30.5.08

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Recordações do passado. Frio pela mãnha. Café passado. Isso me lembra a adolêscencia no interior, quando tinha que acordar de madrugada para ir á aula.
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Elisandro
Madrugando

29.5.08

O que você diria se encontrasse uma pessoa no meio da rua, embaixo da chuva cantarolando e assobiando alto para todos e todas escutarem? Ah, e isso tudo à noite. Acredito que pensaste que esta pessoa é um louco a caminhar sem rumo, ou um bebado. Pois é, louco acho que pode ser, mas louco por uns olhos azuis e uma voz doce. Bebado de paixão quem sabe.
Inspirado nesta loucura que embriaaga trago algumas palavras de Rubem Alves que traduzem meus sentimentos.
"Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito...A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas." (A arte de ouvir - Quarto de Badulaques)
"Resta ...essa intimidade perfeita com o sliêncio...Resta esse sentido de infância subitamente desentranhado...Resta essa vontade de chorar diante da beleza...Resta essa comunhão com os sons...Resta essa súbita alegria ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória..." (Escutar os sons do mundo - Educação dos Sentidos)
Elisandro Rodrigues
apaixonando-se...

26.5.08

Foto Beatriz Rodrigues


Quando eu era criança, não entendia por quê às vezes não tinhamos o que comer. Não entendia a falta de dinheiro para comprar comida, e o porque comer feijão com laranja, inventando um prato para saciar a fome. Não entendia as brigas e a dificuldade que minha mãe e minha família tinham. Era criança, a inocência ainda se fazia presente, o brincar era mais importante do que o preocupar-se com perguntas que ainda não me faziam sentido.

Os primeiros questionamentos vieram para tentar compreender o amor, santa inocência a de criança, tentar compeender o amor. Mais alguns anos depois voltou a dificuldade financeira, e o trabalho a solução para arumar dinheiro. Vender picole. Pouco dinheiro mas a compreenção da necessidade de trabalhar. Mas ainda não compreendia por que trabalahr e ganhar pouco dinheiro e viver na pobreza quando via pessoas com belas casas, belos carros, belas roupas.

O entendimento do mundo veio bem mais tarde quando entrei no seminário e as perguntas começaram a fazer sentido quando descobri que existe dois mundos, e as vezes mais, os oprimidos e os opressores. Os que detem os meios de produção e quem trabalha nele.

Mas depois de tanto tempo, desde as primeiras necessidades e questionamentos, continuo ainda sem entender. Por que vivemos sempre sem dinheiro no bolso? Por que não ganhamos nem para sobreviver? Por vivemos sempre na miséria? Por ser artista? Por pensar nos outros? Ou por não entender mesmo como funciona este mundo.

Continuo com minha santa inocência sem compreender bustica de nada, so entendendo que viver sem grana é foda. Eita mundo cão.


"Eu não sei na verdade quem eu sou,

Já tentei calcular o meu valor,

E sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou...

Por que a gente é desse jeito

criando conceito pra tudo que restou?"


Elisandro Rodrigues

Tentando calcular o meu valor para pagar as contas atrasadas...

22.5.08

Sonhando com borboletas
Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...
Dizer que me apaixono todo dia, isso sim poderia gritar a todos os cantos. Mas estas paixões acontecem sempre por alguém distante, alguém impossível de se ter, pelo menos para um simples abraço. Quando achamos alguém para compartilhar sonhos sempre é alguém distante da carícia da mão. Tem gente que nem sabe o que é isso: compartilhar, sonhos e carícias.
Eu acredito que é possível achar pessoas assim, e por que acredito essas pessoas existem, mas existem longe, longe dos passos. O mundo é complicado, as pessoas são complicadas, por mim juntava todos e tudo numa coisa só. Separava a dor da alegria... “Separô! Toda a minha correria! Separô diante de mim quando a tristeza era parte do dia. Sepraô diante minha palavra e se fez poesia. Separô pra pensar no que a gente faria, se não houvesse a poesia...”
Juntava tudo e todos, juntava o tempo fazendo dele um vôo invisível, fazendo um circo com as horas para brincar e se divertir. Dos sonhos faria flores para enfeitar os cabelos das pessoas, e ficar mais perto do coração, das carícias faria o vento para tocar os rostos e dar mais prazer à vida.
Isso me lembra de uma passagem, quando uma Raposa fala a um Jovem Monge depois de ter salvo a vida dele e estar perdida no mundo dos sonhos (no livro Caçadores de Sonhos – Sandman, de Neil Gaiman e Yoshitaka Amano): “ ‘Tive muito medo, pois estava perdida nesta caixa e não conseguia encontrar o caminho de volta. Eu perdi o caminho que me levaria de volta ao meu corpo. Fiquei triste e apavorada, mas também orgulhosa, pois havia salvo a sua vida.’ ‘Por que fez isso por mim?’, perguntou o monge, embora ele já soubesse que compreendia as razões dela. O espírito da raposa sorriu. ‘Por que você me procurou?’, ela perguntou. ‘Por que veio até aqui?’. ‘Porque eu me importo com você’ ele disse. ”
Me sinto feliz novamente, por saber que pelo menos no mundo dos sonhos posso encontrar pessoas que se importam, que abraçam, que compartilham e que vivem sonhos juntos. “Sonho parece verdade, quando a gente esquece de acordar...”
Elisandro Rodrigues
Para uma menina que seu nome significa “borboleta” e que voa, que voa nos finais de tarde para me encontrar.

Somos atores em um ato sem aplausos.
Parece que não sabemos quem somos. Ficamos perdidos no meio das luzes que nos cegam, no meio de tantos personagens que fingimos encenar para nos esconder de nós mesmos. Escrevemos cartas para nós disfarçando a solidão e a tristeza ou para tentar nos acharmos. Em vão preenchemos folhas e folhas.

Ainda assim, sempre que pensamos estar sendo como queríamos ser, como desejamos ser, vem a lembrança de estar fazendo algo errado. E o que é isso? Nada mais, nada menos que a certeza de que estamos sendo não quem pensamos ser e sim, a pessoa que os outros querem que a gente seja.

Quando vamos dar um grito de liberdade, quando vamos soltar o verbo, mandar tudo para o alto. Na verdade quando vamos sair de nós mesmos para ser quem queremos ser. Há de chegar o dia em que a liberdade vai bater asas e voar. Enquanto este amanhecer não chega vamos encenando nossas próprias vidas.

E por hoje .......por hoje continuamos sendo quem não somos.

Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
criando conceito pra tudo que restou?



Elisandro Rodrigues
Ricardo Amaral
Foto de Beatriz Rodrigues
... tentando ser elas mesmas....

19.5.08

Ninguém sabe porque


Existe alguma razão para vivermos a sonhar? Existe alguma razão para vivermos a lutar? Sobra tanta falta de algumas coisas em nossas vidas. Sobra tanta falta de amor, de paciência. Sobra tanta falta de uma pessoa para nos encostarmos e deixar o tempo parar ao lado desta pessoa. O porquê de não termos uma vida como queremos é a duvida, o mistério.
Deve ser por que não somos bons o suficiente para levar a vida que sempre quisemos ter? Ou não a merecemos? Por quê tanta miséria? Por quê tanta fome no mundo? Por quê tantas pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza? Por quê o dinheiro está concentrado nas mãos de poucas pessoas?
Perguntas que, na maioria das vezes sabemos as respostas, mas não fazemos nada. Por quê?
“Por quê o céu é azul” pergunta a criança. Por que é ... azul...por que Deus fez assim....é a causa das substancias que existem na atmosfera...por que........
“Por quê sofro tanto” pergunta o desempregado a sua esposa.
“Por quê tenho que fazer isso” pergunta o filho a mãe.
“Por quê temos que ir por este caminho e não pelo outro” pergunta o andarilho.
“Por quê nos apaixonamos por pessoas que não devíamos nos apaixonar” pergunto eu para ver se acalmo o vazio no meu peito...
“Por que fazemos estas perguntas se sabemos que mesmo que encontremos as respostas de nada vai adiantar?” respondo a mim mesmo recordando a fala de um texto. Na verdade Ninguém sabe porque!


Elisandro Rodrigues

Se perguntando vários porquês...

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento