28.7.08

Conversa com os sonhos
Ao chegar em casa ele leu e dormiu ...e sonhou com o senhor dos sonhos ....

“Você está fugindo, né?” – Disse o corvo.
“Não estou fugindo. É que...sei lá.” – Respondeu o Homem e continuou, “Tudo está ficando grande demais pra mim. Parece um passo maior que as pernas. Tenho medo. Medo de fazer uma bobagem.”
“E qual o problema de fazer uma bobagem?” – Perguntou o senhor dos sonhos, Sandman.
“Você não tem medo de cair?” – Falou o homem.
E Sandman disse: “Ás vezes, subir é um erro, mas nem chegar a tentar é sempre um erro”
O homem questionou: “Como assim? Quer que eu volte para a peça, que não caia fora? É isso? Você é só um sonho. Eu já decidi.”
“Se você não subir, nunca cairá. É fato. Mas seria tão ruim fracassar? É tão difícil cair? Às vezes, você desperta. Às vezes, sim, você morre. Mas há uma terceira alternativa: Ás vezes, quando cai, você voa.”


"Você já amou? É horrível, não? Você fica tão vulnerável. O amor abre o seu peito e abre o seu coração e isso significa que qualquer um pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura inteira, durante anos, para que nada possa lhe causar mal. Aí uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outro idiota, entra em sua vida. Você dá a essa pessoa um pedaço seu, e ela nem pediu. Um dia, ela faz alguma coisa besta como beijar você ou sorrir, e de repente sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele entra em você. Devora tudo que é seu e lhe deixa chorando na escuridão. E então uma simples frase como 'talvez devêssemos ser apenas amigos' se transforma em estilhaços de vidro rasgando seu coração. Isso dói. Não só na sua imaginação ou mente. É uma dor na alma, uma dor no corpo, é uma verdadeira dor-que-entra-em-você-e-o-destroça-por-dentro. Nada deveria ser assim, principalmente o amor. Odeio o amor".
Elisandro Rodrigues
Sonhando....
REtirada de fragmentos da HQ Sandman de Neil Gaiman.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento