29.4.09

Sentimentos no corpo.

Ele estava sentado na mesa ao lado dos músicos. Observava atentamente o espaço ao redor: nas paredes de azulejos brancos vários quadros antigos de cervejas e chopp´s. Quadros que remetiam a certo tempo de nostalgia. Tempos passados em preto e branco. Perto dos músicos um mural com fotos antigas, de grandes músicos que passaram por aquele local. Na sua mesa um copo de chopp´s ainda pela metade, um cinzeiro com mais de dez tocos de cigarro, e umas quinze bolachinhas de se colocar o copo de chopp – a conta seria feita a partir delas. Aquele ambiente no meio do centro de Porto Alegre remetia-o para outros butecos de outros estados – Minas, Rio, Sampa...Acendeu um cigarro, e observou os músicos: uma senhora de uns cinqüenta anos tocando piano e um senhor de mais de setenta com seu acordeom. Fechou os olhos e deixou-se levar pela musica, sentiu ela passando por todo o seu corpo. Foi levado daquele buteco para outros mundos, no final da música sentiu uma perna do lado as sua – um calor agradável e gostoso, quase um chamego. Abriu os olhos e viu o sorriso dela ao seu lado. Bateu palmas para a maravilhosa musica tocada, pegou a mão da moça ao seu lado e a beijou. Fechou os olhos novamente e segurando a mão dela continuou a sentir a música no corpo, junto com o amor da moça de sorriso bonito.

Elisandro Rodrigues

3 comentários:

Preta Lopes disse...

Música faz bem pro corpo, pra alma!
Comprovado cientificamente!rs
BeijoO

Anna Rocha disse...

meldels!!!
eu quero ir no Odeon!!!

Levar meus boêmios intrínsecos pra dançar e beber!

CLARIDÃO disse...

presente!

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento