21.12.07


Um simples pedido de Natal


Natal chegando é o momento de lembrarmos das pessoas e mandarmos cartões, mensagens desejando tudo de bom. Desejando: amor, paz, união, fraternidade, solidariedade, dinheiro no bolso e blábláblá.
Todos sabemos que a data do natal, para a grande maioria das pessoas, é um dia de descanso, um feriado, de fazer um churrasquinho, tomar uma cervejinha, relaxar e passar a noite e o dia em companhia da família e de bons amigos. Uma boa parte é claro que vai fazer as rezas natalinas, vão nas celebrações e missas assistir o nascimento do Jesus Menino.
Tudo isso é bom e gostoso, é claro que é, eu também irei fazer estas coisas no dia 24 e 25 próximo. Como de costume irei para a casa da minha tia, ajudarei a preparar a ceia, irei na celebração ver a encenação do nascimento de Cristo, pelo grupo de jovens e catequizandos da paróquia, darei as felicitações natalinas a todos e todas e irei para casa beber e comer.
Mas no meio de tudo isso gostaria de fazer um pedido, como já é de costume meu escrever para as pessoas no natal, no ano passado fui ousado nos meus desejos: desejei que todos e todas engravidassem de sentimentos e idéias para este ano que está no fim. Ousado diga-se de passagem. Este ano não desejo nada demais, apenas que no meio dos afazeres de natal as pessoas parem um minuto, trinta segundos.
É só isso que peço: que as pessoas parem e neste pouco tempo de parada reflitam sobre as bonitezas da vida e agradeçam por participar do embelezamento do mundo. Se não tiverem nada disso para agradecer, desejem de todo o coração que este ano que se aproxima seja um ano em que esta boniteza possa ser vivida no dia-a-dia, na fraternidade e nas relações com as pessoas que convivemos.
Este é o meu desejo, é isto que peço ao Papai Noel, ao Cristo Menino que nasce mais uma vez dentro dos nossos corações neste Natal: simples para ver se é possível acontecer. Um simples minuto de parada para pensarmos em coisas boas e em fazer coisas boas.


Elisandro Rodrigues
Natal de 2007
Grupo Baú de Encantos
Pedindo coisas pequenas e simples para melhorar as vidas e embelezar o mundo.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento