12.6.06

DESEJO?

Desejo-te e não quero-te.
Quero-te e não te desejo.
Quero-te ao meu lado, e ao mesmo tempo longe de mim,
Desejo-te como a escuridão deseja a Luz Como a Boca deseja o Beijo
Desejo-te como a carne deseja o calor como amante e como amiga
Isso tudo e muito mais percebo em mim e em ti Vejo em seus olhos!
Desejo?
Atração?
Ou uma simples Ilusão?

Elisandro

Nenhum comentário:

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento