Vejo com os ouvidos a música cantada por ela. Fico como as borboletas antes de metamorfosearem, escutando a melodia suave e a voz doce me conduzindo para um lugar que eu não vi em seu olhar. Vou confiando na alvorada e na solidão, nos passos versos de um sonhador, das asas certas da lagarta em dor. Vou andando por ai exercitando a paciência nas brincadeiras de roda, nos aconchegos das tardes de domingo. Tenho pensando em fugir de tanta ordem e progresso mas me pego brincando com o gato Gusmão e o nariz de palhaço que ele joga para lá e para cá numa brincadeira inocente de felino ainda menino.
Não sei mais o que vejo no seu olhar. Penso as vezes que criei o que queria ver no seu olhar ouvindo-o e sentindo coisas por mim mesmo. Aquilo que não procurava aparece escrito nas paredes e nas calçadas por onde passo, está escrito claramente em letras vermelhas e rosas – aprender a ver, aprender a viver, aprender a se metamorfosear. Tudo parece claro como as noites mais escuras vejo o que não vi mas o que queria ver no deserto que encontrei aquilo que não procurava. Mas com paciência fujo do mundo nas asas de uma lagarta em dor brincando com o nariz de palhaço do Gusmão.
Elisandro Rodrigues
P.S: Fica a dica de uma banda muito legal, de onde fiz essa brincadeira com duas músicas – Crisálida e O que vi. O nome da Banda é Estramuros acessem: http://www.myspace.com/bandaextramuros
P.S: Foto tirada por Ana Rocha na rua Augusta, São Paulo - outubro de 2008 (http://annamaiarocha.blogspot.com/)