21.8.09

Quando o amor se escreve nos corpos.




Ele chega em casa ela está deitada no sofá entregue ao sono. Ela está vestindo seu pijama cor de rosa com ursinhos saltitantes estampado. Ele se aproxima dela, ajoelha no chão beija sua testa e acaricia sua barriga, dentro dela a criança se mexe com o carinho. Ele beija com carinho a barriga acordando ela que o olha com ternura e paixão. “Oi amor” diz ele baixinho, “vamos deitar na cama, pegaste no sono de novo no sofá!”, “estava te esperando mor”. Ele ajuda ela se levantar devagarzinho. Por trás do pijama rosa pode-se observar a barriga de quatro meses. Ele a deita na cama lhe dá mais um beijo no nariz, na boca e na barriga. Tira a roupa. Toma um banho. E vai-se deitar do lado da mulher que a cada dia ele se apaixona mais. Apaga a luz e a abraça com paixão, ternura e carinho embalando ela e sua filha num abraço gostoso.

Elisandro Rodrigues

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

(Todas as Cartas de Amor São Ridículas – Álvaro de Campos heterônimo do poeta Fernando Pessoa)


2 comentários:

Preta Lopes disse...

Como assim, vc vai ser pai?!
akakakaka
Adoro esse poema, onde diz
que todas as cartas de amor são
ridículas.. O engraçado é que
por trás das cartas ridículas
de amor estamos nós,
não seria nós os ridículos propriamente
ditos?!


Besosss

P.s: Seu Blog está com algum problema pessoal com a minha pessoa, não consigo postar comentários através
da minha conta d Google.:X
rs
.

Preta Lopes disse...

Consegui! rsrs

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento