28.11.08

Companheira: Delírio, sonho, realidade....



Companheira (Zé Vicente)

Companheira me dá as tuas mão,

Eu necessito do amor que tu me dá.

Tua presença me anima a lutar

O teu abraço refresca o calor

Dessa jornada em busca do lugar

Onde seremos uma só nação. (ã....)

Láia, láia, láia...

Companheiro te dou as minhas mãos,

Te dou meu peito em mim vem repousar

Vem ser a chama que acende o coração

O meu desejo à vida que virá,

Felicidade enfim vai florescer

E amaremos sobre o nosso chão.

Que venham as lutas, a dor e a solidão,

Os passos lentos do povo a caminhar.

O nosso amor é fonte no jardim,

Pra saciar a sede de quem vem

Pra perfumar a estrada de quem vai

Pra festejar o dia do amor.

Os dias estão quentes, abafadas e solitários. As horas passam rápidas, o dia se esvai. Mesmo assim o vazio permanece. E este vazio de você, o seu corpo me faz falta, seu riso, sua fala alta, seu simples sorriso. Está noite delirei de febre e de paixão. No meio da noite me acordei, ou estava sonhando, e te liguei. Febre e paixão juntos não é coisa boa. Meu corpo todo dói. Minha fala não sai. Meus olhos estão pesados. Minha mente cansada como se ainda estivesse dormindo ou se estivesse há dias sem dormir. Dor de cabeça. Sintomas de um gripe no meio da primavera que mais parece verão. Ou será sintomas de falta de comunicação, de beijos e de abraços seus? Não sei muito bem, mas ando a beira de um colapso emocional.

Fico pensando na paixão e no amor em como é complicado se relacionar. Meus pensamentos voam e não encontram terra firma para pousar. Não sei ao certo o que sinto por você, mas é algo novo, diferente, Moska traduziu muito bem isso em sua música 'Não deveria se chamar amor' – o amor que eu tenho é um afeto tão novo, que não deveria se chamar amor, de tão irreconhecível, tão desconhecido, poderia se chamar nuvem.....poderia se chamar tanta coisa. Me sinto perdido querendo lhe contar tantas coisas também. Cada momento do dia é um fato, um sentimento, uma emoção, uma sensação, um objeto, uma fala, uma música....é tanta coisa que gostaria de partilhar.

Deixa te avisar, não dê bola para o que escrevo aqui, deve ser a febre voltando novamente. Preciso de uma xícara de café, quem sabe um cigarro para me acalmar, 'eu que não fumo queria um cigarro...', tudo vira música. A loucura tomando conta do meu corpo. O corpo suando de febre, a mente delirando por você. Os doutores dizem que preciso me desintoxicar de você, tomar montes de remédios para te esquecer, fazer tratamentos para acalmar minha loucura. Mas não quero, não deixo que cheguem perto de mim com estes discursos. Fujo. Corro. Me escondo. Me procuro e te procuro em cada esquina.

Ouço músicas ao fundo, as ruas estão vazias assim como meu corpo. Reviro latas de lixo a procura de uma carta, pego celulares a procura de mensagens. Não encontro nada. Na estética do frio o calor toma conta - Quando começar o frio, dentro de nós tudo em volta parece tão quieto, tudo em volta não parece perto, toda volta parece o mais certo, Certo é estar perto sem estar perto de você, sou tão perto de você.....Tudo não passa de delírios, delírios poéticos. O Delírio que encaminha ao Sonho e os sonhos que nós levam a realidade, tudo interligado, tudo está conectado – meu eu com o seu eu – grito alto QUEM AMA TECE SONHOS.

Me acordo no meio da noite com duas chamadas não atendidas.....

Elisandro Rodrigues

(Delirando ou amando...)

"Corpo ao vento, pensamento solto pelo ar,
Pra isso acontecer basta você me pedalar. "
Toquinho.

Imagens do Blog da Elma: http://tempodeternuras.blogspot.com/

26.11.08


Estava me queixando da saudade quando uma flor me disse:
-Oras..mas vá subir em uma árvore e afastar as nuvens guri..
Foi o que fiz, subi na árvore mais alta afastei as nuvens com sopros e fiquei olhando as estrelas até cair no sono.

Elisandro

25.11.08

Sobre o início (ou memórias de um show)


“Ê nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
Nunca mais eu vi
Os oím dela brilhar
Nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
São dois jarrinho de flor
E todo mundo quer cheirar”

(Os Oim do meu amor – Cordel de Fogo Encantado)

Ele estava com o coração apertado, e ela também. Os dois estavam em silêncio dentro do carro. O barulho do pisca e o coração pulsavam na mesma intensidade, naquele silêncio se escutava os suspiros de uma última noite. Eles se encaminhavam para o Show do Cordel de Fogo Encantado. O silêncio era cortado por falas sobre como tinha sido o dia. Por mais difícil que parecia o silêncio acalentava os dois e os aproximava mais.

No show a cada música um beijo. A cada frase de impacto “vou pregar na parede um pedaço de céu que você me mandou...” “...eu vou cantar prá saudade com seu vestido vermelho e sua boca...aquele cheiro, som, imagem do teu corpo incendeia...”. A cada abraço os corações se juntavam mais e mais e no meio daquela multidão os dois que eram metade de um só se juntavam em um ficando um no todo e todo no um. A cada música tocada o fim se aproximava, a cada minuto que passava a ansiedade e a saudade aumentavam.

Na primeira despedida deles um suspiro e um silêncio entre nós, a multidão rezava em coro – mais um, mais um – e eles voltaram, e tivemos mais alguns minutos juntos “ai se sêsse” nos aproximou e confirmou que a espera e a saudade nos aproximaria mais, que o tempo da semeadura chegará ao fim e o início do processo do nascimento da flor no jardim dos nossos corações estava pronto. O solo receberá a semente, bastava cuidarmos dela para crescer e desabrochar a flor do amor e da paixão. E o show chegou ao fim, depois da segunda despedida deles no palco nos despedimos sem promessas, sem choro, mas com alegria. Com a certeza de que nos veremos e que o amor crescerá. Jogando corações e beijos corri ao lado do seu carro. E esse foi o fim do início e o início da boniteza do amor.

“Quando a flor tava dormindo, vento veio me levar
Prum terreiro iluminado, entre terra céu e mar
Já que o mundo ta girando, eu também quero girar”

Neste quarto de fogo solitário
No telhado um letreiro esfumaçado
Candeeiro no peito iluminado
O cigarro no dedo incendiário
O cinzeiro esperando o comentário
Da palavra carvão fogo de vela
Meus dois olhos pregados na janela
Vendo a hora ela entrar nessa cidade
Tô fumando o cigarro da saudade
E a fumaça escrevendo o nome dela
O prazer de quem tem saudade
é saudade todo dia
O prazer de quem tem saudade
é saudade todo dia
Ela é maltratadeira
Além de ser matadeira
ô saudade companheira
De quem não tem companhia
Eu vou casar com a saudade
Numa madrugada fria
Na saúde e na doença
Na tristeza e na alegria
Quando o sono não chegar
No mais distante lugar
No deserto beira mar
Dia e noite noite e dia

(Quando o sono não chegar – Cordel de Fogo Encantado)

Elisandro Rodrigues

24.11.08

Sobre Mercadorias e Futuro



Não sabia o que me esperava entrando dentro daquela sala escura. Segurava sua mão apertada junto a minha. Os olhos demoraram um pouco para se adaptar a escuridão e as luzes coloridas que pulavam de lugar. Havia um barulho estranho no ar. Nos sentamos e ali ficamos esperando, eu sempre segurando sua mão. No escuro da sala toque e senti seu rosto, como é lindo pensei comigo e lhe dei um beijo dentro da escuridão. Do nada surgiu ele gritando:

- 'Estou aqui para vender uma coisa
Estou aqui em pé, no som, na luz
Para vender um livro
A terra é quem me deu, eu só plantei...

Conversei com loucos seres que me responderam antes da pergunta:
(mercadorias e futuro)
Estou aqui para vender uma coisa, quem quer comprar?
Pode você não usar, mas tem os seus filhos e os que virão
Os que cairão dos rasgões do céu e do amanhã
(mercadorias e futuro)

"Oh amanhã, o que será o amanhã?"
Eu pergunto embriagado pelo vinho, pela dúvida, pelo medo da escuridão
O medo da escuridão...'


Aquele ser estranho se apresentou como o nome de Lirovsky, tinha consigo uma máquina estranha. Meus olhos não desgrudavam daquele ser vendendo um livro. Um vendedor de livros que inventou uma parafernália de máquinas em forma de carrinho para ajudar em seu ofício. Dessa aparelhagem, dispara sons, imagens e luz, construindo um aparato de recursos tecnológicos contemporâneos. Ele mantinha esses equipamentos ao alcance do corpo, ativando um arsenal de áudios pré-gravados que, junto com os improvisos, se convertem na trilha sonora que nos mantinha presos no que falava.

Lirovsky puxou um violão e um banquinho e continuou:

-'Vitória, vitória
Como é forte a tua luz
E é tão doce o teu sabor na boca, Vitória
Derrota, derrota
Como é forte a tua luz
E é amargo o teu sabor na boca, derrota
Vitória, saiba que eu sou sem você
E a lua que brilha já pode descer, descer
Saiba que eu sou sem você
E aquele que canta já pode morrer, já pode morrer
Já pode morrer'

Eu continuava a segurar sua mão. Sua mão de pele macia, igual aos seus lábios encantadores que emanam beijos de mel. No meio das vozes e das luzes olhava seu rosto compenetrado nas palavras de um profeta vendedor de livros. Através das falas ia contando histórias de Profetas e Profetisas. Suas ultimas palavras antes das luzes se acenderem foram:


-'Lembro sempre da queda das montanhas
Sobre a face da terra
Extremamente assustada com tamanha aproximação
Onde estão as divisões corretas?
Onde estão as sustentações da carga toda?
Atrás do muros que se levantaram na imagem do infinito?
Nos que entenderam tudo com o trágico?
Na incenação do fim,
no fim por ser nada,
e o nada é o que se acaba sempre.
Sendo questões de compromisso etério
Nas frases que se despregam
Sei que já fui um profeta de guerra
E o profeto da guerra hoje cuida do futuro
O profeto da guerra hoje cuida do futuro
No jarro do quintal
É o recurso dos impacientes, vencedor do acaso
Beberei a água do esquecimento um dia
Toda paisagem é muda, e muda
O moinho girando ao seu tormento
O homem que nasce, que cresce, que sobe, que cai
A morte é incerta mas a hora é certa
Um é o todo, e por ele o todo e nele o todo
E se não contém tudo é nada '

'Um é o todo, e por ele o todo e nele o todo, e se não contém tudo é nada', sai com as ultimas palavras na cabeça. Percebi ao sair da sala que ainda estava segurando sua mão. Você sorria e me abraçava e eu retribuía seus beijos. Minha alma profetizava ventos e estrelas olhando nos seus olhos. Na saída os livros a venda. No livro uma frase escrita para nós dois pelo poeta Lirinha Lirovsky 'Para cima e para baixo como um parafuso...'. Poderá ser um profecia? Sai de lá segurando sua mão, com as profecias na alma e você no corpo todo.


Elisandro Rodrigues

(Ontem fui ver o Espetáculo Mercadorias e Futuro de José Paes de Lira, ou Lirinha, do grupo Cordel de Fogo Encantado. Mais sobre o espetáculo, sobre o livro e as músicas pode ser encontrado em www.mercadoriasefuturo.com.br )

21.11.08

Sou...


Sou vento. Sou sonho. Mas às vezes sou tempo, deve ser por isso que fico perdido entre o ontem e o amanhã.

Elisandro Rodrigues

19.11.08

Sobre quadrinhos: Calvin


Sou apaixonado por quadrinhos, e nada melhor do que quadrinhos que nos fazem pensar sobre nossa vida. Abaixo algumas falas do Calvin, para quem não conhece acesse aqui (www.depositodocalvin.blogspot.com)

Frases encontradas nas tiras

* "Eu sei, mas por que ele não pode ser injusto a meu favor?"
- Calvin, ao ouvir de seu pai que o mundo não é justo.

* "A infância é curta e a maturidade é eterna."

* "Nós estamos tão atarefados olhando com que está a nossa frente, que não temos tempo de aproveitar onde nós estamos."

* "Estaremos de volta assim que formos."

* "Bom de má vontade, mas bom de qualquer maneira."

* "A vida fica bem mais fácil se você mantiver as expectativas de todo mundo baixas."

* "A vida é cheia de surpresas, mas nunca quando você precisa de uma."

* "Se todas as coisas boas durassem para sempre, você saberia como são importantes?"

* "A matemática não é uma ciência, mas uma religião, pois os números se transformam como num milagre, e você simplesmente tem que aceitar."

* "Não sou burro, sou um depósito de informações inúteis"

* "Não há nenhum problema tão terrível ao qual você não pode adicionar um pouco de culpa e fazer ele ficar pior."

* "O mundo não é justo, eu sei, mas por que ele nunca é injusto a meu favor?"

* "Às vezes eu penso que o sinal mais forte da existência de vida inteligente em outra parte do universo, é que eles nunca entraram em contato conosco."

* "Dinheiro! Ha ha ha! Estou rico! Estou rico! Eu posso comprar qualquer um! O mundo é meu! Poder! Amigos! Prestígio!"
- Quando ele ganha a primeira mesada, uma moeda.

* "Nada ajuda um mau humor como espalhá-lo"

* "O que é preciso, hein?"

* "É difícil ser religioso quando certas pessoas nunca são incineradas por relâmpagos."

* "Quando se é sério a respeito de se divertir, nunca é muito divertido."

* "Faça o que tem que fazer e deixe os outros discutirem se é certo ou não."

* "O segredo é quebrar os problemas em pequenos pedaços administráveis. Se você lidar com eles, termina antes de saber disso."

* "Um pouco de grossura e desrespeito pode elevar uma interação sem sentido para uma batalha de desejos e adicionar drama a um dia de tédio."

* "Se você se preocupa, você só se desaponta o tempo todo. Se você não se preocupa, nada importa, então você nunca se perturba."

* "Não interessa se você ganha ou perde. E sim como se joga o jogo."

* "Se nós não pudéssemos rir das coisas que não fazem sentido, nós não poderíamos reagir a muitas coisas da vida."

* "É muito mais divertido culpar as coisas em vez de arrumá-las."

* "Eu tentei ser uma pessoa de cabeça aberta,... mas meu cérebro fugiu!"

* "A emoção da caça fica muito menor quando a presa tem pernas curtas"

* "Para estragar o prazer, nada como descobrir que foi educativo."

* "Cedo ou tarde ela vai ter que se questionar se isto vale mesmo o esforço."

* "Os melhores presentes não vêm em caixas."

* "Se a sua segurança emocional depende de satisfazer um desejo que você não tinha antes de ler o anúncio, vá em frente."

* "E se Deus for uma galinha?"

* "Esses dias de verão passam rápido, não é? Pena que a rotina diária de ter que ganhar a vida tenha que te impedir de apreciar estes momentos sublimes da vida."

* "Nós devíamos consertar o nosso planeta antes de sairmos mexendo nos planetas dos outros"

* "Calvin, vai fazer alguma coisa que você odeia!, ser miserável constrói o caráter"

* "A vida é cheia de surpresas, mas nunca quando você precisa de uma."

* "Pessoas sofisticadas usam óculos escuros."

* “Descobri minha missão na terra: fazer com que as pessoas façam a minha vontade. Assim que todos enxergarem isso viveremos em paz.”

* "Eu não faço questão de ser aceito, se eu for só ignorado pra mim já está bom"

* "Oh, Divindade do entretenimento passivo, derramai sobre mim suas imagens conflitantes em velocidade tal que torne o raciocínio impossível."
- Calvin, para uma televisão"

* "O problema das pessoas é que elas são apenas humanas."

* "Vivendo e não aprendendo... esses somos nós."

* "Os desapontamentos da vida são mais difíceis de encarar quando você não conhece nenhum palavrão."

* "O mundo provavelmente é mais engraçado para as pessoas que não vivem aqui."

* "Eu sei que a vida é uma jornada, mas eu estou cansado de perder tempo no trânsito."

* "Eu perdi apenas um jogo idiota, meu espirito continua invencível"

* "Ame o pecador, odeie o pecado"

* " Não é porque ele distribui presentes de graça que vai justificar sua incompetência...."
- Quando o Calvin escreve para o Papai Noel, pedindo um foguete atômico e ganha 2 meias e uma camisa.

* "Os únicos conhecimentos que eu tenho paciência de aprender são aqueles que não têm uma real aplicação na vida."

* "Meu cérebro quer me matar."

* "Feito a imagem e semelhança de Deus, Sim Senhor..."
- Calvin só de cuecas se olhando no espelho.

* "Você sabe que vai odiar uma coisa quando não querem lhe dizer o que é!"

* "Nada como tornar o dia das pessoas surreal."

* "Ai, mas um dia de escola... Eles tentaram a qualquer custo construir meu caráter... mas eu fui duro com eles!"
- Quando Calvin chega da escola

* "Eu sou um líder natural! Sou do tipo que comanda! O problema é que ninguém quer ir pra onde eu quero levar..."

* "Eu não posso responder essa pergunta, pois ela vai contra meus princípios religiosos."
- Calvin, ao responder uma questão de matemática que perguntava o resultado de 2 + 7.

* "Eu já não sei mais do que eu quero! Eu gostava mais das coisas quando eu não as entendia!"

* "É um novo mundo Haroldo, vamos explorá-lo"

* "Isto é um trabalho para... um outro qualquer!"

* "É mais fácil pedir perdão do que permissão."

* "O problema com o futuro é que ele continua se transformando no presente."

* "Nada como a pressão do último minuto"

* "Como soldados matando uns aos outros resolvem os problemas do mundo?"

* "Acho que os adultos só fingem que sabem tudo!"

* "Ou alguém vomitou no forno ou mamãe andou cozinhando!"

* "Na frente eu escrevi fique boa logo. Dentro eu coloquei: porque a minha cama não foi arrumada, minhas roupas estão espalhadas e eu estou faminto."

* "A vida é como topografia, Haroldo. Há picos de felicidades e sucessos... pequenos campos da chata rotina... e vales de frustrações e fracassos..."

* "Mas considerando que minha vida esta destruída agora, você não poderia pelo menos levar a culpa?"

* "Estou a tanto tempo sem fazer nada que posso sentir meu cérebro se atrofiando."

* "O segredo da felicidade é a estupidez de auto interesse a curto prazo"

* "Eu sou uma pessoa simples...mas de gostos complexos"

* "Desta vez acho que vou ganhar um ponto por originalidade!"

* "Não sei mas é a única coisa que me impede de estrangular você!!"
- Uma resposta que sua mãe da a ele, quando ele acorda de madrugada gritando por ela, e ela sai correndo da cama desesperada... e então ele pergunta se o amor é comparável a grandes porções de chocolate.

* "Você não chega a ser mãe se não puder resolver tudo"

* "Nada é ruim o suficiente que não possa piorar"

* "Se você faz o trabalho ruim o bastante, às vezes não lhe pedem para faze-lo novamente."

* "A força para mudar o que eu posso, a inabilidade para aceitar o que eu não posso, e a incapacidade para perceber a diferença."

* "Uma boa camiseta transforma o usuário num outdoor corporativo ambulante."

* "A minha identidade está tão envolvida pelo que eu compro que eu paguei à companhia para anunciar seus produtos!"
- Quando Calvin diz que queria que a camiseta dele tivesse um logotipo.

* "A vida é cheia de surpresas ...então porque o ônibus da escola não explode no caminho antes de chegar aqui?"

* "Sabe como Einstein tirava notas ruins quando criança? Bem, as minhas são ainda piores!"

* "Quando você pensa como os utensílios básicos trabalham 'bem', é difícil acreditar que alguém ainda pegue avião."

* "Susie é muito feio abusar de meninos sem escrúpulos."
- A mãe de Calvin, quando Calvin apostou com Susie que comeria 5 minhocas.

* "Porque todo mundo tem bons inimigos menos eu???"

* "Sei lá, parece que quando as pessoas crescem, elas não fazem idéia do que seja legal."

* "Má notícia mamãe, prometi minha alma ao demônio esta tarde"

* "Como se a vida não fosse curta o bastante"
- Quando Calvin esta tentando acordar o Haroldo

* "Você quer que eu vire ateu??"
- Fala isso pra Deus quando ele está esperando nevar no meio de outubro.

* "O mundo não seria tão ruim se pudéssemos sair dele de vez em quando..."

* "Duvido que a minha cobiça por presentes seja maior do que a minha vontade de me comportar mal"

* "Nunca consigo fazer todo o 'Nada' que quero""

* "A vida é bem mais divertida quando você não é responsável pelos seus atos".

Diálogos

* Calvin: "Mãe, você pode me levar de carro até a cidade?"
* Mãe do Calvin: "Por que eu deveria levar você de carro, Calvin? Está um dia perfeito lá fora. Pra que você acha que as pessoas têm pés?"
* Calvin: "Pra pisar no acelerador."

* Calvin: "Haroldo, o que você acha que acontece quando a gente morre?"
* Haroldo: "Eu acho que a gente fica tocando saxofone num cabaré só pra mulheres em New Orleans."
* Calvin: "Então você acredita em paraíso?"
* Haroldo: "Chame do que você quiser."

* Calvin: "Não se pode abrir a criatividade como uma torneira, você tem que estar no pique certo."
* Haroldo: "E que pique é esse?"
* Calvin: "Pânico do último minuto"

* Calvin: "Você não pode subir aqui, Susie! Meninas não entram."
* Susie: "Em primeiro lugar, que diabo faz você pensar que eu queira subir nessa árvore idiota?"
* Calvin (depois de alguns segundos de silêncio): "Só uma menina pode tirar o divertimento que existe na discriminação sexual..."

Fonte: Calvin e Haroldo - Wikiquote

18.11.08

um bolsinho do tamanho de um jardim...


Tenho um bolsinho bem pequenininho, do lado do meu coração, onde guardo minhas saudades. Todo dia coloco meus sentimentos de saudade lá dentro. Guardo junto todas as coisas que gostaria de lhe dizer, todos os fatos, histórias, todas as mensagens que não posso te mandar. Guardo tudo dentro deste bolsinho. Quando lhe ver novamente, daqui a um tempo no hoje ou no amanhã, no dia presente ou no dia futuro, vou abrir este bolsinho e lhe entregar tudo o que queria lhe dizer e contar. Vou lhe dar todos os abraços e beijos que a saudade pediu, preenchendo assim seu ser com meu amor. Enquanto este dia não chega vou regando as flores da paixão e do amor. Vou regando as flores da saudade, criando assim um jardim de sentimentos.

E assim
Viajando pelo mundo sem fim
O silêncio planta seu jardim
Tudo se compõe, e se decompõe
Tudo se compõe, e se decompõe
Tudo se compõe, e se decompõe
Tudo se compõe, e se decompõe
(O jardim do silêncio - Paulinho Moska)

Elisandro Rodrigues
(Imagem do blog do André Neves - http://confabulandoimagens.blogspot.com/)

17.11.08

Deseo

Sonhando

Meu sonho desta noite foi assim: Uma menina estava correndo em uma noite estrelada, o brilho das estrelas era muito intenso que iluminava tudo feito dia. Ela corria brincando num campo de flores roxas com borboletas coloridas. No meio do campo havia uma árvore e esperando em cima de um dos galhos um menino com um catavento em uma das mãos. Ele estava sentado esperando a menina, quando ela se aproximou ele começou a soltar bolinhas de sabão. Ele desceu da árvore entregou o catavento para ela e deu a mão para a menina. Os dois sairam correndo com o vento.

Elisandro Rodrigues

Sonhando.

(Imagem do livro 'Um pé de vento' e a outra do livro 'Casulos' ambos de André Neves)

Contando histórias...

"¿Que hay en una estrella? Nosotros mismos.
Todos los elementos de nuestro cuerpo y del planeta
estuvieron en las entrañas de una estrella.
Somos polvo de estrellas."
ERNESTO CARDENAL, "Cántico Cósmico"

Pero esta noche, hermana duda,
Hermana duda, dame un respiro.
Jorge Drexler

Ela estava deitado sobre meu peito. Sentia seu coração batendo no mesmo compasso que o meu. Fazia horas que estávamos conversando sobre o nosso futuro. Poucas conclusões. Tarde da noite. Sentimento de que o amor vai se esvaindo e que nunca mais vai voltar. Não, pelo contrário. O amor cada vez cresce mais. História incerta. História engraçada, de um certo ponto bonita, mas estranha mesmo assim. Lembrei-me de um personagem de uma HQ que sempre dizia 'Mundo estranho este, temos que trabalhar para ele continuar estranho...'. Decidir entre o certo e o errado. Entre a espera e o ficar junto. Decido-me pela espera. Decido-me pela dúvida da espera. Pela ilusão da realidade. Decido ficar olhando e contemplando a estrela no céu esperando ela brilhar mais forte para mim. Dou um beijo em sua testa e percebo seu olhar cúmplice de amor e paixão. Puxo um livro da estande e lhe conto uma história. Ficamos assim, despedindo-nos com o olhar e com os corpos.

Elisandro Rodrigues

15.11.08

Estrelas....não há de ser nada




14.11.08

Vento Estelar


Algumas coisas acontecem sem pedirmos. Geralmente estas coisas são boas, mas que vem e vão que nem um trovão. Algumas coisas que acontecem são estranhas e esquisitas. Vou lhes contar uma que ouvi dia destes, uma história estranha, esquisita, mas interessante, vocês podem já ter escutado algo semelhante, pois contos, mitos e lendas são todos escritos e contados com a mesma lógica. Esta estória aconteceu há muito tempo atrás, em séculos passados onde ainda existia magia no ar, onde os mundos da realidade e da imaginação eram um só. E por incrível que parece, esta estória acontece neste exato momento. Neste momento em que você lê este texto, neste momento onde diversas pessoas estão tomando café espalhadas pelo mundo, ou conversando com um amigo ou amiga. Acontece no momento onde as pessoas pensam no que vão fazer de suas vidas. Acontece no momento em que alguém olha para o céu ou sente um arrepio frio no corpo.

No mundo antigo, onde as realidades eram uma só e todos viviam, na medida do possível, respeitando ambos os mundos e vivendo pacificamente em ambos, todos os seres de magia, fantasia, reais ou não eram dotados da capacidade de se comunicar e de sentir. Cães falavam com duendes que falavam com ursos que falavam com fadas que falavam com árvores que falavam com bruxas que falavam com raposas que falavam com trigo que falavam com pássaros que falavam com água que falavam com seres humanos. Todo mundo se comunicava. Alguns tinham línguas que poucos entendiam, como era o caso dos elfos ou fadas, quando queriam discutir um assunto que era de interesse somente deles.

Neste universo, neste mundo os amores também aconteciam entre todos os seres, muitos não se concretizando pelo fato de serem muito diferentes, mas acontecia casos de raposas apaixonarem-se por cobras, ou de humanos apaixonarem-se por árvores. Muitas vezes era impossível um amor desses dar certo, mas os casos existiam, assim como este que vou lhes relatar: O amor de dois seres completamente diferentes, um feito de ar e outro feito de um corpo luminoso. Sim esta é a estória de uma paixão do Vento por uma Estrela.

Dizem que esta estrela era a mais bonita e mais brilhante do céu, pesquisando, neste tempo onde achamos tudo na internet descobri que a estrela mais brilhante era chamada de “Alfa Centauri estrela mais brilhante da constelação de Centauro, e também a mais próxima do nosso Sol, estando a uma distância de aproximadamente 4,3 anos-luz da Terra. Esta estrela é, na verdade, um sistema triplo, no qual a Alfa Centauri A é orbitada por Alfa Centauri B e Alfa Centauri C, também chamada de Próxima Centauri. (Wikipédia) - Próxima é uma anã vermelha variável, de tipo espectral M5.5Ve. Possui magnitude visual aparente média de +11,05 (variável) e magnitude visual absoluta de 15,49. É a estrela mais débil do sistema triplo Alfa Centauri. Suas coordenadas equatoriais são α = 14h39m36,1s e δ = -60°50'8,0". Sua distância ao Sol é de aproximadamente 4,2 anos-luz. É uma estrela atualmente ativa, como as estrelas eruptivas, caracterizada por linhas de emissão variáveis em seu espectro. Sua coloração é bastante avermelhada, devido à baixa temperatura de sua superfície, estimada em 2670 K.” (Wikipédia) é a

Mas isso não vem ao caso, já que naquele tempo a imagem que um tinha do outro era diferente, possibilitando assim a comunicação e o dialogo. Para o Vento, o ar em movimento, a Estrela se chamava Alin. Era bela, linda. Era pequenina, por mais de ser a estrela mais brilhante, ninguém podia imaginar que era pequenina. Seus olhos mudavam de cor conforme seu humor ou ou a luz do dia, variavam de um castanho claro para um esverdeado. Seus cabelos eram de um preto intenso e forte. Seu corpo pequeno detinham curvas preciosas. Sua pele era macia e branca. Vento, que respondia por diversos nomes, para Alin se chamava Iksoñe. Por ser da natureza do ar ele podia ter várias formas dependendo da situação, mas sua verdadeira forma era simples, o que encantou Alin no primeiro olhar. Iksoñe tinha um corpo frágil, não pequeno e nem tão grande, um de meia estatura, frágil, com um toque suave. Seus olhos eram verdes, seu cabelo castanho escuro, seus lábios pequenos, e na maioria das vezes estava com barba na cara. Assim era a figura humana destes dois seres, poucas as vezes se apresentavam assim, até por que tinham seus afazeres como Vento e Estrela, mas em poucas ocasiões, nas celebrações entre os mundos e realidades se apresentavam assim, e isso ocorria para comemorar a criação dos mundos e dos seres, era realizado a cada 100 anos.

Esta paixão que alimentava ambos era muito antiga, desde os primórdios dos tempos. Quando Alin surgiu no céu o Iksoñe foi o primeiro a se apresentar para ela, como uma suave brisa a envolveu e a abraçou fazendo com que ela brilhasse mais forte com seu vento. Um primeiro abraço que despertou uma paixão. O tempo corria nos seus dias e anos para os seres humanos, mas o tempo para eles era diferente, eles contavam os dias e meses a cada abraço dado e recebido, e isso no nosso calendário acontecia de seis em seis anos. Era quando Iksoñe subia até o alto dos céu e abraça Alin. Neste abraço se misturava ar e brilho causando um vento estelar. Cada abraço era a perda de um pouco de vida para Alin. Um abraço que durava uma eternidade para ambos, onde partilhavam suas vidas fazendo amor através de um abraço.

Paixão esquisita pois não sabiam onde havia iniciado, se fora no primeiro abraço, ou quando ambos se viram e se tocaram quando participaram da primeira celebração dos mundos juntos. Vento não esquecia aquele dia, quando vira a boniteza de Estrela. Ela estava vestida com um vestido de tecido leve, que na menor brisa balançava e espalhava luz por todos os cantos. Naquele eles se beijaram, antes de partirem para seus verdadeiros corpos, em um abraço que parecia não terminar, no fina dele Iksoñe tocou o rosto dela e aproximou seus lábios dos de Alin. Um beijo suave. Um beijo ardente. Um beijo de paixão. E assim acontecia a cada 100 anos. Faziam amor, se beijavam e se abraçavam. Por um dia eram completos um no outro.

Obviamente momentos tristes aconteciam. A tristeza tomava conta de ambos quando não se encontravam, a saudade era imensa contada em anos luz. Iksoñe sabia que um dia Alin iria morrer, que iria dar vida a outras estrelas e esperanças a outros corações. Ao contrário dela ele viveria até o fim dos tempos. Na verdade não se sabe muito sobre está história de amor, só que era diferente, bonita de uma certa forma.

Muitas estórias podiam ser contadas por mim para relatar o amor de ambos. Mas prefiro deixar a imaginação de vocês livres e pensar na boniteza desta paixão nada singular. Ou se quiserem saber mais, conversem com o vento quando ele passar por vocês ou perguntem as outras estrelas no céu, elas iram relatar muito mais do que um pobre e mal visto como eu.

Elisandro Rodrigues
(Imagem do Livro 'Um Pé de Vento' de André Neves - Por sinal leiam este livro muito bom)

11.11.08

Estrela


"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura..." Guimarães Rosa


- O que as estrelas fazem? Perguntei para Alin.

- Elas brilham! Sou Estrela mas não estou só, tenho o vento que sopra e faz brilhar.



Elisandro Rodrigues
(Inspirado na Estrela e em Neil Gaiman - imagem do livro Stardust do Gaiman)

9.11.08

Saber Cuidar


Como pode um peixe vivo

viver fora da água fria?

Como poderei viver

Como poderei viver

Sem a tua, sem a tua

sem a tua companhia?

Sem a tua, sem a tua

sem a tua companhia?

(Milton Nascimento)

Eñoski acordou com uma saudade dentro do peito. Com um cheiro no corpo que não era o dele. Estava em sua casa. Acordou com uma leve dor de cabeça – Quem sabe nossas cabeças não queiram ficar juntas – lembrou que Alin havia dito isso para ele certo dia quando ambos estavam com dor de cabeça. Olhou para fora pela janela do seu quarto viu a lua e as estrelas – Olharei todos os dias as flores no chão, a lua e as estrelas e me lembrarei de você – Fazia dias que Eñoski não via Alin. Estava com saudades dela.

Pegou uma folha em branco e uma caneta e pôs se a escrever. Escrevia uma carta para seu amor. Ambos estavam preocupados com o cuidar. Ele não sabia como cuidar direito deste encanto, mas sabia que o que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato é uma atitude... O cuidado surge somente quando a existência de alguém tem importância para mim” (Leonardo Boff).

A existência de Alin tinha uma grande importância para a vida de Eñoski, por isso ele se preocupava em cuidar e alimentar esta paixão, este encanto não merecia morrer assim de uma hora para outra. Em sua vida amorosa nunca havia achado ninguém tão especial quanto ela, por isso estava se esforçando. Na sua carta escrevia algumas frases sobre o cuidar. Havia lido há um tempo um livro sobre o cuidar, escrevia partes do livro na carta.

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“Que significa cuidar de nosso corpo, assim entendido? Imensa tarefa. Implica cuidar da vida que o anima, cuidar do conjunto das relações com a realidade circundante, relações essas que passam pela higiene, pela alimentação, pelo ar que respiramos, pela forma como nos vestimos, pela maneira como organizamos nossa casa e nos situamos dentro de um determinado espaço ecológico. Esse reforça nossa identidade como seres nós-de-relações para todos os lados. Cuidar do corpo significa a busca de assimilação criativa de tudo que nos possa ocorrer na vida, compromissos e trabalhos, encontros significativos e crises existenciais, sucessos e fracasso, saúde e sofrimento. Somente assim nos transformamos mais e mais em pessoas amadurecidas, autônomas, sábias e plenamente livres.” (BOFF, Leonardo. Saber cuidar: Ética do Humano, Compaixão pela Terra. 7.Ed. Rio de Janeiro:Vozes, 2001.)

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Escrevia e ia pensando no quão complicado era viver e se relacionar com as pessoas. Como construir um relacionamento com base no cuidado e no encanto. Não sabia as respostas para estas perguntas mas mesmo não sabendo iria buscar formas e alternativas para cuidar cada vez mais do encanto por Alin.

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“Só nós humanos podemos sentar-nos à mesa com o amigo frustrado, colocar-lhe a mão no ombro, tomar com ele um copo de cerveja e trazer-lhe consolação e esperança. Construiu o mundo a partir de laços afetivos. Esses laços tornam as pessoas e as situações preciosas, portadoras de valor. Preocupamo-nos com elas. Tomamos tempo para dedicar-nos a elas. Sentimos responsabilidade pelo laço que cresceu entre nós e os outros. A categoria cuidado recolhe todo esse modo de ser. Mostra como funcionamos enquanto seres humanos, humanos.

Daí se evidencia que o dado originário não é o logos, a razão e as estruturas de compreensão, mas o pathos, o sentimento, a capacidade de simpatia e empatia, a dedicação, o cuidado e a comunhão com o diferente. Tudo começa com o sentimento. É o sentimento que nos faz sensíveis ao que está à nossa volta, que nos faz desgostar. É o sentimento que nos une às coisas e nos envolve com as pessoas. É o sentimento que produz encantamento face à grandeza dos céus, suscita veneração diante da complexidade da Mãe-Terra e alimenta enternecimento face à fragilidade de um recém-nascido.” BOFF, Leonardo. Saber cuidar: Ética do Humano, Compaixão pela Terra. 7.Ed. Rio de Janeiro:Vozes, 2001.

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Terminou de escrever a carta, colocou uma flor roxa dentro do envelope e guardou. Pela manhã iria colocar no correio. Estava quente. No horizonte algumas nuvens de chuva começavam a surgir - Cuidar do amor como se cuida de uma criança. Para se cuidar de uma criança temos que estar atentos ao seu crescimento, atentos para a criança não se machucar, é preciso ter concentração no cuidado – Pensando isso Eñoski voltou a deitar-se. Esta noite sonharia com Alin e a dor de cabeça iria embora.



Elisandro Rodrigues

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento