10.8.10

Siente como sopla el viento...

Caminhando pela Lambla de Montevideo observo uma frase pixada na marquise "siente como sopla el viento". Sinto aquele vento soprado do mar, e de alèm mar. Meus pensamentos traçam caminhos de vento e vao parar em outros lugares...Na noite caminhando pelas ruas vazias da cidade o vento sopra novamente trazendo de longe uma nèvoa e um frio. Caminho olhando as estrelas que teimam em brilhar no cèu. Me desfaço com o vento e deixo me levar para onde moram meus pensamentos.

"Outros embarcam numa intrigante experiência. rolam entorpecidos pelo tùnel como se estivessem expostos a um vento brincalhao que se diverte em lhes virar pelo avesso, em soprar-lhes na alma espanto. O vento e suas desorientadas acrobacias invade o espaço vida, inventa um arrevesado sentido para a existência. Ao cabo da Brincadeira as crianças se sentem esgotadas e estranhamente revigoradas." (Rosane Preciosa)

Elisandro Rodrigues

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento