28.12.11

Pormenores

Nos pormenores que se inscrevem em mim nos últimos dias a imagem fo[car]tografada e seus devires [in]ventam outros olhares.

19.11.11

::A Fo[car]tografia e os Pormenores das Artes da Vida::

Nesse emaranhado cartográfico fiquei pensando por que janelas olhar esses fragmentos do vivido e experienciado através de fotos [cartografia fotográfica], fico me perguntando: o que são esses fragmentos que vivemos [vividos]?D[o] que eles dizem, de que subjetividade estamos falando, de que processos, o que [não] é capturado pelo olho? O que [não] olhamos?

Capturando uma palavraimagemfotografada de Barthes [da Câmara Clara, 2009] esses processos, essas imagens em fragmentos seriam um #pormenor. Esse conceito molhou meu corpo, me coloriu, me afetou [talvez o #punctum Barthiano].

Nesse espaço habitualmente unário, por vezes (mas, infelizmente, raras vezes) um <<pormenor>> chama-me a atenção. Sinto que a sua presença por si só modifica a minha leitura, que é uma nova foto que contemplo, marcada, aos meus olhos, por um valor superior. Este <<pormenor>> é o punctum (aquilo que me fere)....Do ponto de vista da realidade (…) toda uma causalidade explica a presença do <<pormenor>> (…) o pormenor é dado por acaso e mais nada...” [Barthes, pg, 51]

Esses #pormenor[es] dados por acaso, que ferem nossa atenção, machucam nossos olhos, nossos corpos são o que nos impulsionam a clicar [disparar] fotos apenas pensadas [apenas imaginadas]. Ficamos com essas imagens em nossas mentes [in]visível, nos mo[v]im[enta] para o cotidiano de nossas vidas.

As imagens se comunicam com nossos corpos “tudo o que podemos dizer é que o objecto fala, induz, vagamente, a pensar” [Barthes, pg 47]nos atinge com seu #pormenor, nos fere. Grita em silêncio dentro de nossos olhos [na invisibilidade das cores], provoca estreme[nas]cimentos, “o que eu vejo é o pormenor descentrado” [Barthes, pg 60]. Nas correrias do cotidiano olhamos sem ver. Não deixamos as imagens entrar, não deixamos as imagens pensadas [imaginadas] saírem.

Barthes fala que devemos “nada fazer, fechar os olhos, deixar que o pormenor suba sozinho à consciência afectiva”[Barthes, pg 64], dar tempo a essa #pormenor é deixar o “olhar tátil” de Bavcar [Memória do Brasil, 2003] nos guiar, ser também uma câmara escura, fazer as imagens pensadas palavras, “olhar com nossos próprios olhos, por mais frágeis que sejam”[Bavcar, pg 140].

Abrindo-me para meus próprios olhos [tentando enxergar com o corpo, fechando os olhos] um #pormenor “entrepalavras” [Bavcar, pg 120] emergiu de um poeta [Manoel de Barros] e fo[car]tografou que “Imagens são palavras que nos faltaram./Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem./Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser./Acho que o nome empobreceu a imagem” [do poema Uma didática da invenção, e, O guardador de águas].

Nesses mo[v]im[ento]s de pensar o que [não] olhamos, e de que forma [não] olhamos, esse poeta brincou com a palavra e a imagem. Bavcar fala que as vozes fazem ressuscitar as imagens, e que as vezes “as palavras se vão como os instantes que elas enfeitaram.” [pg 130],mas creio que as imagens enfeitadas permanecem guardadas e saltam ao nosso corpo [olhar tátil] com os #pormenores nos encontros cotidianos.  

Abrir. Fechar. Capturar. Disparar. Palavra. Imagem. Estar aberto ao #pormenor é o que convoca a essas experimentações fo[car]tográficas, e para o dia 03/12 que tal experienciarmos o brincar de palavras e imagens de Manoel de Barros com as poesias do livro Ensaios Fotográficos*? Na espera de vocês para fechar os olhos, enfeitar as vozes e palavras, deixar o #pormenor surgir e quem sabe fotografar o silêncio.
*Podemos achar as poesias desse livro na internet, ficamos apenas com a primeira parte “ensaios fotográficos”, os nomes do poemas são: O Fotógrafo/Gorjeios/ O Roceiro/Línguas/O Aferidor/Comparamento/Despalavra/Ninguém/O vento/Miró/Ruína/Bola sete/ Rabelais/O Punhal/O Casamento.

Elisandro Rodrigues


:::Evgen Bavcar:::
Portrait with hands

1.10.11

29.8.11

Hospício é Deus


"...Estou no hospício, Deus. E hospício é este branco sem fim, onde nos arrancam o coração a cada instante, trazem-no de volta e o recebemos: tremulo, exangue - e sempre outro. Hospício são flores que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro - como o que não se pode ainda compreender. São mãos lentas levantando-nos para não sei onde - paradas bruscas, corpos sacudidos se elevando incomensuráveis: Hospício é não se sabe o que, porque Hospício é Deus". Maura Lopes Cançado - Hospício é Deus.

9.8.11

6.8.11

C[fl]or

Qual a cor do vento?

Para mim é azul[multicolorido].

Elisandro Rodrigues

Exercício #7 - Rasura

Exercício #7

Rascunho - os brownies
homenzinhos – cor parda
escócia – fazem tarefas
Contos de Grimm
Oficio literário -seus brownies
Sonho - tarefas fantásticas – contos

Rasura
No Reino do Sonhar onde a imaginação corre solta muitos contos surgem do nada. Não sei se eles são acompanhados do pó [areia] do Mestre desse reino [Sandman] que nos faz cair no mais denso sono e nos conduz por seus reinos.
Em uma dessas explorações no magnifico e fantástico Reino do Sonhar [recordo eu desse sonho pois o anotei assim que acordei – ou acordei anotado] caminhava por um lugar onde os maiores literais [os grande escritores] iam para colher suas ideias, vi por ali: Borges, Poe, Louis Stevenson, os irmãos Grimm, Neil Gaiman, Julio Verne, Homero, Shakespeare, Kafka, Eliot, Manoel de Barros, Clarice Lispector, Kerouac, Italo Calvino […] centena deles ali caminhando com um bloquinho de papel, um lápis e um homenzinho de cor parda.
Olhei para aquele monte de homenzinhos de cor parda que conduziam os literais e fiquei imaginando o que seriam eles. Quando ia me aproximar de Sartre e Saramago, que caminhavam um ao lado do outro, um dos homenzinhos me puxou pela manga e me disse em palavras que se transformaram em negrito: Seu lugar ainda não é aqui. E me puxando com uma força que parecia que não tinha me tirou daquele lugar, ao atravessar a porta me acordei.
Volta e meia esse sonho me volta e fico pensando no que ele quer dizer, ainda não descobri, mas quem sabe um dia desses eu volte ao mesmo lugar no Reino do Sonhar e me depare com os literais e os homenzinhos de cor parda, se dessa vez eles me permitirem ficar um tempinho a mais, ao acordar conto para vocês.

[Texto produzido na oficina de Literatura Potencial - Transcrições no Cotidiano]

Elisandro Rodrigues

4.8.11

Documentário Causos



Elisandro

Documentário Quatro Reais








Elisandro Rodrigues

1.8.11

mo[v]im[ento]

27.6.11

sons do vento


Meu olhos fogem com o tempo e seguem as fumaças das chaminés. A escrita que o vento traça em meu corpo traz a doce lembrança de invernos idos, a nostalgia de um tempo passado e riscado na alma como esse prédios que se erguem ao encontro das nuvens.

Na paisagem que se sobressai sobre a cidade cartazes fixados sobre os prédios profetizam anúncios luminosos tornando o invisível visível. Sinto no ar uma mistura nebulosa de potência e fragilidade [olho com o canto dos olhos para ela que continua imóvel ao meu lado] junto com o aroma doce dos ja[rdins]smins da rua.

O cachecol enrolado em meu pescoço dança brincando com o vento alcançando o corpo dela [seus olhos se perdem -assim como os meus na cidade de pedra]. Nada será como antes, penso eu. Assim como a cidade nunca é ela mesma ao anoitecer. Faço menção em virar-me e ir embora, uma palavra escapa dos lábios dela levadas pelo vento ao meu ouvido: [te amo].

Elisandro Rodrigues

[produzido na oficina de literatura potencial - curso de extensão transcrições no cotidiano]

árvore que venta

Nos Brotos de uma árvore, Linhas dançam no silêncio.


Elisandro Rodrigues

20.6.11

Pequeno [In]vent[ári]o – pés descalços e autonomia


Sábado, dia 03/06, manhã fria de outonoquaseinverno em um local frio [que entra no corpo pela umidade e pelos olhos pela dorviolênciaopressão] vejo pés descalços pisando o chão coberto por pisadas antigas, frágeis e delicadas. Na minha frente a discussão sobre sobre a política de desinstitucionalização, pessoas visíveis que tornam os pés invisíveis. As anotações que faço no caderninho preto são: Eles estão de pés descalços para se sustentarem no mundo? Me distraio com outra anotação: Corpos que correm dentro de si no sol frio de outonoinverno. Anoto novamente: Se está frio aqui dentro, imagine todos os dias durante todo o tempo que se torna séculos para eles. Me pergunto em meio a falas: Como tornar visível o invisível? Será que na invisibilidade se sente frio? Uma fala se sobressai dita pelo italiano que nos visita 'as pessoas precisam não estar de pés descalços. Para elas ninguém vai dar sapatos ou vender. Coisas belas não podem ser dadas aos loucos pobres'. Meus pensamentos fogem longe, se escondem, chovem. Passarinha me passa um poema de Mario Quintana nesse momento [pequeno inventário]:


Os cabelos encaracolados das chamas
Os lisos cabelos do vento
O cabelo rente da grama
Os grandes pés ausentes dos deuses de pedra
Os pés volantes do medo
Os pés ridiculamente em enquadro dos assassinados.
Os meus dedos em leque onde se incrustam as estrelas
Os meus dedos em grade
Os meus dedos em grade
Os meus dedos em grade, ah, que eu não
consigo atravessar!


Volto ao tempo presente quando ouço uma das últimas falas do encontro 'É tempo de sonhar'. Olho para os pés no chão, os pés descalços e vou em direção a eles.” [texto escrito sobre o IIº Seminário/Oficina Internacional Loucos pela Vida – 20 anos de construção coletiva no dia 04/06]

Elisandro Rodrigues

11.6.11

Dia dos Na[mora]dos

Que no dia dos namorados sejamos Presen[ça]tes para nossos am[c]ores.



Elisandro Rodrigues

8.5.11

Indo e Vindo



"É sempre bom lembrar, que um copo vazio, está sempre de ar..."

Nas indas e vindas do mês que não passa a saudade no olhar e a presa no passo.

9.3.11

Brincando com o tempo

O fluxo que nasce entre os nossos corpos hoje tem um nome: saudade. A saudade dos corpos juntos. A saudade que pode ser resolvida atravessando uma rua, pegando um ônibus, na ligação ou na mensagem no celular. A saudade aumenta com o tamanho da distância. Nessa lonjura toda a saudade encharcou todo meu corpo e não tem lugar para jorrar. Me faço então esponja para poder absorver toda hora essa saudade que se derrama do meu encharcamento diário.

Para diminuir a vontade de você nos meus braços fiz amizade com o tempo. Assim como o menino de cabelos loiros que cativou a raposa, cativei-me no tempo, e o tempo me cativou. Na espera dos segundos a brincadeira. Na brincadeira um voo que lança a horas, na entrega ao tempo os minutos e dias diminuem aproximando seu corpo e seus lábios dos meus.

No cheiro da chuva que molha a cidade a vontade de compartilhar a noite e o sono ao seu lado. Os ventos que brincam de rodopiar roupas encantam os olhos e perfumam o tempo da brincadeira chamada espera. Nos olhos do coração a poesia que nasce do chão e se esparrama num corpo encarnado fazendo a memoria corporal se ativar: seu tato no meu corpo, seu desejo no meu, o tempo da dança do silêncio – [nas pernas do silêncio dançamos].

Com o tempo brinco, na espera pela brincadeira [com]partilhada com você [voo um pouco mais ao seu encontro].

As flores na mesa nascem todo o dia criando jardins a sua espera...

Elisandro Rodrigues

24.2.11

[...] shared - do azul e do tempo


Na imensidão do azul que me cobre o […] na espera por você […]. O silêncio se apossa do meu corpo, fico no aguardo de luzes piscarem na tela do meu computador, indicando que alguém me chama para conversar.

Na ansiedade dos que sentem saudade vejo logo....não é você, apenas […] e aguardo.

Na ignorância da saudade causo fissuras em mim mesmo, você percebe e me diz […]

Corro cataventos na janela do meu quarto em cada intervalo de um minuto da sua espera, falo comigo mesmo coisas que queria lhe dizer, principalmente que […] e o piscar do vaga-lume clareia a noite.

Finalmente chegas, e cada palavra sua é como um abraço e […]. Sinto-me feliz novamen

te. O sorriso brota no meu rosto como água no sertão.

A conversa é truncada, mas espero. Perco a paciência, você me explica com a candura de sempre – Aqui está cheio.

Corro cataventos em volta da flor que deixou no meu quarto e me acalmo. Quando as palavras são ditas e explicas fica mais fácil de entender. Os ventos que me molham […]

No entrelaço das palavras falta os braços ….minha saudade só morre quando for esmagada pelo abraço.

Lembro-me que para te entender preciso do silêncio que dança, e para escuta-lo é necessário […]

Paro, olho para as palavras escritas e escrevo em linhas desenhadas tortas [...]

Sinto você sorrir do outro lado do mundo e sensível na poesia da delicadeza me diz: And i loved the links that u shared... miss u. Tem coisas que soh o silencio faz a gente ver melhor nao adianta 'tamponar'.

Eu te olho nas palavras e vejo por que a saudade é legitima.

Na sua despedida a vontade de te contar dos tons e cores que vi nas árvores e no céu....mas o tempo dorme com a noite.

Eu digo tchau e […]


Elisandro [...]

14.2.11

Encostado no silêncio das palavras

“Eu estava encostado na manhã como se um pássaro à toa estivesse encostado na manhã” (Manoel de Barros)

Me perdi nessa manhã em busca de palavras para tatuar seu pulso. Não achei. Achei palavras tatuadas no silêncio do seu corpo. Mas não consegui traze-las ao escrito das fitinhas. Elas querem ficar ali inscritas nas suas asas para voarem em seu corpo.

Fiquei a pensar no inscrito de nossos corpos e para mim a saudade está ali, inscrita no silêncio brincando de pega-pega com meu coração. A saudade é palavra imensa para colocar tatuada no pulso. Ela nega-se a ficar apenas ali. As medidas dela não cabem na fitinha colorida, assim como o azul multicolor não se mede mais em mim.

Perdi-me nessa imensidão de sentimentos como os passarinhos a voar no céu quadrado de sua janela. Olhando para o voo deles me perco em pensamentos “e aprendi com eles ser disponivel para os sonhos”.

Nos pensamentos que avoam nada tatua-se no papel. Eles avoam pela minha alma mudando-se de lugar no meu corpo. Não querem ficar presos na fitinha do braço, formando apenas uma frase, querem correr livres pelo meu [seu] corpo. As palavras [letras] querem se transformar em asas, descer para junto dos pés e ficar pertinho do chão, querem subir ao rosto, beijar minha boca e fazer cafuné.

Descobri nessa manhã que as palavras [letras] são empréstimos teus feitos na comunhão do silêncio em meu corpo tatuando essa saudade gostosa para elas passearem feito passarinhas atoa na boniteza do por vir.


Elisandro Rodrigues

9.2.11

[res]pingos



Em dias como esse de chuva sinto os [res]pingos seus que espalham canduras em meu corpo.
Em dias como esse de chuva a saudade do seu canto se faz presente em minha alma.
Em dias como esse de chuva demoro os olhos nos pingos tentando achar seu olhar.
Em dias como esse de chuva a certeza se faz presente: The happiness is only real when shared.



Elisandro Rodrigues

2.2.11

Na Natureza Selvagem


Felicidade




"A felicidade só existe quando é compartilhada..."
Do filmelivro Na Natureza Selvagem.

31.1.11

Pingando poesia


Quando o silêncio tece rumores no Quarto Escuro sinto a saudade cartografar meu corpo. Dizem que são de saudade que se fazem os outonos e de reencontros as primaveras. Minha saudade se faz das quatro estações num único ano de um dia pingando poesia na cor do canto da passarinha.

14.1.11

Só sei dançar com você



Só Sei Dançar Com Você

Você me chamou pra dançar aquele dia
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia
Em cada passo que eu dava nessa dança
Ia perdendo a esperança
Você sacou a minha esquizofrenia
E maneirou na condução
Toda vez que eu errava você dizia pra eu me soltar porque você me conduzia
Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
E no final achei tranquilo

Só sei dançar com você e isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você e isso é o que o amor faz

Florações


Nas Florações da vida sigo os rumos do vento num fabuloso destino, nesse entardecer de quenturas o canto da passarinha invade meus olhos antecipando in[e]scritas tatuadas em meu corpo.

Elisandro Rodrigues


Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento