Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:
O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.
Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.
[...]
1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.
Um comentário:
" Eu quiz querer o que o vento não leva.
Pra que o vento só levasse o que eu não kero...
Eu quiz amar o que o tempo não muda,
Pra que quem eu amo não mudasse nunca,
Eu quiz prever o futuro, consertar o passado,
calculando os riscos, bem devagar, ponderado...
Perfeitamente Equilibrado!"
Apaixonar-se é estar 'perfeitamente equilibrado'!
Continue...
Bjo =)
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