25.8.07

Por onde escorre a tua vida tão longe da minha?

Minha vida escorre aos poucos... passam horas...minutos...segundos...dias e meses...e onde você está? Procuro-te em todos os lugares. Caminho durante a noite por entre os bares. Mas nada de te achar. Ando perdido durante o dia. Nas feiras. Nas lojas. Nos ônibus... mas nada de te encontrar...
As vezes penso que te perdi para sempre, mas sem esperar estou a tua procura novamente. Não me permito desistir. Por isso brinco com as palavras... para ver se assim chego mais perto de você. Se me leres me sentirá e me verás através das palavras, quem sabe até escute sussurrar em seu ouvido poesias e músicas que amas...
Não sei se me procuras... duvido, horas tenho certeza...mas ainda levo em meu peito a dor da distância, mas em minha boca trago o gosto dos beijos - ainda não dados- e em meu corpo teu perfume e seu toque...
Procuro-te e ao mesmo tempo te espero. Procuro-te para encontrar-te antes que chegues, antes de minha vida escorrer para o fundo da solidão... para longe de mim mesmo...te procuro e sigo caminhando por onde o sonho é real, pois como diria o poeta: "O caminho se faz ao caminhar...".

O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta
E nem te contei uma novidade, quente
Eu nem te contei
Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Eu nem te falei
Que te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor
E não porque eu sofria
Mas você chegou já era dia
E não tava sozinho
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar
(Os Paralamas do Sucesso - Uns Dias )

Elisandro Rodrigues
Procurando...

Um comentário:

Anônimo disse...

te adoro
=***

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento