12.6.06

Apenas o Início

Começo outro blog, para publicar meus textos. Etarei colocando todos os antigos novamante.
Abraços
Elisandro




APENAS O INÍCIO...
Começo simples. Um lápis, uma folha em branco. Algumas idéias na mente. Sentado em um lugar agradável para escrever, na beira de um lago - não é bem um lago, é um banhado, com muito verde por cima da pouca água que existe. Os pássaros, que por ventura são símbolos da liberdade, estão a cantar. São pássaros de varais espécies. Marequinhas acham comida na planície. Sabiás descansam nos galhos secos. As garças estão sentadas em bando, como é de costume delas. É um lugar bonito e que traz uma sensação de paz e de descanso. Para ajudar o vento sopra fraco, prenunciando a chuva que está por cair. É, dia agradável para começar. De onde estou vejo crianças a brincar. Uma andam de balanço. Outras dessem de escorregador. Umas se sujam na terra, e algumas correm umas atrás das outras. Neste momento chegam cinco meninas perto de mim para olhar o banhado. Chegam mais logo se vão. Mas antes me avisam que tem um 'bicho' na minha camiseta. É uma abelha. É primavera ainda, e perto de mim te uma árvore florida. Dou uma olhada para ver onde as crianças estão e as encontros mais a frente tentando descer e chegar mais perto do banhado. Por que começar hoje? Não sei. Mas sei que é um bom dia. Começarei hoje uma coisa que há tempos comecei. Escrever. Mas hoje escrevo diferente, quero escrever para você lerem. Hoje escrevo não só para mim. Por mais que escrever seja o ato de um individuo só, e o ato de ler também o seja. É ainda uma forma de comunicação entre duas pessoas, assim não se torna algo isolado, mas as palavras nos mostram o amor, a felicidade as alegrias e os sonhos. Hoje começo a escrever para os outros. Não espero que eu seja 100% compreendido no que escreverei, ou que seja lido por uma multidão de pessoas. Mas percebo que o simples ato de começar já se torna importante e histórico. Pois é um ato de coragem, de loucura, de teimosia. Bom como todo escritor, pensou eu, tem algumas pessoas em quem se basea, eu primeiramente me deixo conduzir por três pessoas, ou por três exemplos. A primeira pessoa é o meu formador, que tive na época de seminário, o nome dele é Paulo. Ele sempre me dizia, "o papel aceita tudo". Por isso que coloco nele todas as loucuras que sinto e vejo pelo mundo, pensei eu, se o papel aceita tudo, deve aceitar uma letra horrível minha, mas que tem vida na sua escrita. A segunda pessoa é um contista e cronista, Marcelino Freire, conheço pouco ele, e o que ele escreveu, mas ele escreve com amor, e escreve coisas do cotidiano, sobre as alegrias e tristezas do nosso dia a dia. Ele nos diz que "precisamos expressar o que vemos e ouvimos, este cotidiano fútil, e as vezes inútil, mas que sempre tem uma lição de vida a nos dar..." E por fim a ultima pessoa, que escreve muito bem, com paixão e amor, é um grande mestre na arte de amar e escrever, um místico da poesia e da prosa. Ele nos ensina a escrever com todo o amor que temos, com nossa alegria e felicidade, ensina a brincar com nossos sonhos e nos leva a descobrir maravilhas. Um homem que transforma as palavras em pão e mel, em poesia. Esta figura é Rubem Alves. O inicio então já foi dado... O balde foi chutado... A ordem foi quebrada... Mas esperem, a chuva fina começa a cair, e é só o inicio..... Elisandro Rodrigues

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento