29.6.09

Um Peh de Vento...

“Eu queria passear num campo florido hoje, me leva ao sonhar?

No sonhar que a gente se encontra, lá as flores deixam o perfume até o amanhecer”.

Ao deitar na cama, depois de uma semana intensa, ele relembra todos os momentos. Passa um Peh de Vento pela janela entreaberta. Uma semana atrás ela estava naquela mesma cama pela primeira vez. Pela primeira vez sentiu sua pele e seu corpo. Pela primeira vez sentiram-se um no abraço e no beijo. A vontade que ficou foi a de acordar do lado dela. A paixão, o tato, o cheiro, a sincronia de pensamentos e emoções caminhou junto com eles durante a semana, aquela vontade de se ver, de se beijar, de fazer amor...

Um Peh de Vento passa pelo palco antes do artista entrar e e cantar junto com o público que a poesia, o amor e a luta prevalecem acima de tudo - acordo os meus com muito mais cuidado,
muito mais atenção. Quem iria imaginar que eles estariam no palco, ele apenas à observava. Ela com seu sorriso meigo, seus olhos de ternura e beleza, seu rosto lindo. Não conseguia dizer nada, sentia-se completo e em paz, só observava ela. Com o microfone na mão disse um “oi” e um “tô com saudades” tímidos antes de ser interrompido pelo poeta/palhaço.

Um Peh de Vento bate no rosto da bailarina antes de executar a seqüência de passos. Enquanto a música encanta um Peh de Vento passa pelos atores no trapézio definindo a melodia e o abraço cuidadoso. No meio da multidão ele a abraça e lhe diz baixinho no ouvido palavras que apenas ela entende abraçando-a forte.

Muitas emoções e sensações revivem em seu corpo. Música, poesia, paixão, amor, arte e cultura os moveram naquela semana. Ele abraça forte o travesseiro. Sente o cheiro dela, adormece com leveza embalado por um Peh de Vento que entra pela janela entreaberta e por uma música que faz lembrar aqueles momentos.

Elisandro Rodrigues


23.6.09

Na noite mais longa do ano leveza.

Ainda sinto seu cheiro em minha cama. Cheiro que me encantou e embriagou-me junto com o amor dos seus beijos macios. Há dias me reviro na cama agarrado nos travesseiros tentando encontrar a presença daquela noite – seu abraço aconchegante. A noite mais longa do ano amanheceu rápida demais te levando embora. Permaneço leve mas é estranho sentir a ausência do seu cheiro, do seu abraço. Nessas noites sinto às vezes um pé gelado tocando o meu e o procuro para esquentar. Acordo-me com a sensação que estivestes comigo, sentindo-te sigo meus dias de trabalho entediado a espera de algumas palavras na tela do celular e de uma visita inesperada no meio da noite – minha alma pede 'te quero todo dia' na leveza do beijo e do abraço.

Elisandro Rodrigues


15.6.09

Pensamentos em reticências

É quase impossível descrever esse momento. Hoje é 12 de junho de 2009 – dia dos namorad@s – e eu estou perto dela “ouvindo com outros olhos” aquele show que encantava todas as pessoas. Ela não tirava os olhos do palco e eu não tirava os olhos dela. A chuvinha fina e o vento gelado podiam afastar as pessoas, mas meu coração estava quente ao lado dela. Aquele momento seria para Se lembrar de celebrar e muito mais. Experienciar um momento assim é algo magnífico. Não precisaria estar ao lado dela, ombro com ombro, corpo com corpo, se estivesse afastado sentiria a sua presença dentro de mim afagando e esquentando meu coração. Fico aqui de longe observando ela extasiada com o show.

Não tem como verbalizar, só vivenciar. Escrever um pretexto,Um prefácio e um refrão Ser essência muito mais. Acho que é isso, quem sabe eu escreva um Pretexto, um prefácio para ela. Quem sabe diga a ela que é menina dos meus olhos. Quem sabe eu a beije, quem sabe seja tempo de dar colo. Quem sabe desses olhares germine e se reinvente uma boniteza só nossa. Fico observando a curiosidade nos olhos dela. O vento gelado passa pelo meu rosto e pingos de chuva se confundem com minhas lágrimas. Quem sabe a solução não seja a solidão de nós.

Elisandro Rodrigues


Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento