Estava cansada. Seu corpo todo doía. Dor de cansaço físico mas também de prazer. Aos poucos de fragmentos em fragmentos ia se reconstruindo. Sua vida andava agitada, uma correria sem tamanho e dimensão. Mal tinha tempo para arrumar suas coisas. Parece que o furacão que era ela mesmo tinha passado sem perceber por sua própria vida. Estava cansada porém feliz.
No computador imagens do final de semana. Fotos de rostos pintados – boneca de pano, palhaços, mendigos – fotos do makin off das gravações que participará. Ao lado de sua cama um buque de flores do campo. Pendurado no teto junto com as girafas voadoras uma bailarina emaranhada de fios, uma bailarina de arames entortados. No pé uma estrela. Parecia que a escultura voava sob os céus. Final de semana perfeito anotava ela em seu diário mental, anotava em suas recordações e lembranças.
Nem precisava anotar muito, ficará gravado em seu corpo todos os prazeres e recordações. Como um mapa sabia cada caminho ao que ele levava. Fazia quinze dias que o conhecia e foram os dias mais felizes e alegres até aquele momento de sua vida. Não sabia onde estes caminhos, este rio que era o menino, a levariam mas rezava a todos os deuses e deusas para que as estradas nunca acabassem, rogava que as águas deste rio continuassem a correr ora devagar, ora com correntezas fortes sempre levando em frente.
Dormiu com um sorriso no rosto, sorriso que ultimamente estampava seu rosto todos os dias.
Elisandro Rodrigues
15 de setembro de 2008.
Um comentário:
Essa bailarina, meio móbile, meio sonho.
é a representação do meu eu, nele.
da minha vontade, nele.
ele me olha, me sente, me vê.
sabe tudo o que eu vejo e sinto.
e eu vejo a sombra da bailarina na parede,
refletindo lembranças e cheiros..
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