En un mundo descomunal
siento tu fragilidad.
(Lucha de Gigantes – Nacha Pop)
É manha de sexta-feira. O sol entra pela fresta entreaberta de sua persiana. Ele acorda antes do relógio despertar. Olha o mundo lá fora – o sol brilha com sua intensidade da manhã mas o vento traz o frio do inverno (mais tarde escutaria no rádio que faz 4º graus com uma sensação térmica de menos de 2º graus ). Relutante levanta-se toma seu banho e seu café. Enfrentar um dia de frio e de trabalho na fragilidade de um mundo descomunal o esperava assim que abriu a porta de sua casa.
A beleza do mundo aparece para se esquentar ao sol e tremer ao frio. Sente o frio entrando pelas suas roupas e gelando seu corpo. Coloca sua toca, suas luvas e caminha em direção a parada de ônibus. O dia se mostra estranho. Com cores estranhas. Com frio e calor ao mesmo tempo. E dentro dele uma confusão começa a se arrumar espalhando pensamentos, emoções e sensações por todos os lados. Uma folia dentro de sua casa. Dentro de seu corpo.
Sua manhã passa ao mesmo tempo devagar mas rápida. Seu coração sente-se apertado, não sabe se é pelas roupas, pelo frio, ou pela falta dela. Quem sabe todas essas coisas juntas. Anjos e demônios continuam com suas folias e estrepolias dentro dele. Sua mente passeia durante a tarde por vários lugares mas seu corpo continua pregado na cadeira de seu trabalho. O fim da tarde se aproxima. O frio aumenta. Gela cada vez mais seu corpo e seu coração. Ele não se acha mais dentro de si mesmo. Está tudo revirado. Pastas e documentos, pensamentos e emoções, musicas, textos e poesias. Tudo está fora do lugar. Imagens dela estão por todos os lados.
Passou o dia olhando para seu celular, esperando uma mensagem ou uma ligação. No final do dia olha já desistindo mais uma vez para a tela que continua normal não acusando nenhuma ligação perdida ou mensagem por se ler. Coloca seus casacos e sai para o inicio de noite fria. Não vai para casa. Sai caminhando por uma cidade vazia, silenciosa e fria de sexta-feira. Caminha tentando organizar a bagunça dentro dele. De nada adianta quanto mais organiza mais bagunçado fica. Senta-se no primeiro bar que encontra. Pede uma garrafa de vinho e entre um copo e outro vai lembrando os dias passados ao lado dela até aquele momento. Fica esperando uma ligação ou uma mensagem enquanto esfazia a garrafa aos poucos sentindo cada vez mais a fragilidade de seu corpo e do seu mundo.
Elisandro Rodrigues
Um comentário:
Vc é um moço apaixonado q encanta... Que bom q ainda existem!
Josy.
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