17.11.08

Contando histórias...

"¿Que hay en una estrella? Nosotros mismos.
Todos los elementos de nuestro cuerpo y del planeta
estuvieron en las entrañas de una estrella.
Somos polvo de estrellas."
ERNESTO CARDENAL, "Cántico Cósmico"

Pero esta noche, hermana duda,
Hermana duda, dame un respiro.
Jorge Drexler

Ela estava deitado sobre meu peito. Sentia seu coração batendo no mesmo compasso que o meu. Fazia horas que estávamos conversando sobre o nosso futuro. Poucas conclusões. Tarde da noite. Sentimento de que o amor vai se esvaindo e que nunca mais vai voltar. Não, pelo contrário. O amor cada vez cresce mais. História incerta. História engraçada, de um certo ponto bonita, mas estranha mesmo assim. Lembrei-me de um personagem de uma HQ que sempre dizia 'Mundo estranho este, temos que trabalhar para ele continuar estranho...'. Decidir entre o certo e o errado. Entre a espera e o ficar junto. Decido-me pela espera. Decido-me pela dúvida da espera. Pela ilusão da realidade. Decido ficar olhando e contemplando a estrela no céu esperando ela brilhar mais forte para mim. Dou um beijo em sua testa e percebo seu olhar cúmplice de amor e paixão. Puxo um livro da estande e lhe conto uma história. Ficamos assim, despedindo-nos com o olhar e com os corpos.

Elisandro Rodrigues

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento