29.8.06

Anjo dos olhos verdes

“A voz de um anjo sussurrou em meu ouvido, eu não duvido eu já escuto teus sinais...”

Tem um escritor, Neil Gaiman, no seu livro “Os filhos de Ananci”, fala que “...Coisas. Elas surgiam. É o que as coisas fazem, Elas surgem...” Com esta frase tento escrever sobre um anjo de olhos verdes. Olhos que falam, que contam histórias, que espalham ternura, que dizem que a vida deve ser vivenciada e desfrutada com extrema intensidade. E que faz surgir coisas...coisas boas.
Há muitas pessoas que tem uma visão e olhos perfeitos mas nada vêem, seus olhos, ao contrario, são instrumentos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo e com os olhos da outra pessoa. Nos seus olhos eu vi este prazer.
Seu abraço, traz afago, carinho, proteção, aconchego, nós da chamego. O tato acontece quando a pele e, portanto, o meu corpo, é tocado por algo de fora (ou por ele mesmo)...Nisso está a sua delicia ! Nisso está seu perigo. Seu toque é perigoso! Suas mãos que afagam, seu corpo que traz calor e proteção.
Este anjo de olhos verdes trago em meu corpo. Tem um filosofo que diz que o que não passa pelo corpo não trasforma, não traz mudanças. Deve ser por isso que me cativaste tanto, você passou e esta no meu corpo. Meu anjo me sussurrou para nunca esquece-la, mas como esquecer a experiência que vivenciamos, experiência que fez-se transcendência. Sabes, aquilo que a memória, o corpo, a boca, as mãos amaram, isso fica eterno.
Esta coisa que surgiu, quando nossos olhos se encontraram, não sei meu anjo o que és!Mas sei que és. Devo estar louco!Primeiro por querer um anjo, segundo este anjo ter olhos verdes, e que toca, beija, abraça, cheira. Terceiro por querer entender a lógica dos sentimentos e desta coisa. Os sentimentos a gente não traduz com palavras, a gente sente simplesmente.
Mesmo sabendo que meu corpo não te esquecerá, reforço minha memória com a sua fala e utiliza da poesia e da música para lembrar de você, para me alimentar mais de você, do seu jeito simples e encantadora de ser...anjo de olhos verdes...anjo simples de pureza e ternura...simplesmente anjo...
“Tudo bem quando termina bem
E os seus olhos (e os seus olhos)
Não estãorasos d’água
Mas eu sei que no coração
Ficaram muitas palavras
Um vocábulo interno de ilusão (e de paixão)
Tudo que viceja, também pode agonizar
E perder o seu brilho em poucas semanas
E não podemos evitar que a vida
Trabalhe com seu relógio invisível
Tirando o tempo de tudo o que é perecível
É impossível, é impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti
(...)
mas antes que eu me esqueça
antes que tudo se acabe
Eu preciso, eu preciso dizer a verdade
É impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti
É impossível esquecer o que vivi”
(Biquíni Cavadão – É impossível)

Anjos sempre estão presentes, mesmo não os vendo sabemos que estão ao nossa lado, você está ao meu lado para me abraçar e dentro de mim para amar...em meu corpo...e assim sempre o será...

Elisandro Rodrigues
Para não perder o brilho e para sempre lembrar que a distância mantém os corpos, os olho, as mãos longe, mas deixa as almas mais livre para voar e se encontrarem construindo assim o que quiserem...

28.8.06

Deusa do Sentir

Estava parado e pensando, no meio do barulho ao redor que o mundo produz, ainda perplexo com o que tinha acontecido me lembrei de um texto do Jorge Larrosa que diz o seguinte:
“A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça, ou toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o autonomismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar nos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço”.
Calado o pensamento veio trazendo imagens e associando a este texto, imagens da qual fazes parte, a primeira que saltou da memória e se abriu na minha frente foi a de uma platéia após vivenciar um momento de intervenção cênica fica calada com a força, a dureza, a ternura e o profetismo que os atores passaram ao encenar. Platéia calada, muda, perturbada, pensando e refletindo sobre o que foi dito e encenado, depois de um longo silêncio que a platéia percebeu que havia terminado a intervenção. Os gestos, as palavras, fazem pensar.
A segunda imagem que vem é a do pôr-do-sol e o silêncio que se segue quando ele esta caindo por detrás das árvores e da água. Silêncio que precede do dia dando lugar a noite, a luz dando lugar a escuridão. A magia requer penumbra e mistério, já lhe havia dito que havia me encantado, e neste momento acho que me encantaste mais com a magia e o mistério de um pôr-do-sol e do começo da noite.
A seguinte imagem é de nós caminhando em silêncio. Se calando e ouvindo um o silêncio do outro. Interrupção de comunicação, mas ligação de almas e de ser. E por fim a última imagem que me traz a mente com este texto é do beijo no meio da multidão. Beijo que desestabilizou, que fez sentir mais devagar, que fez-nós demorar nos detalhes. Que calou e fez pensar...
Deusa da fortaleza, bem disses suas ações e seus gestos. Mas considero-a Deusa do Pensar, pois é assim que fico após te ver, de falar com você. E também agora Deusa do Sentir, do fazer sentir-me nas nuvens, elevando a transcendência, coisa difícil no meio do barulho e de um mar de gente chegando e saindo.
Farei minhas oferendas a partir de hoje a estas Deusa que são uma só. Pedirei fortaleza, rogarei pela ternura de seus olhos, que desestabiliza e cala, pela boca que faz transcender e faz sentir afago, chamego e aconchego com seu abraço...

Elisandro Rodrigues

18.8.06


Irá Chegar o dia

“Sereia bonita descansa teus braços em mim
Não quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira e minha metade de volta”
(O Teatro Mágico – A Pedra mais alta)

Irá chegar um dia, em que você vai chegar, radiante, exuberante espalhando ternura e amor por todos os lados.
Irá chegar um dia que olharás em meus olhos com seus olhos cor de mel e dentro do seu olho dentro irei me ver e te ver juntos, abraçados e caminhando na mesma direção.
Irá chegar o dia em que te vendo me quebrarei em mil pedaços, mas você com sua calma irá me juntar e me colar cuidando de mim.
Neste dia, me sentirei o Ser-Humano mais Feliz do mundo, mas me pergunto quando este dia vai chegar?
Quando poderei olhar em seus olhos e beijar sua boca? Quando poderei sentir sua pele tocando a minha?
Quero este sonho visível, quero esta realidade acontecendo, mas por onde seguir, que trilhas andar para realizar isso?
Vou virar borboleta para ir até você. E brincar com seus cabelos.
Vou virar vento para arrepiar e tocar sua pele.
Vou virar flor para perfumar seus caminhos.
Vou ser anjo para lhe acompanhar lado a lado e não deixa-la se machucar ou se precipitar para o perigo.
Irá chegar o dia em que serei tudo isso e muito mais.
Irá chegar o dia em que serás para mim água para refrescar, aconchego para descansar, chamego para acalmar...
Mas, até este dia chegar e até eu virar e ser tudo isso para você,
Serei eu e você será você
Serei eu aqui longe de você, e você será assim exatamente como és longe de mim.
E com certeza e convicção diremos em nossos lugares: Chegará mais cedo ou mais tarde o dia em que descansaremos nossos olhos um no ombro do outro e sossegaremos nossas bocas com o gosto do mel de nossas bocas....


Elisandro Rodrigues
Agosto de 2006
Tentando fazer poesia, e apaixonado pela maresia e brisa...
Texto escrito por encomenda, hehe, para o aniversário de uma amiga muito especial...

Sem muita frescura, mas com todo o carinho e ternura....

Exatamente assim

Como escrever sobre algo que não se sabe? Como escrever sobre o mistério? Só escrevemos sobre o que sabemos, até podemos escrever sobre o que não se sabe, mas esta escrita será vazia de conhecimentos e de argumentos. Palavras jogadas ao acaso em uma folha de papel não significam nada para quem vai ler, as palavras jogadas só fazem sentido quando o que esta sendo escrito faz sentido para quem esta lendo. O escritor pode dar um sentido ao que está escrevendo, e o leitor pode dar outro sentido....nossa vida é feita de relações e sentido, significados que damos as coisas.
O que escrever ou falar então de uma pessoa que não conhecemos, que não sabemos o que esta pessoa pensa ou faz da vida. Podemos arriscar, a vida também é feita de riscos e rabiscos. Arrisco aqui a falar de você, a escrever para você.
Poderia dizer muita coisa de você ou para você, mas o que dizer se dizes tu ser exatamente assim, sendo exatamente assim como saberei como és? Será que sabem as pessoas ao teu redor? Dizes que é assim, e o és de propósito. Podemos imaginar teu jeito de ser, podemos sonhar, até mesmo nos alucinar com teu jeito de ser. Se imaginarmos suas unhas vermelhas passando e raspando em meu braço, poderia enlouquecer sonhando com sua boca sussurrando qualquer palavra em meu ouvido, ou endoidecer de vez simplesmente com o olhar dentro do teu olho dentro.
Mas não sei se me arriscaria a chegar perto de você, preferiria ficar ao longe admirando a ternura e a beleza, até por que, se chegar perto poderei me queimar, ou poderias entrar em erupção e me deixar coberto de lava, lava de beleza e sensualidade, escondidos por trás de sua ternura e seu jeito de ser. A beleza é um mistério, assim como a vida. E a magia requer penumbra e mistério. Por isso deves gostar tanto da noite, pois é na noite que a magia fica mais forte, é na noite que sua beleza e o seu ser deslumbram. Sendo assim, gostaria de ser uma coruja, só para ver este seu mistério, e tentar descobrir esse exatamente que és.
Sendo coruja poderia voar e não me queimar com a lava do vulcão, me aqueceria, e isso seria bom, pois me animaria mais a te olhar. Contemplaria o entardecer perto de você, veria o dia se transformando em noite, eu veria mais a partir do entardecer, e junto com você olharia a lua cheia e a magia que ela tem nas pessoas, a beleza que és a noite em lua cheia, mas me impressionaria em perceber que estava mais encantado com a sua beleza e os raios de luz que seus rosto transmite do que com a lua em sua perfeição.
Sendo coruja seria um companheiro para a noite onde se transformaria em um bicho da noite e sairia comigo a olhar as festas e as procissões, os choros e a alegrias que estão escondidos no escuro da noite. Gritaríamos nas ruas palavras de liberdade e de vida, de luta e revolução. Profetizaríamos dos espaços escuros da noite de lua cheia uma vida nova para as pessoas, com direitos e longe da opressão. Cantaríamos a liberdade ao amanhecer.
Já na manhã teria a certeza de que queria ser seu companheiro e mesmo indo para o inferno saberias que as vezes daria um pulo lá para saudar as companhias, quando se enjoasse do clima agradável do céu. Até por que és um ser assim assim, que não se cansa e que sempre esta nas primeiras filas das marchas.
Quem sabe assim conseguiria dizer que és exatamente assim, é não és de propósito, és por que és, és pois este é teu jeito sonhador e revolucionário de viver. Me sentiria feliz e alegre, pois serias o que tinha pensado e o que tinham me comentado, voltaria para minha terra, para meu lugar contente de saber que não és um ser qualquer perdido no mundo, és um Ser Único, que espalha ternura e beleza por onde passa, que cria nos corações das pessoas sonhos e utopias, que alimenta a vontade do povo de querer se organizar e lutar por uma vida digna.
Assim és, um mistério ainda...mas um mistério que gera vida, alegria e felicidades aos que estão ao seu lado, e longe de você....
São palavras sem sentido o que escrevi, peço que dês o sentido....sentido da vida e da utopia, da loucura e do profetismo.

Elisandro Rodrigues
Agosto de 2006
Para o aniversário da pessoa que se diz ser exatamente assim, e de propósito....

11.8.06

Sobre criar sentimentos

P.S: Mais uma conversa com Ruah e um pouco da história dele. Sobre como as pessoas criam sentimentos e o medo existente em deixar-se cativar...
Sobre os sinos e o mar de Neruda e sobre o cativar da raposa...

Engraçado, Ruah (meu amigo musaranho) sempre vem conversar comigo em noites de lua cheia, não sei se é mais inspiradora estas noites. Hoje foi um desses dias, Ele veio se aproximando e querendo conversar, ficamos jogando papo fora e num desses papos Ruah me contou a seguinte história, sobre a vida dele e um de seus amores.
“Sabe, tive um amor uma vez que foi diferente e estranho. Ela era linda, encantadora, tinha uma magia muito forte que fazia qualquer um ficar de queixo caído quando a via. Mas eu a vi poucas vezes, a conhecia de longe, nem me lembro se chegamos a trocar muitas palavras antes da primeira conversa. Nesta primeira conversa fui logo abrindo meu coração e dizendo o que eu sentia por ela. Ela no seu jeito simples e tenro de ser me disse o seguinte: ‘Como posso querer-te e gostar de você se ainda não criei sentimentos por ti’.
Com esta frase ela me acabou, fiquei pensando em que disser, mas anda vinha a minha cabeça. Este foi o meu amor, gostei dela por muito tempo, mas não consegui achar uma maneira dela criar sentimentos por mim. Mas hoje estava pensando no que ela falou. Criar sentimentos. O que é criar sentimentos?
No livro do Saint Exupéry “O Pequeno Príncipe”, ele tenta explicar o criar sentimentos através do dialogo do Pequeno Príncipe e a Raposa. O menino estava em busca de amigos, mas a raposa disse que isso era um processo, de criar laços, mas que a muito estava esquecida. O dialogo é mais ou menos assim: ‘Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas’.”
Ruah parou um pouco e ficou a pensar, depois continuou. “É a raposa estava certa, hoje as pessoas esqueceram o que é o cativar, o que é criar sentimentos, e o processo que se deve ter para isso. Será que hoje estamos dispostos a nos deixar cativar? Eu tive muito medo de deixar-me cativar e não soube cativar as pessoas por muito tempo. Mas quando parei para pensar o por que disso vi que temos medo da ilusão, do engano, do sofrimento que o deixar-se cativar e deixar-se criar sentimentos trazem. Não nós permitimos sentir, não nós deixamos sentir. Esta ai o erro. Como queremos cativar e criar sentimentos se não nós permitimos isso? É complicado...mas também é simples...é só nos permitirmos...”
Dito isso Ruah se retirou e me deixou sozinho contemplando a Lua. Peguei um livro que estava perto de mim, e nele estavam marcados duas paginas, li o que estava escrito e percebi o por que das idéias de Ruah, as vezes palavras, frases, musicas nos fazem lembrar de coisas passadas. As passagens são de um livro do Pablo Neruda “últimos poemas – o Mar e os Sinos”. As passagens dizem isso: “Se cada dia cai dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. Há que sentar-se na beira do poço da sombra e pescar luz caída com paciência.”
O criar sentimentos dever ser isso, sentar-se na beira do poço e pescar luz com paciência. Só assim, quem sabe, perdemos o medo de deixar-nos...de permitir-nos sentir de verdade a profundidade das relações.
Ta ficando tarde, parece que a noite vai chorar, as nuvens começam a tapar a lua e se aprontar para chorar por não se permitir a sentir. Sinto a lua mais uma vez, sinto o vento de noite de chuva, e vou para a cama dormir, recitando mais um poema do Neruda.
“Quero saber se você vem comigo a não andar e não falar, quero saber se ao fim alcançaremos a incomunicação; por fim ir com alguém a ver o ar puro, a luz listrada do mar de cada dia ou um objeto terrestre e não ter nada que tocar, por fim, não introduzir mercadorias como o faziam os colonizadores trocando baralhinhos por silêncio. De acordo, eu te dou o meu com uma condição:não nos compreender.”

Elisandro Rodrigues
Agosto de 2006
Faz um friozinho e cai uma chuva fina, um bom dia para deixar-se criar sentimentos....

9.8.06

Esta música me lembra de olhares e de sorrisos...


As Coisas mais lindas - Cassia Eller

Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem - vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi
Está em cima com o céu e o luar
Hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
E séculos, milênios que vão passar
Água- marinha põe estrelas no mar
Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
E penínsulas e oceanos que não vão secar
E as coisas lindas são mais lindas
Quando você está
Hoje você está
Onde você está
As coisas são mais lindas
Por que você está
Onde você está
Hoje você está
Nas coisas tão mais lindas
Em meio as coisas do mundo

Em meio a palavras como: revolução, Socialismo, anarquismo, Comunismo, Construção, Igualdade. Em meio a imagens que mostram a violência, a ternura, a força e a luta. Nada disso permaneceu. Nem palavras, nem imagens. A única coisa que permanece é seu sorriso. Fixou-se a imagem dele em minha mente. Não existe em minhas recordações outra imagem mais bela do que o seu simples sorriso.
A idéia sua ficará e permanecerá. Poeta me tornarei, pois com a beleza e o brilho que tens criarei poesias e canções e encantarei a todas e todos pelos caminhos. Profeta serei a profetizar uma nova terra onde todos sejam iguais, onde a liberdade e a vida em abundância prevaleçam. Louco....
Louco sou de me encantar e apaixonar por um sorriso...louco sou de em vez de me encantar com a beleza da lua cheia, me encantei com seu sorriso...sou louco a ponto de gritar as palavras de Ítalo Rovere para todo o mundo me escutar:
“Tudo isso foi no escuro da noite
Para que refletores?
Vamos fazer nossa própria luz...

Teu calor
Teu Jeito
Concentrado
Disfarçado
Chamou-me a Atenção

Fui embora
e nem te disse
que fui embora
eu fui embora
Por quê?
Não sei!

Não quero pensar que fui embora
Prefiro pensar em te encontrar nova(mente)
Ler-te
Falar contigo
Como se tu
Me conhecesses
De antes
De beijar minha boca
E ao meu ouvido tivesse dito
O Meu olhar viu o Teu
Eu te vi
Tu me vistes
Tu me fazes ver
Tu és o amor
ADEUS – A eus – As – Eu – Deus – A Deus

Estou partindo em mil pedaços
Por que não sei quem tu és
Eu te via
Tu me vias?
Eu não sei
Senti-me visto por ti

Coloquei a mascara da minha nudez
estava com os pés em cima do risco
Tu és a Pureza
Tu és a Beleza
M
A
G
I
A
Teu tato vai ficar gravado
Feito grámatica
Sei lá
Foi só um
Relâmpago
Em uma noite
Perdida no tempo
No meio da multidão
absorvida pelo barulho
das vozes e dos sons

Subi no céu sozinho
Por que não vens até aqui
No meu coração?
Eu te sinto

O teu tato é amarelo
assim como o sol
Se for falar do teu brilho
então nem pensar
por que não teria fim
TE vendo
Não há por que saber teu nome
É teu olhar que olha para o meu?
No meu coração tua existencia faz-me feliz
mesmo sem falares comigo
e sem saberes meu nome
vou continuar a ver-te
Como foi bom ver-te tão leve
Pensei que fosses me levar...

Qual é a tua cor?
Quero saber de ti...

Tua face estava Lavada
tinha brilho
a tua pele
Reluzia
Luzia
Luz
ia
para onde ias?

Eu não te via
Eu te procurando
Vagava no teu mistério
TE vi
TE vi
TE vi

Esqueci de Mim
Ali
Ali
Ali

Te vi te
Vi te vi

Tu estás onde não te esqueci
Não quero te esquecer
Vou te guardar.”

Elisandro Rodrigues
Agosto de 2006- Teatros, Filmes e Rodoviária até que são inspiradoras, mas não ganham de você.

7.8.06

Ajudando os amigos, e já dizendo que é muito boa esta cachaça, já provei muitas.





CACHAÇA BIDESTILADA FLAVORIZADA CHICA
Cachaça de alambique curtida com frutas:
gengibre, figo, caroço de ameixa, maçãnela e ouro(6 anos).
Peça já as suas!
Melhor viver com Chica do que com tédio!

Butecanha Empreendimento de Economia Solidária

contatos: 92875319(c/fabricio) ou 84015860(c/guilherme)
ou
ungaretticoutinho@yahoo.com.br
guilhermecarlin@yahoo.com.br
butecanha@yahoo.com.br
Deixem-me olhar

“Deixem-me viver
Deixem-me falar
Deixem-me crescer
Deixem-me organizar...
Amores vão de novo florescer...
O povo organizado vai vencer.”
(Letra e música de Pe. Enoque Oliveira)

Deixem-me viver...
Na agitação e correria da vida não damos atenção ao que nos cerca. Não damos atenção a arte e a cultura, cultura que é a nossa vida e a transforma. Não percebemos a simplicidade dos fatos, dos encontros e dos desencontros. Da cultura que é intrínseca a nossa alma, pois somos seres sempre em construção, e o que construímos é cultura.
Quando vivemos nossa vida com cultura, com arte ela se transforma, se mostra diferente, percebemos o mundo com outros olhos. Muitas vezes estes olhos encontros outros. Os encontros de olhos no meio da multidão levam nos a pensar muitas coisas, imaginar muitas coisas. A pensar na dinâmica da vida e das relações, em como seria ou não seria estar com aqueles outros olhos.
Deixem-me falar...
Muitas relações se dão por meios virtuais, outras tantas se dão simplesmente no estar junto com as pessoas, existem diferentes formas de se relacionar com alguém, tanto mais afetivamente chegando a gerar um amor, ou uma afetividade que cria uma amizade muito grande. O grande relacionamento, esta neste pequeno, que muitas vezes não se nota, esta nos olhos.
Olhos que quando se encontram brilham e contam histórias. Ao se encontrar os olhos olham dentro do olho dentro e ficam se enamorando, muitas vezes os donos e donas desses olhos não percebem este momento, mas ele existe. Nós não deixamos que os momentos aconteçam, que surjam, que cresçam. O medo, a preocupação, ou sei lá o que faz com que estes momentos fiquem só nos “pensamentos’ dos nossos olhos.
Por que não deixar que os olhos falem e que a boca se cale. A comunhão perfeita se dá no silêncio dos olhares, na fala que se estabelece, no grito, no beijo que os olhos dão.
Deixem-me crescer...deixem-me organizar...
Se não regamos uma flor, uma arvore, uma planta, ela não cresce. Se não regamos a cultura com cultura, a vida com vida, o amor com amor, o olhar com outros olhares nada cresce. Nada de organiza. Como somos seres de cultura somos seres que criam e recriam toda a hora, perceber estes momentos, e criar com eles é o que nos faz crescer. Quando um olho olha o outro temos que regar este olhar com ternura, para que os olhos permaneçam um pouco mais a se mirar.
Amores vão de novo florescer...
Com tudo isso que sabe se os amores não vão de novo florescer, e nossa vida se alegrar...

Elisandro Rodrigues
Agosto de 2006
“É muito gostoso esse nosso aconchego este nosso chamego, essa nossa alegria de ser feliz.”

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento