30.6.06

SANTA LOUCURA

Estava a refletir, pensando na vida, na sombra de uma árvore. Sentado sobre a grama verde, sentindo o vento bater em meus cabelos, quando chega Ruah (meu amigo musaranho). Ele ficou ali aproveitando o momento e a natureza.
Depois de alguns minutos ele me disse:
-Sabes, ávida é uma loucura!
Distraidamente perguntei o “por quê”. Ele me respondeu poeticamente falando assim.
- A vida é uma loucura por que a gente a faz assim. Na verdade a vida é bela, calma, pacifica e ela deixa que a gente construa os caminhos. É nesta caminhada que podemos e que fazemos ela transformar-se, podemos aproveitar cada segundo ou viver na mesquinhez ate a nossa morte. É só termos coragem de optar em ser livres ou não.
Poético ou não, o que ele me falou deixou mais reflexivo. Não escutei mais o que ele estava me dizendo, pois os meus pensamentos foram para outro lugar. Este lugar tinha endereço e nome. O endereço era a rua da Felicidade, travessa da Utopia e o nome que me conduziu até este lugar era o seu.
Estava em paz e com uma tremenda alegria após ler sua carta. Você me deixa assim, com este sentir-se Bem. Me diga, você é Feiticeira? Pois me encantou, me enfeitiçou. Quando olho para seus olhos eles me conduzem para um mundo novo, onde me sinto tão bem. Quando lhe beijo fico embriagado com o gosto de seus lábios o que me deixa mais leve.
Quando toco seu corpo o meu se estremece todo. Pois seu corpo é como o vento e as ondas do mar, e igual são suas caricias, navego e voa por lugares distantes.
Loucura ou não, é muito bom. É belo, bonito e alegre este momento. Digo-te que não esquecerei estes momentos. Não esquecerei seus beijos, seus olhos, seu corpo, o seu jeito de ser.
Quero nestes últimos dias te consumir de corpo e alma.

Beijos com sabor de mel e abraços de brisa.

Elisandro Rodrigues
Na Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas
Fevereiro de 2006.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento