18.7.08


Por isso que gosto do Teatro Mágico!


Hoje (16/07), Fernando Anitelli participa de Ato público em repúdio à criminalização do MST promovida pelo Ministério Público do Rio Grande Do Sul, no TUCA (Teatro da PUC/SP) a partir das 19h.

Explicando o ato - Em setembro de 2007 o Subcomandante Geral Cel. Paulo Roberto Mendes Rodrigues encaminhou ao Ministério Público gaúcho um relatório elaborado pela própria Brigada Militar do Rio Grande do Sul que caracteriza o MST e a Via Campesina como movimentos que deixaram de realizar “atos típicos de reivindicação social” e que passaram a orquestrar “atos típicos de organizações criminosas” e “paramilitares”.

No dia 2 de dezembro de 2007 o Conselho Superior do Ministério Público aprovou o relatório elaborado pelo promotor Gilberto Thums que designa “[...] uma equipe de Promotores de Justiça para promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e declaração de sua ilegalidade [...]”. Bem como, o Minstério Público decidiu “[...] pela intervenção nas escolas do MST a fim de tomar todas as medidas que serão necessárias para a readequação à legalidade, tanto no aspecto pedagógico quanto na estrutura de influência externa do movimento.”

No dia 11 de março de 2008, contrariando inquérito da Polícia Federal que investigou o MST em 2007, o Ministério Público Federal denunciou oito supostos integrantes do MST por “integrarem agrupamentos que tinham por objetivo a mudança do Estado de Direito, a ordem vigente no Brasil, praticarem crimes por inconformismo político”, delitos capitulados na Lei de Segurança Nacional da finada ditadura.

A denúncia referia-se aos acampamentos do MST como “Estado paralelo” e apontava a exisência de apoio das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), além de estrangeiros responsáveis pelo treinamento paramilitar.

Soma-se a tais medidas, o processo de intensificação da repressão policial às ações políticas do MST. Marchas pacíficas, protestos, ocupações são atacados com extrema violência da parte da Brigada Militar. As imagens divulgadas chocam pela brutalidade: bombas jogadas em meio a famílias com crianças, balas de borracha disparadas à altura das cabeças e espancamentos.

É contra essas medidas de cunho autoritário e ditatorial que vimos a público manifestar nosso apoio ao MST e ao Ato em questão. Fernando Anitelli e a Trupe d’O Teatro Mágico, não só se preocupam com o acesso a arte e a cultura, mas também participam de discussões e apóiam debates imprescindíveis para nossa sociedade e para o desenvolvimento agrário e sustentável de fato do nosso país. É com orgulho que convidamos todos os nossos admiradores para comparecerem hoje no TUCA e darem sua contribuição e apoio a este debate.

Um comentário:

Gabriel disse...

É!
Achei admirável a atitude do Fernando Anitelli em se colocar a favor de um movimento que é visto com tanto preconceito e massacrado pela mídia convencional.

Acho importante para trazer a tona um debate que é fundamental para o desenvolvimento do país, por uma questão de justiça e sobrevivência.

Espero que possamos reverter todo esse preconceito e fazer as pessoas conhecerem e entenderem um pouco melhor sobre os ideais desse movimento.

Abraço!

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento