6.8.07






Na espera do abraço...






Não tem sol, nem solução



não tem tempero no meu dia



Não faz mal se a situação não traduz nossa alegria



Não ter festa dá a impressão de que o mundo ficou sério



não tem bala, belo, bola ou balão



não tem bula meu remédio...
Não tem mal, nem maldição



não tem sereno no meu dia



Não tem sombra e assombração



Não tem disputa por folia



Tem bola de capotão, capitão capture essa menina



tem saudade e saudaçãotem uma parte que não tinha...



(Uma parte que não tinha – O Teatro Mágico)






Dia triste. Céu fechado. Dia cinza. Poucas esperanças. Mas como diriam os mais sábios a esperança é a última que morre. Minha alma sai de casa a procura da parte que ainda não tem. Na procura desta parte sigo em frente, em um tempo curto que é o tempo da viajem que faço de uma parte da cidade a outra, vejo e esbarro os meus olhos em muitas coisas: jovens, idosos, miséria, pobreza, riqueza, alegria, felicidade...tudo junto, como se fosse cada coisa uma coisa só, mas ao mesmo tempo tudo separado e distante um do outro. Penso na distância de seu abraço...
Chego ao meu destino. Aqueço-me no sol a espera... Aqueço meu coração a espera...de um abraço!
O dia triste ainda está. Mas ao vê-la chegar o dia muda. O céu abre, e o sol aparece ao mesmo tempo em que vejo seu sorriso. O corpo aquece com o abraço recebido. Parece que tenho uma parte que eu não tinha.
O dia ainda continua frio, mas meu corpo não se importa com ele, está aquecido pelo abraço gostoso, pelo sorriso singelo e sincero. Enquanto caminhamos penso. Penso na beleza do encontro, na alegria do olhar. Vejo nos olhos seus o brilho. E no meus sinto a felicidade transbordado. O dia vai dando lugar à noite. A noite cede o lugar ao chocolate quente, a conversa agradabilíssima sobre a vida: musicas, filmes, idéias e pensamentos que temos.
Filme é isso que vamos ver. No escuro nossas mãos se procuram, se amam, se beijam, se tocam. Deixo minha cabeça descansar no seu ombro e meu corpo se aquecer junto ao seu.
Como tudo vem, e tudo vai. Com o dia cede lugar a noite, a noite chega ao fim. Me despeço. Te abraço forte para sentir-te mais perto. Meus olhos procuram os seus, e neles percebo uma faísca de que o impossível pode se tornar possível. Minha boca fica tentada a sentir o gosto de chocolate e mel de sua boca. Agüento a tentação a espera de outra oportunidade.
Vou para casa na espera de que outros dias como estes venham. Que outros abraços e outras conversas sejam possíveis.






Que o teu afeto me afetou é fato



Agora faça me um favor



Um favor... por favor



A razão é como uma equação



De matemática... tira a prática



De sermos... um pouco mais de nós!
(Fé Solúvel – O Teatro Mágico)

Elisandro Rodrigues
Inicio de agosto.


Na saudade e an espera dos abraços quentes.
Imagens retiradas do site http://fotolog.terra.com.br/zombando

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento