3.7.10

Ponto.

Ele sempre quis escrever, mas em vez disso apenas lia. Passava o dia todo lendo blogs, contos, Xerox, revistas. Cansava-se de tanto ler. Um dia Ele resolveu escrever e o que escreveu foi: Cansei (ponto).

Elisandro Rodrigues

Um comentário:

R!CARDO disse...

E aí meu velho!

Ia escrever no primeiro post, pra ficar mais à vista. Mas achei que esse aqui tinha mais a ver. :)

Recebi este selo, e agora compartilho ctg. Já que eu sempre pensei em escrever e tu um dia disse que isso era coisa boa.

Valeu.

Dá uma olhada.

http://tranquilocaos.blogspot.com/2010/08/selo.html

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento