12.6.06

CARTA A UM NOVO AMOR-AMIGO - parte I

Hoje, te procurei em meio a livros, poesias, músicas, textos. Procurei encontrar algo que traduzisse o que eu estou sentindo. Foi vá a procura. Nada do que li e escutei conseguiu dizer o que eu estava a sentir. Então decidi escrever, não escolhi palavras, só escreverei. Peço que sinta as palavras. Você me disse que o que estávamos sentindo era só momentâneo. Não acredito nisso. Acredito e lhe disse, que os sentimentos são verdadeiros. Puros. Devemos alimentar eles com os sonhos, as utopias e alegrias. Estou a sentir o que sentia por ti. Amor, não , seria pretensão minha por que pouco nos conhecemos. Apesar da palavra amor traduzir vários outros sentimentos. Poderá ser paixão, mas dizem que as paixões são passageiras, momentâneas. Então também não é isso. Felicidade, acho que é isso. Sinto me feliz por pensar em você, uma onda de alegria perpassa o meu coração e minha alma ao lembrar-te. A felicidade, acredito eu, une o amor, a beleza, os sonhos... Não sei como lhe escrever, não sei se gostara. Dizes que ainda estava insegura comigo, que os meus sonhos e a minha liberdade lhe deixavam assim, com medo. Que não conseguia acompanhar os meus passos, não conseguiria voar ao meu lado. Mas sabes, te ajudo a voar. Se quiseres deixo me estar ao seu lado. Como disse Pablo Neruda, "pra sonhar é necessário antes acreditar, pra acreditar é necessário antes ter o coração aberto para o novo..." Você tem o coração aberto, só falta deixar sair os sonhos. O medo, a insegurança que tens é normal. O medo de em pleno vôo cair e se machucar. Medo de se cansar no primeiro bater de assas. Mas estarei contigo, se for preciso descer para a terra firme o faremos. E iremos caminhando lado a lado. Se isso fará com que sinta mais segurança. O medo logo passara e dar alugar as coisas bonitas. Sabe que até os mais pessimistas ficam abalados com a beleza da vida. Com o mistério com que ela se desvela a nós. Com a magia com que acontece as coisas em nossas vida. Olhe só nós! Me diga, senhora pessimista ! como não ficar pasmo diante da infinita beleza que se revela aos nossos olhos e ao nosso coração com as pequeninas coisas que surgem do nada. O processo, a história, a vida nos leva a descobrir. Para isso precisamos estar abertos, deixar-se sentir, deixar-se entregar, deixar-se Ser. É difícil nos doarmos a algo inteiramente, as pessoas que vivem segundo esta magia sempre saíram feridas, aranhadas e machucadas. Mas mesmo assim nenhum sofrimento será comparado ao que sentimos e vemos ao experimentar a beleza, o amor e a felicidade. Me desculpe, desculpe por meus olhos verem os horizontes mais distantes. Me desculpe por acreditar nas pessoas. Desculpe por acreditar em você. Espero que entenda e compreenda que eu gosto de você, que eu Te Adoro. Fico por aqui, não escrevi tudo ainda, não disse tudo ainda, mas por enquanto esta bom. Os primeiros passos já estão marcados na grama. Todo o caminho que trilharmos agora será por conseqüência destas primeiras marcas. Há! Uma ultima coisa, me deixaste em crise com a sua doçura e sinceridade. Mas uma coisa tenho certeza. Quero te ao meu lado como amiga, anjo, companheira e amante.
Bjos.
Elisandro Rodrigues
P.S: Deixemos sentir para sermos o que queremos Ser: livres, amantes, alegres, felizes, loucos, utópicos... Não quero interferir no amor e nem no medo

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento