1.12.08

Para você ou sobre o final de semana – Ou Tarde em Itapuã

'Um dia prá vadiar...
Sentir preguiça no corpo...
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Falar de amor em Itapuã...
E com olhar esquecido
Bem devagar ir sentindo
A terra toda rodar
É bom!...
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã'

(Tarde em Itapuã - Toquinho)


Nome Científico: Alstroemeria hybrida
Nome Popular: Astromélia, astroméria, alstroeméria, carajuru, lírio-de-luna, lírio-dos-incas, lírio peruviano, madressilva-brasileira, madressilva-da-terra, madressilva-de-canteiro
Família: Alstroemeriaceae

Deitado no chão olhava as nuvens no céu por entre as folhas das árvores. Tínhamos arrumado nosso cantinho no meio de flores de Astromélia perto da passagem para a praia. Ao nosso lado estavam Ita e sua irmã Dane. Ita mostrava pelos olhos a saudade do namorado enquanto sua irmã repousava – ou melhor dormia. Ligia e Leon estavam deitados trocando beijos e caricias. Lau e Lip tocavam e cantavam enquanto Vin – namorada de Lau observava.

Você estava deitada sobre meio peito, me envolvendo em um abraço gostoso. Nos seus olhos via a paixão e a boniteza daquele momento, sem palavras para traduzir a beijava docemente. Assim envolto em um abraço e no meio de flores ia repassando nosso dia: O convite para passar uma tarde em Itapuã, a nossa vinda depois de minha reunião. A parada para tomar suco no meio do caminho e para o Leon comer. A chegada em Itapuã. O banho de rio(lago, laguna) – nossas caricias e confissões dentro da água. A caminhada pela orla conversando sobre nossas vidas. As risadas tirando fotos com Ligia e Leon. Eu te trazendo na garupa pois o chão estava quente e cheio de rosetas. Uma tarde que demorou para passar. Uma tarde onde afirmamos que no momento queríamos era ficar juntos.

Deitado ao seu lado pensava nestas coisas minutos antes de termos que irmos embora. Minutos antes de começar a chover. Agora sentado sobre a cama fico repassando novamente este dia. Fico repassando as loucuras que cometemos para ficarmos juntos. Fico pensando em nossa loucura semana passada – não nos veremos mais – quatro dias depois estávamos juntos novamente passando um final de semana regados a abraços, beijos, sorvetes de manga, strogonof e caminhadas nas ruas e areias deixando nossos passos marcados. Deixando nossos corpos marcados e nossos corações mais encantados.

Olhando este final de semana posso dizer nas palavras de Toquinho 'É bom!'. É bom estar contido, é bom te sentir dentro de mim, perto de mim, do meu lado. É bom saber que estás pensando em mim – como diria a Ita 'vou ter que passar mais uma semana ouvindo ela falar de você'. Nesta loucura e paixão que estamos vivendo sobre espaço para sonharmos e termos esperança no futuro. Tenho certeza de que esta noite dormirei melhor. Tenho certeza que amanhã o mundo vai acordar cantando por que somos:

'Como arroz e feijão
A perfeita combinação
Soma de duas metades

Me jogo da panela
Pra nela eu me perder
Me sirvo a vontade, que vontade de te ver'

(Pratododia – O teatro mágico)

Elisandro Rodrigues


2 comentários:

Rebeca Ribeiro disse...

Lindo texto, lindas referências musicais. Toquinho, o amigo do nosso poetinha vagabundo, e TM, uma das bandas mais criativas que conheço na atualidade!

E o amor! Ah, o amor... Qual seria a graça se ninguém escrevesse sobre ele, não é? Admiro pessoas que tem talento para descrevê-lo de forma a fazer-me sentí-lo. Lendo seu texto fiquei "sentindo saudade do que não foi, lembrando até do que eu não vivi"...

Abraços!

Anônimo disse...

Cara, estou sem tempo (novidade)
depois leio com calma.
Mas passando assim de relance, vi a música do toquinho. Adoro ela.
Sempre achei que ela tivesse uma ligação mítica com a crônica do vinícius "Dia de Sabado". leia depois. vai gostar.
beijos.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento