4.11.08

Fotos

Chegou em casa e olhou uma última vez para aquelas fotos penduradas por todo o quarto. Ele tinha um varal com fotos dela. Do teto suspenso no ar mais fotos de momentos alegres e felizes. Em cima da sua cama dois porta-retrados mostravam fotos com beijos e abraços. Foi retirando elas aos poucos com cuidado. Memórias de tempos recentes onde a felicidade reinou em sua vida. Momentos que serão guardados no fundo da memória e do coração, as fotos por sua vez irão ficar dentro dos álbuns sem vida. Ela nem chegou a ver o quarto com aquelas fotos todas, é uma pena - pensou ele, ela teria gostado. Guarda com cuidado aquelas recordações e decidi deixar uma para se lembrar daquele sorriso, daquele cheiro. Termina de guardar as fotos deita na cama e chora olhando para dentro de si.

Elisandro Rodrigues


(Foto do flick: http://flickr.com/photos/soprar/2254161668/)


(Foto do flick: http://www.flickr.com/photos/bigatrice/2323334618/)


(Foto do celular do Elisandro)

Um comentário:

Anônimo disse...

17:10 eu acendia velas pela casa, 17:30 ele me olhou, com aqueles olhos de comer fotografia.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento