24.12.07


Sobre o encontrar pessoas


Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?
Boneca, panela, chinelo, carro, o nó que eu desamarro
Surge pra me dar um nó
Você aparece de repente e coloca em minha frente dúvida maior
Se tudo que eu preciso se parece
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?
Quando juntarmos... você comigo... Cordão umbilical e umbigo
A gente vai ser só um
E até lá eu não vou caminhar mais sozinho
O distante será meu vizinho... e o tempo será...
A hora que eu quiser!! Horas!!
(O Teatro Mágico - Tudo é uma coisa só)


Músicas falam por si. Já devemos ter escutado isso milhares de vezes também. Mas quando não se tem mais nada para dizer, o óbvio é o mais correto de se falar. Estava pensando sobre está música do “O Teatro Mágico”. Quem não já se perguntou sobre a complexidade das coisas e da estranheza das coisas que acontecem conosco.
Final de ano sempre fazemos um balanço final, aquela velha recordação dos fatos positivos e negativos. Não é remoer lembranças, mas realizar uma reminiscência delas. Estava pensando por que não se junta tudo numa coisa só e por que muitas vezes nos afastamos das pessoas.
Esquecemos as pessoas. Esquecemos muitas lembranças. Esquecemos rostos, músicas, palavras, poesias, livros, mas sobretudo, esquecemos pessoas que passaram em nossa vida.
Fazendo esta reflexão de final de ano comecei a buscar pessoas esquecidas na memória. Sempre temos algo que nos traz a lembrança alguém, ou algum fato. Eu sempre guardo objetos, cartas, cartões, mensagens, anoto nomes, telefones, e-mails e jogo dentro de uma caixa. Decidi abrir esta caixa e encontrar pessoas.
É claro que não temos como entrar em contato pessoalmente com todas e todos, mas com as ferramentas da internet, principalmente o dito “orkut”, achamos qualquer pessoa, que esteja dentro desta ferramenta. Me coloquei a procura: entrando dentro de minha caixa de recordações e achando nomes e rostos. Encontrei algumas pessoas que há três, quatro anos não tinha mais comunicação. Pessoas que simplesmente passaram por minha vida, um dia, uma semana, mas que ficou a lembrança na caixa de recordações.
Como é gostoso fazer isso, encontrar pessoas esquecidas, pessoas que se esqueceram da gente. Hoje em dia é muito fácil esquecermos uns dos outros com as correrias da vida. Estes momentos de recordação são importantes para lembrar, para trazer a tona sentimentos.
Neste ano que caminha para o final gostaria de trazer todas e todos presentes em minhas orações, em meus pedidos, em meus desejos. Todas aquelas pessoas que passaram pela minha vida, ou que eu passei pela vida delas. Tudo isso para ter presente que todos somos importantes uns para os outros.


Elisandro Rodrigues
Vivendo para recordar
Final de 2007




Já sonhei nossa roda gigante esconde-esconde em você

Já avisei todo ser da noite que eu vou cuidar de você

Vou contar historias dos dias depois de amanhã

Vou guardar tuas cores, tua primeira blusa de lã

Menina vou te guardar comigo

Menina vou te guardar comigo

Teu sorriso eu vou deixar na estante para eu ter um dia melhor

Tua água eu vou buscar na fonte teu passo eu já sei de cor

Sei nosso primeiro abraço, sei nossa primeira dor

Sei tua manhã mais bonita, nossa casinha de cobertor

Menina vou te casar comigoMenina vou te casar comigo...

Vou te guardar comigo

Sou teu gesto lindo

Sou teus pés

Sou quem olha você dormindo

Ô menina guardo você comigo

Menina guardo você comigo

Nosso canto será o mais bonito Mi Fá Sol Lápis de cor

Nossa pausa será o nosso grito que a natureza mostrou

A gente é tão pequeno, gigante no coração

Quando a noite traz sereno a gente dorme num só colchão

Menina vou te sonhar comigo

Menina vou te sonhar comigo

Sou teu gesto lindo

Sou teus pés

Sou quem olha você dormindo

O Menina guardo você comigo

Menina guardo você comigo
(O Teatro Mágico – Menina)

21.12.07


Um simples pedido de Natal


Natal chegando é o momento de lembrarmos das pessoas e mandarmos cartões, mensagens desejando tudo de bom. Desejando: amor, paz, união, fraternidade, solidariedade, dinheiro no bolso e blábláblá.
Todos sabemos que a data do natal, para a grande maioria das pessoas, é um dia de descanso, um feriado, de fazer um churrasquinho, tomar uma cervejinha, relaxar e passar a noite e o dia em companhia da família e de bons amigos. Uma boa parte é claro que vai fazer as rezas natalinas, vão nas celebrações e missas assistir o nascimento do Jesus Menino.
Tudo isso é bom e gostoso, é claro que é, eu também irei fazer estas coisas no dia 24 e 25 próximo. Como de costume irei para a casa da minha tia, ajudarei a preparar a ceia, irei na celebração ver a encenação do nascimento de Cristo, pelo grupo de jovens e catequizandos da paróquia, darei as felicitações natalinas a todos e todas e irei para casa beber e comer.
Mas no meio de tudo isso gostaria de fazer um pedido, como já é de costume meu escrever para as pessoas no natal, no ano passado fui ousado nos meus desejos: desejei que todos e todas engravidassem de sentimentos e idéias para este ano que está no fim. Ousado diga-se de passagem. Este ano não desejo nada demais, apenas que no meio dos afazeres de natal as pessoas parem um minuto, trinta segundos.
É só isso que peço: que as pessoas parem e neste pouco tempo de parada reflitam sobre as bonitezas da vida e agradeçam por participar do embelezamento do mundo. Se não tiverem nada disso para agradecer, desejem de todo o coração que este ano que se aproxima seja um ano em que esta boniteza possa ser vivida no dia-a-dia, na fraternidade e nas relações com as pessoas que convivemos.
Este é o meu desejo, é isto que peço ao Papai Noel, ao Cristo Menino que nasce mais uma vez dentro dos nossos corações neste Natal: simples para ver se é possível acontecer. Um simples minuto de parada para pensarmos em coisas boas e em fazer coisas boas.


Elisandro Rodrigues
Natal de 2007
Grupo Baú de Encantos
Pedindo coisas pequenas e simples para melhorar as vidas e embelezar o mundo.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento