30.1.09

Carta 2: Intempestivo


Para você ver minha cara Pirilampa, segui a risca o tratamento, depois da noite de ontem me acordei muito mais animado para o mundo. Esse método, podemos dizer que até alternativo, é eficaz. Acredito que se continuar assim, com esse tratamento pelos próximos 50 anos, ficarei cada dia mais feliz e saudável. Gostaria de te dizer que fiquei com seu cheiro, ele é embriagante, dormi sentindo você. Vou te confessar que só o que me interessa é a lógica do vento intempestivo, sendo assim segue algumas partes da Nau do Tempo-Rei, de Peter Pál Pelbart, que hoje pela manhã me fez recordar você.

Felicíssimo pela companhia.

“Então, não bastaria dizer que o invisível plana sobre as coisas como uma espécie de incorporai, tal como o acontecimento, mas que ele atravessa as coisas com essa textura ou nervadura virtual que, uma vez atualizada, as redistribui, provocando nelas desmembramentos, decomposições, recomposições, bifurcações, novas processualidades, derivações, universos, inéditos.

...É preciso conseguir ruminar incessantemente a própria historinha pessoal para poder inventar um novo devir...

...é preciso dizer também que não se trata de descobrir nossa identidade através desse visível que é a nossa história, já que a história não diz o que somos, mas aquilo de que estamos em vias de diferir. Diferir dela não para descobrir o que se é, mas para experimentar o que se pode ser...”

Elisandro Rodrigues

29.1.09

Cartas: Sintomas e Diagnóstico



Ando meio mal sabe! Estou com uns sintomas estranhos. Resolvi procurar ajuda médica e capacitada para isso. Entrei em contato com Dr. House. Lhe enviei os meus sintomas.

Sintomas:

-Coração acelerado;

-Suor por todo o corpo- frio e quente;

-Um friozinho no estômago – como se tivesse borboletas voando;

-Fico sem saber o que falar ou fazer;

-Corpo todo fica diferente – leve;

-Tremor nas mãos;

-Ansiedade;

-Um certo nervosismo;

-Pensamento solto – cabeça nas nuvens;

-Felicidade imensa;

-Vontade de beijar, de abraçar, de estar ao lado;

Diagnóstico:

Encaminhei os sintomas e esperei o resultado. O diagnóstico enviado pelo Dr. House foi:

“Você sofre de uma doença rara chamada dodoviskipirilampaestrela. Felizmente é uma doença que tem cura, o tratamento indicado é um beijo ou abraço por dia. Se na impossibilidade de recebê-los escutar a voz, ou conversar via outros mecanismos de comunicação são indicados. Importante ressaltar que no caso de ficar mais de 5 (cinco) dias sem um dos tratamentos você corre o risco de cair em enfermidade maior. Portanto siga a risca o tratamento indicado.”

Achei que ele não foi tão sarcástico como costuma ser. Tive a confirmação. Estou-lhe escrevendo para dizer que a causa desta enfermidade surge do seu afeto que me afetou, e como devo cuidar da minha saúde tenho que manter contato com você. Sinto-lhe informar isso dessa maneira, mas não se preocupe pois estarei seguindo a risca o tratamento, na medida do possível conto com sua ajuda.

Beijos e abraços.

Elisandro Rodrigues.

P.S: Feliz aniversário Pirilampa!

27.1.09

Pensamentos sobre um aniversário!

(Clique na imagem para ampliar)

Bhá, o aniversário dela está chegado, tenho que começar a ver o que dar de presente....humm...eu podia me dar para ela, seria um bom presente. Será que ela iria gostar? Acho que não. Tenho que dar um presente de amigo, quem sabe uma carteira...não ela iria achar intimo demais. Lingerie....mais intimo ainda, seria bom dar para ela usar comigo, hehe, que pensamentos, tenho que parar de pensar nessas coisas, ela é minha AMIGA. Vamos lá se concentra.....tá difícil...quem sabe sandálias, uma melissa...ela já tem demais. Roupas, uma saia, saia seria legal. Pensando bem eu já dei uma saia para ela e por sinal foi presente de aniversário, portanto, quer dizer que já dei um presente para ela. Mas queria dar outro, ela merece. Queria dar sonhos, felicidade, sonhos, amor (muito amor), PAZ, utopias...e por ai se vai, mas essas coisas a gente não consegue dar assim de presente de aniversário. De repente um presente mais simples como .... um livro! O livro que ia dar ela já tem. Um filme! Presente sem graça....

Acho que vou dar uma flor e um abraço, nada mais simples e marcante do que isso. Tá certo que poderia dar uma Luminária em forma de estrela, mas seria ousado demais dar algo assim. É uma flor e um abraço apertado é um bom presente de amigo. Vai ser isso. Agora que flor dar.........


Elisandro Rodrigues

Queimando os neurônios tentando achar uma solução

26.1.09

Eterno enquando dure...


Como diria o poeta, que seja eterno enquanto dure...


“Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim… Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível… E que esse momento será inesquecível…”

Mário Quintana

25.1.09

Noite de amor


Tudo começou com uma xícara de chá, um carinho na mão.

Tudo terminou com uma noite de amor depois de cinco meses.

Neste tempo muitas coisas boas permanecem, e permaneceram: pois as mudanças verdadeiras passam pelo corpo, e ficam gravadas nele – como ficam gravados desenhos e palavras numa caixa. Como um varal musical de sentimentos. Tudo fica registrado. Cada momento de alegria e de tristeza. Muitas são as imagens: você sorrindo, você dormindo, você embalando a criança nos braços, você brincando, você alegre, ...são tantos os momentos, e foram tão intensos...

Escrevo para lembrar, assim como ainda lembro seu cheiro no meu corpo, nos meus braços, nos meus lábios, o suor do último amor ainda permanece.

Muitas são as palavras para serem ditas, mas grande é o jardim do silêncio, portanto poucas são as palavras faladas, o coração guarda a maioria, no corpo estão presentes os sonhos, quem sabe um dia os corações voltarão a se falar.

Permanecerás...por um bom tempo permanecerás.

Elisandro Rodrigues

24.1.09

Estrelinha

Brilha, brilha, lá no céu,

A estrelinha que nasceu.

Logo outra surge ao lado

Fica o céu iluminado.

Brilha, brilha, lá no céu,

A estrelinha que nasceu.



Dizem os antigos...


Dizem os antigos anciões que quando os ventos sopram forte é sinal de virada do tempo. É sinal de que uma tempestade se anuncia, principalmente depois de dias difíceis de sol, onde tudo seca, tudo se decompõe. Mas após a tempestade, após os ventos fortes, o aguaceiro que cai do céu, as flores voltam a florir e as arvores a verdejar. Portanto dizem esses anciões que tudo se transforma, como as lagartas que depois de entrarem nos casulos voltam transformadas em borboletas. Assim somos nós, dizem eles, somos ferramentas de transformação do tempo, ferramentas onde depois das mazelas, do sol, do casulo desabrochamos em boniteza.

'Tudo passa, até uva passa...'


Elisandro Rodrigues

P.S: Já são sete as flores nascidas....

23.1.09

Tempo...

Lhe dou o tempo...
O tempo para voar entre as flores e se colorir com as cores das manhãs e das noites.
Fico com o tempo das músicas - admiração Paulinho Moska.
O tempo dos filmes - Romance (brasileiro com Wagner Moura e Leticia Sabatella).
O tempo das flores - Amor perfeito nascendo devagarinho.
Fica com o tempo do pensar, do chorar, do rir e se alegrar.
Brinca com seu tempo de trabalho, de felicidade, de saidas.
Curte o tempo da ausência - do meu abraço, do meu beijo.
Eu fico com a saudade e o amor, pois quanto mais longe de você, quanto mais me afasto, mais a desejo, mas a amo.

tempo...passa o tempo....

Elisandro Rodrigues



18.1.09

Não é fácil - Marisa Monte

Aqui o tempo é outro


“Eu ando pelo mundo
Prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome...”


“ Eu vi, eu vi São Pedro brincar com as estrelas do céu, e uma delas caiu na aba do meu chapéu...”


Esta semana andei pelo mundo tentando prestar mais atenção nos pequenos detalhes que nos escapam aos olhos. Andei escutando com os olhos e olhando com os ouvidos. Visitei lugares que há tempos não visitava – o seminário onde realizei minha formação. Vi pessoas, amigos e amigas. Mas sobretudo permaneci no tempo – Não é inútil lembrar que o tempo da criação artística ou do pensamento também exige algo dessa ordem. Do dar tempo e paciência para que o tempo e a forma brotem a partir do informe e do indecidido (Peter Pál Pelbart).

Nas andanças pelo interior do estado, e do meu interior, escutei pessoas simples da roça falando de seus problemas, da falta de perspectivas. Percebi a abertura para conversar, para dialogar. Onde passava as pessoas contavam causos de sua vida, falavam de coisas de ordem do tempo. Do sofrimento, das saudades, dos sonhos, dos amores. Do possível a se fazer na educação e nas relações.

Escutei o meu tempo gritando dentro de mim. Escutei meus sonhos nos sonhos dos outros. O fato mais curioso que me aconteceu relato agora: Depois de realizar uma reunião de escuta tinha que me dirigir para outra cidade, mas para isso precisava atravessar um rio com uma barca. Enquanto esperava a barca para atravessar para o outro lado uma Pirilampa sentou no meu ombro. Não pude acreditar naquilo. Meu tempo pensou que era ela a me visitar. Acreditei que era. Pequenos detalhes que acontecem que pensamos que algo maior existe.

Ao chegar em casa depois dessa viajem percebi na flor plantada a uma semana o primeiro broto de vida. Símbolos de um pouco de possível. De que aqui o tempo é outro.


Elisandro Rodrigues

12.1.09

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Pirilampa
Com você posso criar as asas do desejo desse devir-anjo. Forjando asas para poder voar-criando vôos no infinito. Doando flores do campo e tirando risadas.

"É preciso dar tempo a essa gestação com que se confronta a loucura, a essas tentativas, a essa construção e reconstrução, a esses fracassos, a esses acasos. Um tempo que não é o tempo do relógio, nem o do sol, nem o do campanário, muito menos o do computador. Um tempo sem medida, amplo, generoso." (Peter Pál Pelbart)

Elisandro Rodrigues

10.1.09


"É muito gostoso
este nosso chamego
este nosso aconchego
esta nossa alegria de ser feliz"
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Gosto
...quando ela me liga pela manhã me acordando dizendo para eu ir ao encontro dela. ...quando sua mão pega a minha e passeia sobre seu corpo mostrando caminhos e trilhas de desejo.
...quando nossos corpos se comunicam no silêncio mudo do prazer.
...quando o suor dos corpos se mistura misturandoocheironossodesexoeamor.
...quando conversamos e partilhamos a vida, a semana, os dias e anos já vividos.
Gosto disso por que gosto!

Elisandro Rodrigues

9.1.09

Pontos

(do livro Casulos de André Neves)

Pontos...

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Por que será que uma caixa de sapato pode fazer alguém feliz?

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Um pouco de possível, senão sufoco..

(Peter Pál Pelbart).

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Hoje pela manhã vi um beija flor no meio da chuva!

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Tudo se compõe e se decompõe.(Moska)

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...mas aos que alguma vez desconfiaram que essa vida norma e tola que nos é oferecida e alardeada como a única possível, desejável e saudável esconde outras tantas. Cuja beleza e tentação cabe reinventar.

(Peter Pál Pelbart)

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eu direi tu
(Tijuqueira)

o direito a uma semana com luz
direi tu que sabes o que que é bom,
sangue de rei
tu tens as previsões de onde eu irei
e onde vou parar
repare, repare no sol
depare, depare com o sol
fazer força dói
fazer tudo dói
abrir o olho dói
vou me sentar aqui
vou imitar caubói
quero ser herói
voar e amanhã vou existir
se eu serei um caso normal
de sucesso da tua voz
sobre o meu peito
eu direi
que está tudo normal
não sentirei falta nem de uma cor
te acho linda nem sei porque
acho que é porque tu me deste
tudo que eu tenho hoje aqui
não vou deixar tu ir embora
não vou jogar tudo que eu tenho fora
sou egoísta
desenhista
ilusionista
até artista
talvez, talvez, talvez

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a noite vai te trazer estrelas
o riso vai te deixar mais linda.

(Tijuqueira)

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"que o tempo te traga a calma
que a calma te faça sentir
que o sentir te una a mim
se não sabes quem tu és
saiba que isto és tu
saiba que eu sou tu
e, sempre que pensares em mim,
serás eu, dentro de tua alma"

(Tijuqueira)

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o meu compromisso
com a minha natureza
de não ser igual
nasci no meio
de milhares de pinheiros
mas eu saquei que sou uma goiabeira
na geometria desse mundo
me disseram que eu sou quadrado
mas eu sou triangular
ou, quem sabe, circular
o alecrim e o hortelã me confundem
o alecrim, o alecrim, o alecrim...

(Tijuqueira)

6.1.09

Plantando flores...


Elli estava sentado no cordão da calçada esperando o filme começar. Faltava meia hora para entrar na sala e ver 'A casa de Alice'. Sentado ali ruminava seu dia desde a noite passada onde fora egoísta com Ella. Pensando rezava e rezando pensava. A memória agia rápida ligando e interligando sinapses formando conceitos e palavras. Ruminava e entendia o que se passava, entendia como o processo acontecia, como na noite anterior onde plantará a flor. Para fazer isso foi preciso de um tempo, de um preparo da terra, da semeadura da flor. E até que ela floresça iria levar alguns dias, nada floresce do dia para a noite, as coisas levavam tempo, tem que se cuidar, tem que regar. Sendo assim nada mais justo do que respeitar o tempo. Sentia-se melhor, mais feliz por dentro por compreender um pouco mais a dinâmica da vida. Tudo para nascer dói, e para nascer precisa tempo – lembrou-se que havia lido esta frase em um livro ‘Satolep’. Sentia-se mais calmo, mais decidido na opção de esperar – uma espera produtiva, de criação, tempo de espera para deixar a boniteza da vida florescer. Assim entrou na sala e saio dela. E assim continuou convicto de sua opção, convicto do respeito por Ella, do tempo que ela precisava. E assim ficou.

Elisandro Rodrigues

5.1.09

Vi uma estrela lá fora...


Em 2009 poucas palavras...apenas o som do mar, a luz das estrelas, as flores de amor-perfeito e flamboyant a embelezar e perfumar, os pirilampos a iluminar os caminhos, o vento a levantar o cabelo, o canto das sereias...e o sentimento de que Ela é o que necessito e preciso. A espera se faz saudade e aumenta o amor e a paixão. Eu te mar....eu te vento....eu te espero!

Elisandro Rodrigues

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento