25.8.07

O olhar de um anjo é cor de mel...

“A voz de um anjo sussurrou em meu ouvido,
eu não duvido eu já escuto teus sinais...”

Existe um escrito chamado Neil Gaiman, no seu livro “Os filhos de Ananci”, ele fala que “...Coisas. Elas surgiam. É o que as coisas fazem, Elas surgem...” Com esta frase tento escrever sobre um anjo de olhos cor de mel. Olhos que quando vi, parecia estar olhando para o fundo do mar. Olhos que falam, que contam histórias, que espalham ternura, que dizem que a vida deve ser vivenciada e desfrutada com extrema intensidade. E que fazem surgir coisas...coisas boas, histórias novas. Existem muitas pessoas que desrutam de uma visão, e olhos, perfeitos mas nada vêem. Este anjo, do qual falo, seus olhos, ao contrário, são instrumentos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo e com os olhos das outras pessoas. Nos seus olhos vi o prazer. Nos seus abraços, poderia sentir afago, carinho, proteção, aconchego, me daria muito chamego. Fico pensando no seu tato...deslizando pelo meu corpo, suas mãos suaves...Nisso está a sua delicia-no deixar sentir! Nisso está seu perigo.

Seu toque deve ser perigoso! Suas mãos que afagam, seu corpo que traz calor e proteção devem encantar. Se me enfeiticei com seus olhos, o que esperar do resto de seu corpo.

Um filosofo nos fala: o que não passa pelo corpo não trasforma, não traz mudanças. Deve ser por isso que me cativaste tanto, você passou e está no meu corpo. Meu anjo me sussurrou para nunca esquece-lá, mas como esquecer a experiência que vivenciei no simples olhar, experiência que fez-se transcendência. Sabes, aquilo que a memória, o corpo, a boca, as mãos amaram, isso fica eterno. Com um simples olhar se tornás eterna em meu coração e no meu corpo. Esta coisa que surgiu, quando nossos olhos se encontraram, não sei meu anjo o que és!Mas sei que és. Devo estar louco!Primeiro por querer um anjo, segundo este anjo ter olhos cor de mel, e que toca, beija, abraça, cheira. Segundo, por querer entender a lógica dos sentimentos e este fogo que arde no peito. Os sentimentos a gente não traduz com palavras, a gente sente simplesmente.Mesmo sabendo que meu corpo não te esquecerá, reforço minha memória com a sua fala e utilizo da poesia e da música para lembrar de você, para me alimentar mais de você, do seu jeito simples e encantadora de ser...anjo de olhos cor de mel...anjo simples de pureza e ternura...simplesmente anjo...Fico esperando o momento de olhar os seus olhos novamente e ir além do simples olhar...

“Tudo bem quando termina bem
E os seus olhos (e os seus olhos)
Não estãorasos d’água
Mas eu sei que no coração
Ficaram muitas palavras
Um vocábulo interno de ilusão (e de paixão)
Tudo que viceja, também pode agonizar
E perder o seu brilho em poucas semanas
E não podemos evitar que a vida
Trabalhe com seu relógio invisível
Tirando o tempo de tudo o que é perecível
É impossível, é impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti(...)mas antes que eu me esqueça
antes que tudo se acabe
Eu preciso, eu preciso dizer a verdade
É impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti
É impossível esquecer o que vivi”
(Biquíni Cavadão – É impossível)

Anjos sempre estão presentes, mesmo não os vendo sabemos que estão ao nossa lado, você está ao meu lado para me abraçar e dentro de mim para amar...em meu corpo para me sentir...e assim sempre o será...

Elisandro Rodrigues
Para não perder o brilho e para sempre lembrar que a distância mantém os corpos, os olhos, as mãos longe, mas deixa as almas mais livre para voar e se encontrarem construindo assim o que quiserem...

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento