25.4.09

Quando invade, invade.


“A terra gira para nós aproximar. Girou ao redor de si mesma e dentro de nós até que finalmente nós uniu nesse sonho” (Frase de um poeta Venezuelano)

- Não tem jeito mesmo, quando invade, invade. Não tem como cuidar nem fugir.
- Você está falando do que meu?
- Leo, to falando da paixão.
- Ah! Pensei que tava falando do MST.
- Te liga meu! Sou todo dela, poderia até cantar para ela – Abre aspas e me leva nos meus versos que são seus. Acho que vou caminhar um pouco Leo. Pensar nessa paixão e ver se a alimento ou não. Até mais.


Para meu coração teu peito basta,
para que sejas livre, minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que era adormecido na tua alma.
Mora em ti a ilusão de cada dia
e chegas como o aljôfar às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência,
eternamente em fuga como as ondas.
Eu disse que cantavas entre vento
como os pinheiros cantam, e os mastros
Tu és como eles alta e taciturna.
Tens a pronta tristeza de uma viagem.
Acolhedora como um caminho antigo,
povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Despertei e por vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.

Pablo Neruda


Elisandro Rodrigues

2 comentários:

Juliana Lemos disse...

Ah que vontade de cantar Nô Stopa com coração e me sentir feliz! Que dor!
Essa danada dessa paixão, tsc tsc...

Anna Rocha disse...

ai caraca, como eu amo Neruda!

;)

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento