26.8.07


"Ou o tempo é nada ou é invenção."
Bergson foi um filósofo francês que teve muita influência nos meados do século XX. Ganhou prêmio Nobel de Literatura em 1927, e é dele a frase com que inicio este texto e dá titulo ao que escrevo. Utilizo muito está passagem para inúmeras coisas que escrevo, a última vez que a utilizei foi para a gravação da minha mensagem de agradecimento para minha formatura, aliás todos estão convidados e convidadas, dia 19 de janeiro de 2008. Mas hoje utilizo esta frase com um sentido mais amplo, trazendo para o campo do teatro e do fazer arte.
O Grupo Baú de Encantos vem nestes últimos meses inventando o tempo, ou criando com o tempo. São muitas as atividades que já temos agendadas e alguns projetos que estão começando a aparecer, como por exemplo um projeto de contação de histórias e oficinas de teatro com crianças que moram em abrigos. Para um grupo que nasceu este ano já estamos bem, com muitas atividades, muitas apresentações e alguns espaços de articulação.
Todo este trabalho que estamos realizando é algo diferente, para nós, e acreditamos para o teatro e o tema de produção e geração de renda. Sabemos que no Brasil são muitos os grupos culturais que trabalham com Economia Popular e Solidária (Geração de Renda), mas são poucos os que estão ligados com a temática do teatro.
Como nos fala Spolin: “A partir do objeto da procura de autenticidade e verdade, o teatro torna-se a possibilidade de restauração da verdadeira produção humana (...) Longe de estar submisso a teorias, sistemas, técnicas, leis, o ator passa a ser artesão de sua própria educação, aquele que produz livremente a si mesmo (...) O Fazer artístico é concebido como uma relação de trabalho.” (Viola Spolin. Improvisação para o teatro. São Paulo: Editora Perspectiva. Pg 13 e 14). Podemos perceber que a relação de trabalho com a arte está muito ligada, e que com isso restauramos a produção humana e a educação. O que queremos com a proposta do Baú de Encantos é isso: produzir reflexão, educação e geração de renda através do trabalho com o teatro.
Queremos inventar de uma forma criativa e lúdica, onde possamos trazer temas polêmicos, como o da pirataria, temas de reflexão como o mundo da imaginação e de provocação trabalhando a temática da conformidade juvenil. Tudo isso de um jeito simples, quase que de leigos que querem produzir teatro, mas também de uma forma divertida onde possamos estabelecer na relação do teatro possibilidades de sermos mais humanos.
(Elisandro Rodrigues)
Texto escrito para o blog do Grupo Baú de Encantos: http://baudeencantos.spaces.live.com/

25.8.07


"It's sometimes a mistake to climb, it is always a mistake never even to make the attempt. If you do not climb, you will not fail. This is true. But is it that bad to fail, that hard to fall?
Sometimes you wake up. Sometimes the fall kills you. And sometimes, when you fall... you fly."

(Neil Gaiman, in The Sandman )
Como sabes então o que vai acontecer? Não sabes. Tens de confiar no Sonho. Fugir só será pior...
Por onde escorre a tua vida tão longe da minha?

Minha vida escorre aos poucos... passam horas...minutos...segundos...dias e meses...e onde você está? Procuro-te em todos os lugares. Caminho durante a noite por entre os bares. Mas nada de te achar. Ando perdido durante o dia. Nas feiras. Nas lojas. Nos ônibus... mas nada de te encontrar...
As vezes penso que te perdi para sempre, mas sem esperar estou a tua procura novamente. Não me permito desistir. Por isso brinco com as palavras... para ver se assim chego mais perto de você. Se me leres me sentirá e me verás através das palavras, quem sabe até escute sussurrar em seu ouvido poesias e músicas que amas...
Não sei se me procuras... duvido, horas tenho certeza...mas ainda levo em meu peito a dor da distância, mas em minha boca trago o gosto dos beijos - ainda não dados- e em meu corpo teu perfume e seu toque...
Procuro-te e ao mesmo tempo te espero. Procuro-te para encontrar-te antes que chegues, antes de minha vida escorrer para o fundo da solidão... para longe de mim mesmo...te procuro e sigo caminhando por onde o sonho é real, pois como diria o poeta: "O caminho se faz ao caminhar...".

O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta
E nem te contei uma novidade, quente
Eu nem te contei
Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Eu nem te falei
Que te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor
E não porque eu sofria
Mas você chegou já era dia
E não tava sozinho
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar
(Os Paralamas do Sucesso - Uns Dias )

Elisandro Rodrigues
Procurando...
O olhar de um anjo é cor de mel...

“A voz de um anjo sussurrou em meu ouvido,
eu não duvido eu já escuto teus sinais...”

Existe um escrito chamado Neil Gaiman, no seu livro “Os filhos de Ananci”, ele fala que “...Coisas. Elas surgiam. É o que as coisas fazem, Elas surgem...” Com esta frase tento escrever sobre um anjo de olhos cor de mel. Olhos que quando vi, parecia estar olhando para o fundo do mar. Olhos que falam, que contam histórias, que espalham ternura, que dizem que a vida deve ser vivenciada e desfrutada com extrema intensidade. E que fazem surgir coisas...coisas boas, histórias novas. Existem muitas pessoas que desrutam de uma visão, e olhos, perfeitos mas nada vêem. Este anjo, do qual falo, seus olhos, ao contrário, são instrumentos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo e com os olhos das outras pessoas. Nos seus olhos vi o prazer. Nos seus abraços, poderia sentir afago, carinho, proteção, aconchego, me daria muito chamego. Fico pensando no seu tato...deslizando pelo meu corpo, suas mãos suaves...Nisso está a sua delicia-no deixar sentir! Nisso está seu perigo.

Seu toque deve ser perigoso! Suas mãos que afagam, seu corpo que traz calor e proteção devem encantar. Se me enfeiticei com seus olhos, o que esperar do resto de seu corpo.

Um filosofo nos fala: o que não passa pelo corpo não trasforma, não traz mudanças. Deve ser por isso que me cativaste tanto, você passou e está no meu corpo. Meu anjo me sussurrou para nunca esquece-lá, mas como esquecer a experiência que vivenciei no simples olhar, experiência que fez-se transcendência. Sabes, aquilo que a memória, o corpo, a boca, as mãos amaram, isso fica eterno. Com um simples olhar se tornás eterna em meu coração e no meu corpo. Esta coisa que surgiu, quando nossos olhos se encontraram, não sei meu anjo o que és!Mas sei que és. Devo estar louco!Primeiro por querer um anjo, segundo este anjo ter olhos cor de mel, e que toca, beija, abraça, cheira. Segundo, por querer entender a lógica dos sentimentos e este fogo que arde no peito. Os sentimentos a gente não traduz com palavras, a gente sente simplesmente.Mesmo sabendo que meu corpo não te esquecerá, reforço minha memória com a sua fala e utilizo da poesia e da música para lembrar de você, para me alimentar mais de você, do seu jeito simples e encantadora de ser...anjo de olhos cor de mel...anjo simples de pureza e ternura...simplesmente anjo...Fico esperando o momento de olhar os seus olhos novamente e ir além do simples olhar...

“Tudo bem quando termina bem
E os seus olhos (e os seus olhos)
Não estãorasos d’água
Mas eu sei que no coração
Ficaram muitas palavras
Um vocábulo interno de ilusão (e de paixão)
Tudo que viceja, também pode agonizar
E perder o seu brilho em poucas semanas
E não podemos evitar que a vida
Trabalhe com seu relógio invisível
Tirando o tempo de tudo o que é perecível
É impossível, é impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti(...)mas antes que eu me esqueça
antes que tudo se acabe
Eu preciso, eu preciso dizer a verdade
É impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti
É impossível esquecer o que vivi”
(Biquíni Cavadão – É impossível)

Anjos sempre estão presentes, mesmo não os vendo sabemos que estão ao nossa lado, você está ao meu lado para me abraçar e dentro de mim para amar...em meu corpo para me sentir...e assim sempre o será...

Elisandro Rodrigues
Para não perder o brilho e para sempre lembrar que a distância mantém os corpos, os olhos, as mãos longe, mas deixa as almas mais livre para voar e se encontrarem construindo assim o que quiserem...

21.8.07


Escutando histórias....


Esta estória que lhes conto agora, foi me contado em uma roda de conversas, a muito tempo atrás, na época em que existiam pessoas que sentavam em roda e contavam histórias na beira das fogueiras a luz do luar.
Foi um senhor de idade, um velho, que me contou. Não faço idéia da idade dele, mas pelo jeito passara dos cem anos. Eu estava em um momento muito reflexivo de minha vida e encontrei por acaso aquele grupo, pois estava perdido na noite e resolverá acampar em um local seguro para continuar minha peregrinação, no grupo ao redor da fogueira tinha umas seis pessoas, dentre elas este velho. Fiquei sabendo depois que este velho sempre ficava neste mesmo lugar, e noite após noite contava histórias aos viajantes.
Mas a história que ele me contou era assim: dizia ele que existiu um reino distante chamado Solidão. Disse também que neste reino se encontravam muitas pessoas que viviam sozinhas nesta cidade chamada Solidão. Esses habitantes eram sós. Nunca conversavam com ninguém, nunca se tocavam, nem um olhar nos olhos eles davam. Até mesmo os viajantes quando chegavam nesta cidade eram como que enfeitiçados, ou entendiam bem, e não falavam nada, compravam gesticulando, nunca olhando nos olhos, nunca falando, nunca dando atenção.
Mas eis que um fato neste lugar aconteceu, uma jovem, de olhos encantadores, despertou em um viajante o fogo da paixão. Este andarilho fez de tudo para e aproximar desta moça. Mas como neste lugar o chegar perto mais de uma vez sem um motivo claro, era uma ofensa grave aos costumes, e este andarilho apaixonado foi exilado no lugar mais distante deste reino. Muito tempo ficou lá. Tempo que nem mesmo os calendários suportaram contar.
Quando este jovem foi solto de sua prisão, sai logo a procura da moça que o encantara. Mas não achou ela na cidade. Decidiu sair a procura dela por todos os reinos que conhecia e desconhecia. Ele escutou, que as autoridades haviam matado ela por desobedecer às regras estabelecidas pelos sábios da solidão, foi acusada de olhar nos olhos do viajante e lançar-lhe sorrisos. Por isso teria sido morta. Mas o jovem, de coração apaixonado não acreditou e lançou-se em sua jornada. Não sabia ele, e o velho disse que ele ainda não sabe, que ela fora exilada em reinos muito distantes, mas que havia escapado e estava também a procura dele, mas como nenhum dos dois soube informação do outro, ainda estão um a procura do outro.
Depois que o velho contou isso, fiquei um pouco a me esquentar na fogueira pensando na história e logo adormeci. Na manhã seguinte quando fui procura-lo para saber mais detalhes deste reino e destes jovens apaixonados, não o encontrei. Continuei meu caminho...a procura de um olhar e de um sorriso.


"A solidão é fera, a solidão devora, é amiga das horas, prima irmã do tempo e faz nossos relógios caminharem lentos causando um descompasso no meu coração...”(Ana Marques)


Elisandro Rodrigues
Agosto de 2007.Caminhando por reinos a procura de um olhar, de um sorriso e de um abraço...

(Foto de Ana Marques)

20.8.07

Sem Identidade


Muitas pessoas hoje vivem em uma crise de identidade. Os paradigmas não são mais os mesmos. O nosso mundo avança de uma forma muito rápida, onde as pessoas não conseguem acompanhar, onde é difícil de se acompanhar. O "stress" e a depressão tomam conta dos seres humanos, e assim às pessoas acabam perdendo a identidade, ficando sem rumo em suas vidas.
Existem outras que com o mundo globalizado, acabam querendo imitar as modas, tornando-se assim iguais ao que a mídia impõe. Também há aqueles que não sabem quem são mesmo.
Não sei onde eu estou neste universo de gente sem identidade. Só sei que perdi a minha identidade. Não sei onde. Não sei se foi na universidade, se foi na casa dos amigos e amigas. Se foi no passeio na Redenção ou no Gasômetro. Só sei que sou um homem sem identidade.
Um homem sem a Carteira de Identidade.

P.S: Depois de pensar e de escrever este texto, fui procurar minha carteira de identidade, acabei achando ela nos achados e perdidos da faculdade. Mas que existe muitas pessoas sem suas identidades, sem seu jeito, ou sem uma forma de Ser, isso temos bastante. Muita gente em crise e perdida.
Elisandro
Agosto de 2007.
Com a Carteira de identidade achada, mas a identidade, sei não...

19.8.07

Um "Findi" em POA!


Sábado. Dia inteiro em casa. Assistindo filmes no "PC" e no TeleCine aberto. Pôr a casa em ordem. Frio danado para sair a noite.Chuva para complicar. Quedas de luz constante. Queda do celular no vaso sanitário. Dia completo, as cobertas me esperam é a unica solução. Que dia do Cão!

Domingo.Sol aparencendo pela manhã para aquecer e alegrar o dia. Sem vontade para fazer a comida em casa. Solução: "Filar" a "boia" na casa de uma colega da "facu". Descer para a Redenção, aproveitar o sol para "lagartear". Tomar um "chimas". Encontrar amigos e amigas. "Prosear" um pouco. Ir para o Gasômetro. Passear com o cachorro da amiga, o Bola. Correr feito Louco com ele para escapar da chuva. Ir para a cidade baixa tomar uma "ceva" Uruguaia, a boa Patrícia. Voltar para o Gasômetro para assistir uma peça de teatro. Tomar um banho de chuva até chegar lá. Encontrar pessoas agradavéis. Terminar a noite com um bom abraço. Que dia dos bons!


"Eita" Final de Semana em Porto Alegre!

Elisandro Rodrigues
Mais da metade do mês de agosto de 2007.
Esperando o próximo "findi".

13.8.07

Sobre uma letra de música e um conto de fadas...


Uma letra de música!

dos ditos que há na terra não
não há nenhum que já declare
já lhe exprima
beleza incerta qualquer coisa singular
só lhe conhece o silêncio das retinas
atrai os loucos e os devora feito mulher
embora guarde em sua alma uma menina
o seu não sei, o que ela tem vai muito além
distante dessa minha pobre rima
dos ditos que há na terra não
não há nenhum
(Ditos – Tijuquera http://tijuquera.com.br/)


Um conto de Fadas!
Perco-me ao procurar o meu amor. O caminho se faz longo. A jornada árdua. Mas não desanimo. Continuo a trilhar o caminho da paixão. Navego mares bravos. Percorro pântanos. Passo por florestas amaldiçoadas. Luto contra soldados e bandidos. Contra leões e dragões. Até chegar ao castelo onde meu amor é prisioneira. Subo até o alto do castelo, para desvencilhar a princesa de sua prisão. Mas ao chegar no topo, ao olhar e contemplar o horizonte fico espantado. Sento-me e admiro a beleza do horizonte. Vejo meu Amor-Princesa-Deusa correr em minha direção a procura do meu abraço. Abraço-a e faço da sua prisão a libertação, faço do castelo nossa morada e do horizonte nossa inspiração.

Elisandro Rodrigues
Agosto de 2007.

Encantado com a vista do castelo.

11.8.07


Fragmentos de poesias e pensamentos...


Belo Horizonte – Flavio Ventutini
Como vai BH?
Ouve a voz da montanha
Como vai?
Sei de cor meu lugar
Belo horizonte
Quando cai a tarde em meu coração
Liberdade a praça das paixões
Se distante a saudade quer chegar
Quem feriu a linda serra do curral
Luz da lua apareceu
Como se fosse sonho meu
Como se fosse bom
Manacá como vai?
Dama da noite como vai?
Se de cor meu lugar
Salve a floresta
Vam andar no prado , Cidade Jardim
Hoje é festa
Na dor das capitais
Nas cinzas dos quintais
Se entreguei meu coração num dia assim
Li seu nome na palmeira imperial
Encantado descobri
Flor de Minas bem ou mal


Muitas das descobertas se dão ao acaso. Se dão pelo fato da curiosidade ser aguçada por pequenos detalhes. O amor pode nascer deste acaso, destes pequenos fragmentos semeados no meio das tempestades, onde pensa-se que não existe vida, só destruição. Quem sabe. Quem sabe onde a flor lançada no vento nascerá. Quem sabe o desfecho dos sonhos que se começam a sonhar. Nos olhos das crianças curiosas, das crianças que teimam em um determinado objetivo, que vão a lugares desconhecidos e misteriosos, que enfrentam em suas brincadeiras mares furiosos, feras sem iguais e penetram no desconhecido...por que não penetrar no seio da tempestade e colher as sementes que voam em seu ventre.


Ela: Oi
Ele: Oi
Tudo bem meu anjo?
Ela: Sim e você?
Ele: Eu também.
Ela: que bom... seus sonhos começaram a se tornar realidade?
Ele: bom, ainda não
mas de um dia para o outro é pouco tempo
mas senti o seu abraço..
Ela: esse tempo é relativo...
já é um começo
Ele: eu senti pelo menos
Ela: já desejar o abraço já é o começo...
Ele: sim, e desejo mais do que um abraço
Ela: que mais você deseja meu caro?
Ele: um afago
um aconchego
.
.
.
Ele: me diz uma coisa
se gosta
de flavio venturini
Ela: adoro!
Ele: to escutando
Ela: chico buarque?
Ele: sabe o que te peço "noites com sol"
não, flavio venturini, ou eu gosto de chico, se é , eu gosto muito
Ela: sim... se você gosta de chico.
estou escutando...
.
.
.
Ela: a companheira abrange todas essas mulheres...
Ele: sim, mas dá um sentido a mais
eu li um texto em que diz, que uma "namorada" ou "namorado" tem que ser: amiga, anjo, mulher, amante e companheira
Ela: isso...
quero ver
Ele: então
verás!
na pratica, pode ser
Ela: rs
antes disso você precisa conquistar 3 coisas...
Ele: o que
me diga cara, o que preciso conquistar para ser seu companheiro
Ela: minha cabeça...
meu corpo
e meu coração.
Ele: o mais dificil será conquistar seu corpo
mas me lançarei nesta cruzada
nesta caminhada
em busca da beleza, da boniteza
Ela: rs...
Ele: seu coração será minha poesia
sua cabeça a beleza e a boniteza
e seu corpo será o caminho sagrado, em busca do mel
dos seus lábios
do afago de suas mãos
do calor do seu ser
Ela: e além da matéria...
Ele: além da materia
a alma
na verdade minha jornada será em busca de seu coração, de sua razão e de sua alma
o corpo, este será o ultimo a receber meu toque
serás o ultimo para saciar a sede de quem vai, nesta jornada em busca de um só lugar
mas para tudo , preciso de três coisas também
Ela: sim...
Ele: preciso das palavras,
preciso da abertura ao novo
e por fim, preciso estar olhando os seus olhos
para completar a peregrinação, a jornada
.
.
.
Ela: se pudesse olhar nos meus olhos agora... o que faria?
Ele:eu adimiraria primeiro
Ela: são transparentes...
Ele: a beleza, a ternura, e a vida que eles contem
Ela:não veria apenas dois olhos claros.
Ele: para assim olhar sua alma
depois de olhar através dos olhos a sua alma
te conduziria, com os olhos fechados, através de palavras para a boniteza que é a poesia e a musica
para te encantar e cantar, e quem sabe de enfeitiçar
para depois abraçar-te, com força, com vontade
e com paixão
que faria se visse você, se visse seus olhos, se te visse neste momento
Ela: como não me vê... conquista meu coração primeiro...
imensamente.
Ele:mas para conquistar seu coração, me diga primeiro:
estás aberta a ser cativada com tamanha intensidade e incondicionalidade

Ela: sempre estive...


"Os outros podem jurar que me conhecem demais... quando acaso penso o mesmo, o demônio diz...há mais.”

Porque há luz por todo o túnel... basta abrirmos os olhos... porque mesmo no escuro há de se amar a beleza de seu horizonte.

"... porque o amor contém mais do que quatro letras ..."


Elisandro Rodrigues(Com a colaboração de M.A)
Agosto de 2007
No calor e no frio...nas sementes e tempestades...

Noite dos Mascarados
Chico Buarque/1966

Ele: Quem é você?
Ela:Adivinha se gosta de mim
Os Dois: Hoje os dois mascarados
procuram os seus namorados
perguntando assim:
Ele: Quem é você,
Ela: Diga logo que eu quero saber o seu jogo
Ele: Que eu quero morrer no seu bloco
Ela: que eu quero me arder no seu fogo
Ele: Eu sou seresteiro,
poeta e cantor
Ela: O meu tempo inteiro só zombo do amor
Ele: Eu tenho um pandeiro,
Ela: Só quero um violão
Ele: Eu nado em dinheiro,
Ela: Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte,
não sei mais dançar
Ele: Eu, modéstia à parte,
nasci prá sambar
Ela: Eu sou tão menina,
Ele: Meu tempo passou
Ela: Eu sou colombina,
Ele: Eu sou pierrô
Os Dois: Mas é carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal,
deixa a festa acabar,deixa o barco correr
Deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira que
você me quer
O que você pedir eu lhe dou,
seja você quem for
Seja o Deus quiser

6.8.07






Na espera do abraço...






Não tem sol, nem solução



não tem tempero no meu dia



Não faz mal se a situação não traduz nossa alegria



Não ter festa dá a impressão de que o mundo ficou sério



não tem bala, belo, bola ou balão



não tem bula meu remédio...
Não tem mal, nem maldição



não tem sereno no meu dia



Não tem sombra e assombração



Não tem disputa por folia



Tem bola de capotão, capitão capture essa menina



tem saudade e saudaçãotem uma parte que não tinha...



(Uma parte que não tinha – O Teatro Mágico)






Dia triste. Céu fechado. Dia cinza. Poucas esperanças. Mas como diriam os mais sábios a esperança é a última que morre. Minha alma sai de casa a procura da parte que ainda não tem. Na procura desta parte sigo em frente, em um tempo curto que é o tempo da viajem que faço de uma parte da cidade a outra, vejo e esbarro os meus olhos em muitas coisas: jovens, idosos, miséria, pobreza, riqueza, alegria, felicidade...tudo junto, como se fosse cada coisa uma coisa só, mas ao mesmo tempo tudo separado e distante um do outro. Penso na distância de seu abraço...
Chego ao meu destino. Aqueço-me no sol a espera... Aqueço meu coração a espera...de um abraço!
O dia triste ainda está. Mas ao vê-la chegar o dia muda. O céu abre, e o sol aparece ao mesmo tempo em que vejo seu sorriso. O corpo aquece com o abraço recebido. Parece que tenho uma parte que eu não tinha.
O dia ainda continua frio, mas meu corpo não se importa com ele, está aquecido pelo abraço gostoso, pelo sorriso singelo e sincero. Enquanto caminhamos penso. Penso na beleza do encontro, na alegria do olhar. Vejo nos olhos seus o brilho. E no meus sinto a felicidade transbordado. O dia vai dando lugar à noite. A noite cede o lugar ao chocolate quente, a conversa agradabilíssima sobre a vida: musicas, filmes, idéias e pensamentos que temos.
Filme é isso que vamos ver. No escuro nossas mãos se procuram, se amam, se beijam, se tocam. Deixo minha cabeça descansar no seu ombro e meu corpo se aquecer junto ao seu.
Como tudo vem, e tudo vai. Com o dia cede lugar a noite, a noite chega ao fim. Me despeço. Te abraço forte para sentir-te mais perto. Meus olhos procuram os seus, e neles percebo uma faísca de que o impossível pode se tornar possível. Minha boca fica tentada a sentir o gosto de chocolate e mel de sua boca. Agüento a tentação a espera de outra oportunidade.
Vou para casa na espera de que outros dias como estes venham. Que outros abraços e outras conversas sejam possíveis.






Que o teu afeto me afetou é fato



Agora faça me um favor



Um favor... por favor



A razão é como uma equação



De matemática... tira a prática



De sermos... um pouco mais de nós!
(Fé Solúvel – O Teatro Mágico)

Elisandro Rodrigues
Inicio de agosto.


Na saudade e an espera dos abraços quentes.
Imagens retiradas do site http://fotolog.terra.com.br/zombando

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento