(Teatro Mágico – Cuida de mim)
Nos próximos dias sem a ver não conseguia parar de pensar nela, mandava mensagens e ligava para ela todo o dia. A quinta vez que se viram ela combinou de encontrar ele. Ela se atrasou e na espera dele muitas vidas nasceram e morreram. Mas ela chegou. Em um encontro atípico e estranho os dois foram andar de ônibus, numa ‘indiada a zona sul’ da cidade. Atravessaram o tempo conversando sobre a vida e o significado das coisas na vida. Neste momento ele a percebeu uma menina mulher, com uma história de vida tão grande quanto a dele. Mas a noite não chegou no fim. Depois de cansarem de passear pela cidade dentro de um ônibus foram comer e tomar vinho. Dentro do copo a encontrou frágil e lhe deu um abraço, dentro da comida (escondidinho) a encontrou humana cheia de sentimentos.
Mas a noite ainda não havia terminado, tinha ainda muitas horas para se passarem, e forma horas de calor humano, de abraços gostosos, de brincadeiras no meio da rua, de falar que o beijo pode não desencantar o sapo, de se prazeriar com um gatinho e por fim dormirem juntinhos novamente. Na sexta vez que se encontraram foi na casa dela, a casa ainda uma bagunça com a mudança dela. Ele levou o presente: um mosaico cheio de imagens e palavras. Ela gostou e ficou feliz. Ele ajudou a arrumar a casa. Depois sentaram e conversaram. Ambos sabiam que este era o ultimo encontro. Seus corações já diziam isso, por mais que a esperança florescesse em ambos.
Neste último encontro eles trocaram confissões, temores e medos. Ele percebeu que a vida sempre prega peças, principalmente quando tudo está perfeito. Eles conversaram, beberam, se abraçaram e por fim deram-se o primeiro e último beijo. Beijo este que o levou as alturas e o fez xingar, blasfemar e amaldiçoar o mundo, ao mesmo tempo em que se sentiu leve, sereno, satisfeito, apaixonado. Mas ambos entendiam que o mundo queria que ambos seguissem caminhos diferentes, não entendiam e nem mesmo compreendiam por que, mas aceitaram os caminhos que os deuses haviam escrito. Ele ficou como uma flor à espera da borboleta para beijar e acariciar suas pétalas. Ela voou como uma borboleta, levando a beleza de sua cor e seguindo os ventos.
Ele no final de tudo compreendeu uma coisa: que no meio da mudança dela foi ele que se mudou.
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