25.10.12

[Res]pingos de infâncias

No final do mês de setembro o Capsi [Centro de Atenção Psicossocial] de Novo Hamburgo completou 10 anos.

Desses 10 anos vivi um ano de muitas intensidades - junto com outros colegas na Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva do EDUCASAÚDE/ UFRGS. Foi no ano de 2010. 

Colegas que acompanham os passos nos dias atuais: Leo, Gra, Iago, Dieguinho, Henrique, Eliane, ....

Nesse ano produzimos um documentário chamado Quatro Reais, que conta um pouco da história da Terezinha do Bairro Santo Afonso [ Está dividido em 3 partes no youtube http://www.youtube.com/watch?v=7Regs0jXFughttp://www.youtube.com/watch?v=VSdXSv6fSms&feature=relmfuhttp://www.youtube.com/watch?v=gNh4UNedqY0&feature=relmfu ].

Motivados por essa cartografia imagética iniciamos a pensar em um audiovisual para o Capsi, que apresentaríamos no final do ano de 2010. Captamos as imagens. Mas elas ficaram paradas por quase dois anos. Nesse ano motivados pelos 10 anos do Capsi de NH resolvemos dar um presente recheado com algumas memórias, algumas imagens-lembranças de um passado recente. 

Nasceu o [Res]pingos de Infância.


Assistam. Compartilhem. Pois é de uma delicadeza imensa sobre o cuidado com a infância e a adolescência.

Elisandro Rodrigues


De quando o corpo vaza

http://estudosdocorpo.posterous.com/de-quando-um-corpo-vaza




Começou a escorrer quando abriu a porta e saio. Mundos desciam com força corpo abaixo. Esguichava resíduos. A pedra foi arremessada com força. O corpo educador que achava que rompia foi rompido. Vazou sonhos. Utopias. Esperanças. Desceu pelo ralo a forma que tinha. A potência do choque o arrancou da cadeira. Soco. Pedra. Quebrou a imagem que resistia: a de uma escola que tenta pensar. Os sentidos, as imagens fabricadas esfacelaram-se em um acontecimento. A pergunta que não soube fazer não se fez. Vazou. Se desformou.

O corpo educador-infantil que desconstruía perdeu força, despontencializou-se. Os vazios tomaram conta. O rasgão interior foi grande, mas ninguém percebeu. Molhava os lugares e os outros corpos por onde passava. Ninguém o via. Ninguém se interessava. Ninguém se importou. Percebeu pela primeira vez buracos aqui e ali nos corpos educadores que passavam. Não saia nada deles. Caminhavam e falavam vazios. Corpos sem potência. Corpos professoris que não brotam. Não pensam. Apenas seguem o fluxo, os caminhos de tijolos vermelhos, da dita verdade.

'Você fez concurso pra que?' lembrou da pedra jogada de um corpo que sabia a resposta [ou acreditava que sabia].

Nos rabiscos do a[o]caso uma imagem-lembrança saltou do que escorria corpo abaixo. Lembrou de um pensamento-educação: 'desprofessorar'. Construir emaranhados de riscos, redes de saúde-educação-cultura, fazer Acompanhamento Terapêutico no chão escola. Vazar possíveis desalunos. A não-resposta saltou da língua. Ninguém o ouviu. Fecharam o tecido cartilaginoso do pavilhão auricular.

O que vazava do seu corpo abria o nariz, os olhos, a boca, as orelhas. As fendas aumentavam. Uma sensação estranha passou pelo seu corpo. Esvaziava-se violentamente. As substâncias pegajosas, grudentas, fétidas, amargas, abriam novos sentidos, percepções, afecções.

Sentiu-se vazio. Um vazio-cheio. Olhou três imagens que demoravam-se a escoar pelo ralo: uma imagem-lembrança de uma educação tradicional, dogmática, despontencializadora; uma imagem-lembrança-do-presente-atual de uma ilusão, de um faz de conta que se pensa a educação e que se faz uma educação diferenciada; e uma imagem que descia em um círculoquadradoretângulo junto com nacos de instantes, intervalos, fendas que brilhavam: uma imagem-cristal. A vidência de outros possíveis mergulhou no olho dentro do olho: algo que vaza para ir produzir em outro lugar. Viu sem ver um corpo que junta dos cacos, dos pedaços, dos pormenores um desassossego em profundidade, uma alucinação sem borda, um possível desajeitado, torto, um broto.

Nesse pular do olho pensou, se perguntou: Quando um corpo vaza o que brota?


Elisandro Rodrigues

1.8.12

Sem pressa

Nas inscritas da vida frases soltas passeiam vagarosamente pelo meu [seu] corpo. Sem pressa para inscrições.



Elisandro Rodrigues

Olha lá fora.

Meu bem, quando sair para a rua olhe a lua.

Elisandro Rodrigues

19.5.12

13 Microcontos



# 1
Não reconheci aqueles olhos verdes debaixo das pálpebras com olheiras. Aquele rosto coberto por espessa, fina e desordenada barba. Não me reconheci no espelho.

# 2
Hoje vi um louco gritando na rua. Gritando pelos seus direitos.

Microconto para todos os Mentaleiros.
Viva a Reforma Antimanicomial.

# 3 
Depois de dois dias o Frango a passarinha voa para minha boca.

# 4
-O que é esse desenho?
-Um barconauchuva!

# 5
- No que você está pensando?
- Dois palitos.

# 6
No olho dentro do olho fogem meus sonhos.

# 7
A estupida mosca dança na lâmpada apagada.

# 8
Vento palavras brincando de tempestade.

# 9
No espaço vazio o único som que se escuta é do corpo caindo.

# 10
A vaca ao longe muge e pasta.

# 11
Pelas ruas desertas cambaleante segue o homem bêbado.

# 12
Trago o último gole de uísque e saio do bar para o frio da vida.

# 13
Pela janela que olho sem ver pingo luz.

Elisandro Rodrigues

22.4.12

De uma pequena história sem pé nem cabeça: Da menina que vive em estado gasoso




Certa vez em uma caminhada pelas nuvens encontrei pedaços de linhas voando livres pelos céus. Linhas coloridas, preto e branco, se fazendo notas, distraídas, com impressões sem impressões. Segui aquelas linhas para ver de onde vinha, ou para onde ia.
Encontrei uma menina no final de várias palavras soltas " a golpes [goles] de pequenas solidões". Menina estado gasoso, sempre liquefazendo-se entre nuvens, chão, ar, flores, desenhos. Nesse encontro, que vim a saber depois que é sempre desencontro, alguns ventos foram ventados. Ventos de Pormenores. De Afecção. De imagens em movimentos. De distração dos esquecimentos. Poucas foram as vezes que encontrei essa menina que vive em estado gasoso, os encontros se davam no desencontro, nunca entendi ao certo o por que disso, mas com as linhas soltas das conversas rendilhei outras linhas de possíveis.
Com o tempo deixei de encontrar essa menina que sempre vive em estado gasoso, acredito que por ela estar sempre vagando entre nuvens e linhas, entre chuvas e ventos, que a dificuldade do desencontro é maior.
Se alguém a avistar avise que um menino dos Pormenores precisa conversar com ela, para rendilhar alguma palavras, dobrar em outras linhas os escritos nos desencontros. Enquanto não a vejo sigo pulando de nuvem em nuvem.

Elisandro Rodrigues
[Da escrita de um e-mail]

4.4.12

Poesia citadina

A noite é estranha.
Vemos muitas cenas no adormecer dos olhos.
1) Um catador de papelão, sem camisa, com cara de cansado falando no celular "...tu podias fazer uma boia pra mim".
2) Gari varrendo a calçada fala para um passante "parece chiqueiro...".
3) Rapaz, de aproximadamente 35 anos, caminhando numa rua movimentada, em uma mão sacola de compras, a tiracolo uma bolsa, nos olhos lágrimas e no rosto expressão de dor, caminha lentamente desviando-se dos passantes.

Elisandro Rodrigues

12.3.12

Pedagogia e Comunicação



O pedagogo Elisandro Rodrigues (@perilampando) ficou em primeiro lugar na categoria “blogs e sites” do concurso de comunicação colaborativa promovido pelo Conexões Globais 2.0 em em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação e o Governo do RS. Elisandro atuou como repórter multimídia durante o evento, realizado de 25 a 28 de janeiro, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, junto ao Fórum Social Temático 2012.

Nesses quatro dias, ele utilizou seu celular para fazer fotos e compartilhar nas redes sociais suas impressões e opiniões sobre a programação e os bastidores do evento. Sabendo do concurso, o comunicador publicou um “diário de bordo” no seu blog. O resultado (que pode ser conferido aqui) ficou muito interessante e ganhou a preferência da comissão julgadora do concurso. Elisandro será premiado com um tablet.

Conheça também o trabalho da Cris Rodrigues (@crisprodrigues) - http://bit.ly/w6H9Cz (2° lugar) e da Isadora Machado (@isadoras) – http://bit.ly/xdmnA3 (3° lugar).

Leia, abaixo, o e-mail que o Elisandro nos enviou e saiba um pouco mais sobre ele.

Olá, pessoal do @Conexões!

Sou Elisandro Rodrigues, tenho 27 anos, sou Pedagogo e atualmente trabalhando como professor em Sapucaia do Sul. Morro em Porto Alegre desde 2001, nasci em uma cidade do interior do estado, divisa com Santa Catarina, Iraí. Sempre fiz #conexões com outras áreas: cultura, arte, comunicação, saúde…. Sempre penso onde a educação pode estar inserida, não para “educar” mas sim para construir processos, [in]ventar outras alternativas.

E é esse o motivo pelo qual sempre estou inserido nos movimentos sociais, nas lutas pela Cultura Livre, Por uma Saúde e Educação de Qualidade, pelos direitos da Juventude. Sempre fazendo #conexões, conectando sonhos e lutas, utopias e desejos pois sigo acreditando que “um outro mundo é possível”.

Participar do @ConexõesGlobais possibilitou uma entrada maior nesse mundo da #CulturaLivre, da #CulturaDigital. Nos últimos anos venho acompanhando o Movimento Música Pra Baixar [MPB], e por isso optei nesse FST de acompanhar e me inserir no @ConexõesGlobais. Nesse espaço me descobri como um Comunicador Colaborativo, como um “agente de informação”. Sempre fiz isso nos espaços de militância: comunicar, facilitar o fluxo de informação, construir um olhar mais delicado desses espaços.

Mas no #conexões foi a primeira vez que ousei criar uma escrita para dar corpo a esses desejos. O Concurso foi um dispositivo para isso, uma ferramenta para essa tecnologia da escrita. Uma tecnologia leve e reinventativa. Fiquei sabendo do concurso pelas divulgações do @ConexõesGlobais e decidi pensar nessa tecnologia leve da escrita, pensando um olhar mais poético sobre o que estava acontecendo, na casa do poeta, e no #conexõesglobais.

Fico muito feliz e contente por ter sido selecionado e ficado em primeiro lugar. Concursos como esse são importantes pois motivam outras criações estéticas, constroem novos agenciamentos, novos devires dessas ferramentas da comunicação:texto, fotografia, audiovisual… Minha avaliação caberia nas palavras ditas pelo Fernando Anitelli em uma de suas músicas, e que muita gente pelas redes sociais no @ConexõesGlobais fez coro, “queremos isso todo dia”, ou todo ano. O @ConexõesGlobais não foi dez, foi 2.0.

Abraços,
Elisandro Rodrigues

30.1.12

Diário de um repórter multimídia no Conexões Globais – Das Noticias Passadas IV [28.01.12]



Depois de vivenciar e experienciar [5] cinco dias de atividades intensas chegou ao final o #conexoesglobais 2.0. Foram mais de 10 mil pessoas que circularam pela @CCMQ, mais de 100 mil pessoas acompanhando pela internet, foram 4 painéis, 8 #dialogosglobais, 17 oficinas, 8 shows e muita produção e compartilhamento de conhecimento e informação.

Nesses cinco dias, como diria o poeta Manoel de Barros - “Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa/fotografei o sobre/foi difícil fotografar o sobre.” , tentei fotografar esse sobre. Esses instantes mágicos e compartilhar com os que não estavam vendo-os. Foram mais de 300 tweets [fotos] clicadas no sobre e encaminhadas para via o @conexoesblobais [esses instantes podem ser vistos aqui http://twitpic.com/photos/conexoesglobais ].

Esse sobre são instantes que perdemos quando os olhos piscam. Perdi muitos instantes, alguns pude olhar por olhos de outros, mas alguns não puderam ser capturados. Esse sobre é uma mistura de fotografia e cartografia, uma fo[car]tografia de instantes, de sobres. Somos atravessados por muitos encontros [físicos, virtuais, fotográficos, textuais, ..], e são esses encontros que possibilitam os Mo[v]im[ento]s e as Fo[car]tografias de nossa escrita de vida, da boniteza de nossas tecituras.

Nesse sobre aconteceu o último dia de #conexoesglobais, com debates que deixaram com gostinho de quero mais. Esse gostinho começou com o painel sobre Transparência e dados abertos e prosseguiu com os #dialogosglobais, o primeiro com o tema Sustentabilidade: Controle de informações e conflitos ambientais com a presença do webconferencista @pablodesoto e os debatedores Celso Woyciechowski, @anahifors e @esthervivas.

E para terminar os debates no #conexoesglobais o Diálogos Globais que mais me chamou à atenção e mais provocou o público presente e online para continuar o debate, quem sabe numa próxima edição do #conexoesglobais, teve o tema Territórios inovadores para cidadanias emergentes. Esse #dialogosglobais teve como webconferencista @urbanohumano, direto de Madri, e debatedores @ivanabentes, @pradoclaudio e Beá Tibiriça.

As #conexoesculturais do dia foram o Jorginho do Trompete e para fechar o #conexoesglobais Cowboys Espirituais [@frankjorge, Julio Reny, Márcio Petracco e Paulo Arcade] com a participação da @izmalia.

Todos pensaram que o show do Cowboys Espirituais fecharia a noite, mas ninguém imaginou que outro instante, outro sobre, outro possível ainda estava por acontecer. Esse sobre me emocionou. Mentiria se dissesse que não chorei, pois algumas lágrimas fizeram conexões com os olhos. Esse instante, que para mim foi o último do #conexoesglobais, teve a presença do #TONIOLOREI. 



Com certeza esse instante, esse sobre, essa conexão [@conexoesglobais] vai ficar registrada nos pormenores e nas experiencias de um “outro mundo posível”.

Algumas imagens desse quarto e último dia de #conexoesglobais podem ser vistas aqui nesse post, para mais imagens e informações segue os links:

Fotos do Primeiro dia do #conexoesglobais - http://on.fb.me/wS5mzb

Fotos do Segundo dia do #conexoesglobais - http://on.fb.me/wT1s8s

Fotos do Terceiro dia do #conexoesglobais - http://on.fb.me/AbE44W

Fotos do Quarto dia do #conexoesglobais - http://on.fb.me/AunuTM

Site do @conexoesglobais - www.conexoesglobais.com.br

Canal do #conexoesglobais no youtube https://www.youtube.com/user/conexoesglobais

Teaser do Primeiro Dia - http://bit.ly/yUQyO3

Teaser do Segundo Dia - http://bit.ly/xYqeKR

Teaser do Terceiro Dia - http://bit.ly/wpQ92f

Teaser do Quarto Dia - http://bit.ly/yLiEiu

Abraços
Elisandro Rodrigues






























28.1.12

Diário de um repórter multimídia no Conexões Globais – Das Noticias Passadas III [27.01.12]

O Terceiro dia do #conexoesglobais poderia ser resumido com uma palavra....Encontros.

Os encontros existem a todo momento. A cada segundo encontramos coisas. Pessoas. Imagens. A cada piscar de olhos informações recebidas e perdidas. Os #pormenores do cotidiano. Esses #pormenor[es] dados por acaso, que ferem nossa atenção, machucam nossos olhos, nossos corpos é o que nos impulsiona a clicar [disparar] fotos, pensamentos, ações, encontros, conexões. #pormenores são #conexoes.

As #conexoes se entrelaçam com nossos corpos “tudo o que podemos dizer é que o objecto fala, induz, vagamente, a pensar” [Barthes] nos atinge com seu #pormenor, nos fere. Grita em silêncio dentro de nossos olhos [na invisibilidade das cores], provoca estreme[nas]cimentos, “o que eu vejo é o pormenor descentrado” [Barthes] é uma #conexao que produz encontros.

O #conexoesglobais possibilitou esses encontros no terceiro dia. Encontros de rostos [des]conhecidos. De falas. De projetos. De lutas. De desejos. De rachaduras. De um “outro mundo possível”.

Meus encontros nesse dia foram dois. O primeiro com o amigo @fanitelli que tocaria a noite com @anitellitrio - @fernandolrosa e @miguelassis, com a participação do @Leoni_a_jato. O Segundo foi com o Boaventura, que falou sobre os Sentidos da Democracia. Sua primeira fala deu o tom da conversa sobre quais sentidos buscamos, queremos, construímos, lutamos - “Dói ver tantas mulheres no auditório e nenhuma na mesa”.

O #conexoesglobais proporcionou outros encontros no decorrer do dia também, teve #FML3, os #dialogosglobais com os temas do #occupylondon – o webconferencista foi @matheuslock, com os debatedores @vspolidoro, secretária de comunicação e inclusão digital do RS, Rita Freire e Marco Weissheimer @rsurgente.

O segundo #dialogosglobais teve a presença do diretor do documentário “Copiad, malditos!” @fanetin, dos debatedores @rodrigosavazoni, @jassumcao e @mlteza. Além dos #dialogosglobais aconteceu o Painel Democracia e participação popular num ambiente imediato e hiperconectado.

No meio da tarde o #conexoesglobais teve a presença da @Silva_Marina. E no final do dia @caribe colocou os participantes do Conexões a dançar na #dancadaSOPA.

As atividades culturais do dia foi o Conjunto Bluegrass - @bluegrassPOA e a noite a @CCMQ lotou para assistir ao show do @fanitelli e @Leoni_a_jato.

Outros encontros aconteceram na [in]visibilidade desses olhos que não conseguiram registrar tudo.

Mas uma coisa é certa: o #conexoesglobais possibilita #conexoes.

Algumas imagens desse terceiro dia de #conexoesglobais podem ser vistas aqui nesse post, para mais imagens e informações segue os links:

Fotos do Primeiro dia do #conexoesglobais - http://on.fb.me/wS5mzb

Fotos do Segundo dia do #conexoesglobais - http://on.fb.me/wT1s8s

Fotos do Terceiro dia do #conexoesglobais -http://on.fb.me/AbE44W

Site do @conexoesglobais - www.conexoesglobais.com.br

Canal do #conexoesglobais no youtube https://www.youtube.com/user/conexoesglobais

Teaser do Primeiro Dia - http://bit.ly/yUQyO3

Teaser do Segundo Dia - http://bit.ly/xYqeKR

Teaser do Terceiro Dia - http://bit.ly/wpQ92f

Abraços
Elisandro Rodrigues















































Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento