22.9.08

Fim de inverno

Frio. Mas é o último dia de inverno, a primavera já chega com suas flores e orquídias. Ele a abraça forte, sente seu corpo. Sente o perfume dela. A beija de cima a baixo. Conduz sua mão pelo corpo aquecendo naquela ultima noite de inverno. O cansaço toma conta dos corpos. O suspiro de prazer está acima do cansaço. O suspiro. O abraço. O beijo. O toque. Todos os pequenos movimentos compõem a dança que os corpos vão conduzindo lentamente até chegar ao prazer supremo. Abraçam-se mais forte e assim terminam o inverno e iniciam a primavera.

Elisandro Rodrigues
inicio de primavera

2 comentários:

Anônimo disse...

Estou amarrada em ti:
Do dedão do pé que tanto conversa
à menina que tanto rí.

CLARIDÃO disse...

O inverno, sempre volta, e o fim também. Eu prefiro flores e abraços de primavera.
abraços. tankiu.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento