14.6.06

Da Esperança e do Profetismo

Amigas e Amigos!
P.S: Depois de alguns bons dias sem lhes dirigir uma palavras, tento soltar o verbo novamente. Espero chegar a vocês em bons dias, apesar do frio aqui no sul, espero que todas e todos se encontrem bem. Escrevo depois de algum tempo, e tento escrever diferente, com um novo paradigma, só tento também, mas vamos ver no que dá...
...do frio de Porto Alegre...tentando escrever....Elisandro Rodrigues!


Poderia hoje, aproveitando o clima frio do Estado do Rio Grande do Sul, escrever sobre amor que aquece e que queima os corações. Poderia escrever sobre a Educação em Paulo Freire ou sobre o processo de Educação na fé da Pastoral da Juventude. Poderia até escrever sobre o “atentado terrorista” que aconteceu em Lomdres. Por que não escrever sobre a reunião do G-8 na Escócia e de toda as manifestações que a juventude está fazendo. Ou quem sabe escreva sobre o que mais se vê na mídia nas ultimas semanas, a crise no governo Lula, o mensalão e a corrupção. Mas venho escrever a vocês sobre um fato que não está na mídia e poucos conhecem. Queria lhes falar de profetismo e esperança.
Para escrever sobre isso, gostaria de lhes contar uma coisa: um amigo meu, Leon é o nome dele (é um cara legal, sonhador, lutador, utópico e amante da vida e do mundo), me contou uma coisa que não sabia, falou que existe um país onde há um grupo que se intitula o exercito de sonhadores.
Fiquei muito interessado nesta história, ele me falou o seguinte: “somos um exercito de sonhadores, por isso somos invencíveis; como não ganhar com esta imaginação?! (...) não podemos perder ou, melhor dizendo, não merecemos perder.” Disse ele, que esta frase é de Marcos. Fiquei pensando que Marcos? Depois de uns segundos de silencio ele me explicou melhor.
- É do subcomandante Marcos, do Exercito Nacional Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) do México. Esta frase ele escreveu uma vez para o Eduardo Galeano explicando o por que deles lutarem, e de não desistirem.
Não sabia que ainda existia o EZLN, e que luta ainda contra a opressão que o governo faz contra os índios mexicanos da região de Chiapas e de todo o México. Fiquei encantado durante a prosa que tive com meu amigo. Fiquei mais surpreso ainda de eu, que me digo uma pessoa meio-esquerda e meio-intelectual, não saber de uma atuação de um povo que luta, unido, pela sua libertação e pela sua soberania.
Por isso que hoje digo a vocês que lêem estas palavras: ainda existe a esperança de um mundo novo. Mas para isso, é necessário que haja profetismo. Profetismo que é denuncia da exploração, da corrupção, da miséria, do empobrecimento, da morte....
Só há esperança se houver luta, luta unida, luta por um ideal que está no horizonte, da construção de uma nova sociedade. Subcomandante Marcos, segundo meu amigo Leon, falou o seguinte: Nós, os zapatistas, queremos para todos tudo, para nós nada. Todos os que com arma ou sem arma, com rosto ou sem rosto, indígena ou não indígena tomam para si nosso sonho de um pais melhor, são zapatistas.
Profético e esperançoso.

P.S: quem sabe não tomamos o exemplo deste povo e fazemos o mesmo contra o que esta ocorrendo aqui me nosso país.

...O Elisandro esperançoso com a luta de um povo que se acha apático, refletindo se é mesmo
meio-esquerda e meio-intelectual.
PoA /Frio/Julho de 2005.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento