É quase impossível descrever esse momento. Hoje é 12 de junho de 2009 – dia dos namorad@s – e eu estou perto dela “ouvindo com outros olhos” aquele show que encantava todas as pessoas. Ela não tirava os olhos do palco e eu não tirava os olhos dela. A chuvinha fina e o vento gelado podiam afastar as pessoas, mas meu coração estava quente ao lado dela. Aquele momento seria para Se lembrar de celebrar e muito mais. Experienciar um momento assim é algo magnífico. Não precisaria estar ao lado dela, ombro com ombro, corpo com corpo, se estivesse afastado sentiria a sua presença dentro de mim afagando e esquentando meu coração. Fico aqui de longe observando ela extasiada com o show.
Não tem como verbalizar, só vivenciar. Escrever um pretexto,Um prefácio e um refrão Ser essência muito mais. Acho que é isso, quem sabe eu escreva um Pretexto, um prefácio para ela. Quem sabe diga a ela que é menina dos meus olhos. Quem sabe eu a beije, quem sabe seja tempo de dar colo. Quem sabe desses olhares germine e se reinvente uma boniteza só nossa. Fico observando a curiosidade nos olhos dela. O vento gelado passa pelo meu rosto e pingos de chuva se confundem com minhas lágrimas. Quem sabe a solução não seja a solidão de nós.
Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:
O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.
Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.
[...]
1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.
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