Nos caminhos que cortam as vidas cotidianas Ele seguia caminhando como mais um se misturando na multidão das seis da manhã. A diferença Nele era o olhar que fitava a tudo e a todos gravando e registrando imagens. Imagens que falavam com ele, que mostravam os sentimentos e a poesia escondida por trás das caras amaradas e dos objetos frios do amanhecer. Nas imagens nuas e cruas pequenas percepções e rumores discretos naquele vazio propulsor de fios, roupas, concretos.
Sentado ao lado de uma pessoa adormecida a música do fone saltava pelos ouvidos alheios e cai no dele “Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida preciso demais desabafar!”. As imagens e o silêncio desabafavam na manhã cinzenta e melancólica onde a nevoa beijava o chão.
As imagens queriam ser um Mar, queria ser desses Mares que se molham que molham e espalham as securas dos dias que nos movem. Ele também queria ser um desses mares. Percebia acordando-se para as imagens do dia, para as pessoas com seus sorrisos amarelos, para o café amargo de quem ainda não descansou os olhos.
Corpos inabitados nas imagens frias da manhã. A lentidão da luz da manhã deixando as formas irreconhecíveis. Na passada do ônibus a lentidão do tempo. A lentidão do silêncio que enquadrava para a fotografia acontecer. As imagens resistiam em sair dos seus olhos para o silêncio do esquecimento. Num nascer e morrer os olhos acabavam com a potência das imagens em segundos, ficando apenas na lembrança do silêncio Dele. Mas enquanto ele segue, as imagens seguem em movimento.
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