12.4.09

Estrela do mar.


Os dois estavam sentados na areia. As ondas no seu vai e vem tocavam os pés dos dois.


- Que filme maluco aquele né!

- Que filme? – retruca ela.

- Aquele da mulher que escreve as coisas da vida dela num blog...

- Ah! Nome Próprio.

- Isso!

- O que tem ele?

- Sei lá achei interessante sabe os sentimentos, as palavras, as loucuras da vida. O processo de ver a opressão que vivemos. O mundo é estranho sabe, as relações são estranhas. Alguns vivem tão intensamente e outros fingem viver. Me lembrei de uma passagem do filme, não duas um poema e uma frase que ela diz. “Nada me resta senão me perder em você, senão morrer um pouco, senão gozar sem saber do que se goza”. "Nada nunca dá certo de vez. Eu sei. Tudo termina sempre acabando. Só o fim permanece. O fim eterno de todas as coisas. Então, me dissolvo antes do fim. Eu me dissolvo”.

- Papo estranho esse o seu hoje, filosofando novamente. Vida injusta essa isso sim.

- Mas um dia ainda será justa.


Ela olha-o e entre um sorriso deixa escapar – Tomara heim!

Ficaram ali sentados na beira do mar, as mãos se tocando e água do mar se aproximando aos poucos deles. Numa das idas e vindas das ondas uma estrela do mar é trazida até eles e o por do sol movimenta o dia novamente.


Elisandro Rodrigues

Um comentário:

Grazi disse...

Isso me deu uma tranquilidade estranha... Uma tranquilidade não tão tranquila.


Parabéns Elisandro!

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento