12.6.06

CARTA A UM NOVO AMOR-AMIGO - parte III
TEMPESTADE

"Não façamos do amor algo desonesto Quero ser prudente e sempre ser correto Quero ser constante e sempre tentar ser sincero..." (Legião Urbana - L'AVENTURA)

Oie!!!
Você já teve um dia de Cão. Sabe, daqueles que gostaria de mandar todo munod pra Patagônia. Acho que já, todos já tivemos um dia assim. Um dia não, vários. Ontem estava assim. Com vontade de me esconder na fossa da tristeza e da amargura.E me meti de cabeça. Pensei em te ligar e te dizer muitas coisas. Eu estava triste com dor no coração, ou no cotovelo, sei lá. Ia te dizer coisas que a gente diz quando esta soterrado na tristeza. Fiquei triste por ver que o pássaro pode voar a qualquer segundo. Aumentou o meu medo de sofre. Sim, eu com medo, um menino tão seguro com medo. Pequei então o CD mais melancólico que me veio as mãos, achei o CD "Tempestade" da Legião Urbana. Quase lhe liguei para lhe dizer que não lhe quero mais. Que não quero ver o meu coração partido. Que não quero um amor-amigo. Que quero ficar preso no meu mundinho de felicidade, no meu eu sem ninguém por perto, sem nenhum amor para me incomodar ou fazer infeliz. Mas me acalmei. Dormi. Acordei ainda com esta ânsia. Vontade de mandar tudo as cucuias. Minha priminha então me olhou, eu estava sentado no sofá escutando o CD "Tempestade", de novo. Estava eu imerso nas minhas inseguranças e medos. Ela me fitou por um momento e me disse: - "Quer brincar?". Na sua inocência de criança me ofereceu seu brinquedo (um sapinho saltador). Fiquei a pensar nas poucas palavras dela. Me lembrei de tudo o que eu te disse, do que acredito, do que gosto de fazer, dos meus sonhos e utopias. Fiquei a pensar e veio na minha cabeça as palavras de uma amiga quando procurei ela para desabafar a minha triste-insegurança, 'aproveite o momento. Viva a vida como se fosse um brinquedo seu.' Fui brincar e me deixei ali por um bom tempo. A tempestade passou. Veio a calmaria. Veio o sol. As vezes nos desesperamos com a chuva forte. As vezes por meio da razão fazemos coisas que nos arrependemos depois. Ainda bem que na maioria das ocasiões, nos corações de loucos, poetas e profetas os sentimentos de amor, felicidade, alegria falam mais alto. Nos magoamos e magoamos os outros por não pensar direito, por não deixar sentir. Por não compreender. Devemos ter mansidão em nossos corações. Devemos compreender e ouvir. Sentir, deixar-se ser. É assim que se constrói um amor, é assim que se constrói uma vida. Viu quase desisti, mas não é a hora, se é que um dia ela chegará. Tem um livro do Paulo Coelho (apesar de não gostar muito dele ele escreve bem) o nome do livro se não me engano é 'Veronica decidi morrer'. Neste livro ele retrata a vida de uma mulher que descobre que está com um doença muito rara e que não passará de mais alguns dias de vida. Ela então começa a ver o mundo com outros olhos, começa a viver como se cada dia fosse o ultimo. Ela deve ter vivido bastante com muita intensidade, brincando com a vida e os sonhos. Já que os momentos são eternos, pelo menos para Verônica e eu, que tal vivermos assim: Desejando o renascimento do novo com cada dia que surge! Que o amor, a felicidade e a alegria brilhe como os primeiros raios de sol ao nascer. Bom era isso. Sabe sai fortalecido desta tempestade. Apesar das mil e uma duvidas que rodeiam a minha cabeça, prevalece a certeza de que te ADORO e que te QUERO. 'Do ventre nasceu um novo coração. Das duvidas e das perguntas nasceu a certeza. Da tempestade nasceu o sol. Do nada veio você. De você surgiu o encanto. Do encanto a magia do amor. Do amor-magia a sedução. Da sedução a felicidade. Da felicidade apareceu eu. De mim nasceu um coração cheio de amor para viver com sonhos e utopias. E deste amorsonhoutopico brotará a cana, de onde vira a cachaça, e as flores e frutos que se transformaram em mel para nos embebedar com o doce da vida. Se embriague com a vida.'

TE ADORO

Elisandro Rodrigues

P.S 1: Estou pronto para o que der e vier, minha armadura já esta forjada.

P.S 2: Tentarei escrever com pessimismo e com tristeza. Mas isso só quando eu deixar de sonhar.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento