2.7.08

Meio Abaçaiado, meio borocoxó



Ando nestes ultimos dias meio borocoxó, meio sem forças, desanimado, sem brilho. É muitas coisas acontecem conosco o mundo gira, como diria Chico Buarque "tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu o mundo estancou de repente ...". Mas o meu desanimo é por causa da grite, não esperneiam, não corram ao telefone para me ligar (se bem que pouquissímas pessoas fariam isso, bem pouquíssimas).

Mas tirando a parte de que ninguém me ligaria, ando abaçaido por causa deste tempo, desta gripe que vem devagarinho e pega o peão de jeito. Mas tirei um minutinho em um dia de chuva, eu com sei lá quanto de febre, para escrever algumas linhas e dizer que assiti o filme Wall.E, e recomedo que assistam. Uma história simples, mas bem construida, mostrando a realidade em que vivemos de dois ângulos o social e o romântico.

Bom vão ao cinema e vejam.


Abençoado, meu senhor
Donde vêm as asas do bicho voador
Quem sopra junta as casas e traz sombra no calor
Anubliado clareou
Chão barreado não esconde a cor
Nas lembranças que eu trago meu perdão e meu rancor
Alumiada estação
Onde as meninas brincando no portão
Tem horas que são senhoras, tem horas que horas são
E o que resta sem sentido
Fico perdido, sem direção
Fico danado e nado o rio São Francisco
Buscando o remanso pro meu coração
Abaçaiado, é assim que eu tô
Abraçando a dor, é assim que eu vou
AbaçaiadoAbaçaiado se irritou
No outro lado fica quem não atravessou
Se hoje abaçaiado canta
É porque ontem já chorou
Alegriado acertou
Que o culpado é o mesmo que inocentou
Somos beijos de partida e abraço de quem chegou
E o que resta sem sentido
Fico perdido, sem direção
Fico danado e nado o rio São Francisco
Em busca de um porto pro meu coração
Abaçaiado, é assim que eu tô
Abraçando a dor, é assim que eu vou
Abaçaiado
(Abaçaiado - Teatro Mágico)


Elisandro Rodrigues
O Abaçaiado aqui caindo na cama - literalmente.

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento