18.5.09

Meu pequeno grande nariz.


Hoje percebi suas mascaras. Mascaras que ignorava por querer-te. Cada dia aparecia outras. Em cada história do passado, em cada conversa sobre o presente. Um mosaico de mascaras uma sobre a outra. Não acreditei quando me dei conta de suas mascaras. Mas hoje tenho certeza que fechava meus olhos para elas. Abri demais meu coração. Magoei-o. Feridas que demoraram em sarar. Nos momentos em que se mostrava frágil, onde todas as suas mascara caiam lá estava eu com a única mascara que tinha- a menor e a maior – meu nariz vermelho, tirava de dentro de um bolso qualquer. A felicidade, a alegria, os sonhos utópicos de um Clown que vive na berlinda apareciam e contagiavam, loucuras eram criadas e realizadas. Permanecia muito tempo com Eusébio – o clown que te fazia sorrir, mas para que? Para te fazer colocar uma máscara em cima da outra fingindo ser quem não era, para me enganar e se enganar, pobre Eusébio que na sua ingenuidade acreditava nas mascaras bonitas que via pela frente. Assim como eu, Eusébio sente a dor no coração, quem sabe sofra mais, sensível do jeito que é. Mas uma coisa aprendemos: as mascaras um dia caem e por trás delas aparece a verdadeira face de quem as usa. Seguimos nosso caminho, com nossa pequena grande mascara de dúvidas, alegrias, certezas, dores, sonhos – o nariz do clown.

Elisandro Rodrigues
P.S: Em homenagem a Mario Benedetti que morreu dia 17/05/09 segue um poema de sua autoria.

Te quiero – Mario Benedetti

Tus manos son mi caricia
mis acordes cotidianos
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro

tu boca que es tuya y mía
tu boca no se equivoca
te quiero porque tu boca
sabe gritar rebeldía

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

y por tu rostro sincero
y tu paso vagabundo
y tu llanto por el mundo
porque sos pueblo te quiero

y porque amor no es aureola
ni cándida moraleja
y porque somos pareja
que sabe que no está sola

te quiero en mi paraíso
es decir que en mi país
la gente viva feliz
aunque no tenga permiso

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Um comentário:

CLARIDÃO disse...

palhaço e poesia.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento