29.5.08

O que você diria se encontrasse uma pessoa no meio da rua, embaixo da chuva cantarolando e assobiando alto para todos e todas escutarem? Ah, e isso tudo à noite. Acredito que pensaste que esta pessoa é um louco a caminhar sem rumo, ou um bebado. Pois é, louco acho que pode ser, mas louco por uns olhos azuis e uma voz doce. Bebado de paixão quem sabe.
Inspirado nesta loucura que embriaaga trago algumas palavras de Rubem Alves que traduzem meus sentimentos.
"Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito...A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas." (A arte de ouvir - Quarto de Badulaques)
"Resta ...essa intimidade perfeita com o sliêncio...Resta esse sentido de infância subitamente desentranhado...Resta essa vontade de chorar diante da beleza...Resta essa comunhão com os sons...Resta essa súbita alegria ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória..." (Escutar os sons do mundo - Educação dos Sentidos)
Elisandro Rodrigues
apaixonando-se...

Um comentário:

Anônimo disse...

" Eu quiz querer o que o vento não leva.
Pra que o vento só levasse o que eu não kero...
Eu quiz amar o que o tempo não muda,
Pra que quem eu amo não mudasse nunca,
Eu quiz prever o futuro, consertar o passado,
calculando os riscos, bem devagar, ponderado...

Perfeitamente Equilibrado!"

Apaixonar-se é estar 'perfeitamente equilibrado'!
Continue...

Bjo =)

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento