase pixada na marquise "siente como sopla el viento". Sinto aquele vento soprado do mar, e de alèm mar. Meus pensamentos traçam caminhos de vento e vao parar em outros lugares...Na noite caminhando pelas ruas vazias da cidade o vento sopra novamente trazendo de longe uma nèvoa e um frio. Caminho olhando as estrelas que teimam em brilhar no cèu. Me desfaço com o vento e deixo me levar para onde moram meus pensamentos.

"Outros embarcam numa intrigante experiência. rolam entorpecidos pelo tùnel como se estivessem expostos a um vento brincalhao que se diverte em lhes virar pelo avesso, em soprar-lhes na alma espanto. O vento e suas desorientadas acrobacias invade o espaço vida, inventa um arrevesado sentido para a existência. Ao cabo da Brincadeira as crianças se sentem esgotadas e estranhamente revigoradas." (Rosane Preciosa)

Elisandro Rodrigues

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento