12.4.09

Projeto Magia 3: Problemas no percurso


O corredor era úmido e frio o que deixava Enoski com uma sensação estranha. Seguia Natthali na escuridão apenas escutando os seus passos. Aquilo ali parecia um conto do Neil Gaiman ou de um livro J.K Roling nada daquilo parecia ser real. Não acreditava que estava em outro mundo, com seres o perseguindo, ele um rapaz mediano que nunca fora percebido por ninguém, que se considerava normal até demais. Não entendia o porquê de ele estar naquela loucura toda. Beliscou-se mais uma vez para ver se não estava sonhando.

-Shhhh! Pare ai – Disse Natthali – alguém está ali na frente.

Ele não perguntou, mas como ela sabia que tinha alguém na frente se a escuridão era total e nenhum barulho se podia escutar, se um pingo de suor caísse poderia se escutar. Pensando nisso deu-se conta de que estava cansado, seu corpo doía e sentia fome. Não fazia idéia de quanto tempo estava nessa caminhada escorou na parede fria buscando um apoio em fez disso encontrou apenas o vazio e caio no chão. Os segundos que transcorreram não foram muitos mas a seqüência de eventos foi tão grande que não teve idéia do que estava acontecendo. Só escutava o ruído de corpos se chocando como se lutassem e algumas faíscas luminosas tão rápidas que não podia se ver nada com os clarões. Apenas escutou Natthali o mandando correr. Levantou-se rapidamente do chão mas não sabia se corria para frente ou para trás. Juntou sua mochila e pôs-se a correr para a direção em que caminhavam.

Passou por dois corpos lutando que imaginou ser Natthali. Correu por um tempo indeterminado até achar uma saída daquele corredor. A luz do dia o cegou demorou alguns segundos para acostumar com a claridade. Olhou ao redor não estava mais perto das casas estranhas e de má aparência o lugar era mais bonito. Existia um lago e um gramado verde junto de várias árvores que pareciam ser um pomar. Sem pensar muito ele correu para o lago estava com tanta sede e tanta fome que esqueceu o que acontecerá dentro do corredor. Por precaução subiu numa árvore e ficou comendo os frutos lá de cima, matando a fome e se escondendo ao mesmo tempo.

Esperou algum tempo escondido em cima da árvore. Pensou em como o tempo era estranho e diferente, tinha a impressão de que alguns dias já se passaram, mas não fazia idéia se isso era mesmo verdade ou não. Principalmente dentro daquele corredor. Pela fadiga do seu corpo a impressão era real. Viu que alguém saia de dentro do corredor, escondeu-se mais entre os galhos.

Era Natthali ao sair caio no chão. Enoski desceu da árvore e foi ao encontro dela. Estava inconsciente, seu pulso estava fraco e estava ferida sangrava de um dos braços. Enoski a carregou para junto das árvores e tratou de cuidar do ferimento dela. Ainda bem que tinha feito curso de primeiros socorros quando estava trabalhando de estagiário. Dentro de sua mochila havia uma camiseta que a rasgou para estancar e cobrir o ferimento. Desceu até o lago e trouxe água em uma cumbuca improvisada com folhas, teve que fazer esse percurso umas quatro vezes para limpar o ferimento e para dar água a ela. Aos poucos anoitecia era necessário acender uma fogueira por precaução do quer que tivesse ali por perto e para iluminar um pouco. Tratou de buscar pedaços de galhos e folhas secas para alimentar o fogo. Achou o seu isqueiro dentro da mochila junto com um maço de cigarro.

Acendida a fogueira, sentou-se perto de Natthali e acendeu um cigarro. Com toda aquela correria tinha até esquecido o maldito vicio que tinha. Anoiteceu rápido e com o cansaço do corpo Enoski adormeceu rápido. Acordou somente no outro dia. Olhou para o lado e não encontrou Natthali levantou-se de sobressalto e começou a olhar para todos os lados, será que tinham voltado e pegado ela enquanto ele dormia.

- Não se assuste garoto. Não sumi ainda não. E obrigado por me cuidar.

- Pensei que tinha fugido ou tinham voltado para te pegar. Com quem você estava lutando lá dentro?

- Com algumas pessoas que não querem que você chegue ao seu destino.

- Mas que destino é esse. Por quê eu?

- Já lhe disse tudo tem seu tempo, suas respostas serão respondidas quando chegarmos onde devemos chegar. Pela interferência que tivemos dentro do corredor tive que conjurar um feitiço que nos afastou de onde temos de estar. Então pegue suas coisas pois o caminho vai ser mais longo ainda...ah tem umas frutas para seu desjejum, deve estar com fome.

Sua cabeça doía de fome na verdade. Pegou sua mochila e algumas frutas e correu para alcançar Natthali que como sempre já estava bem longe dele. Não entendia como ela podia estar daquele jeito na noite anterior parecia muito ferida. Olhou suas roupas estava na hora de um banho e de trocar elas pensou. Colocou a mão no seu peito e sentiu seu Patuá, apalpou e sentiu certa segurança. Nunca acreditará nos versos da música “Quem não tem mandiga usa Patuá” mas naquele momento parecia verdade.

Elisandro Rodrigues

Nenhum comentário:

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento