30.12.08

Para fechar o ano e iniciar novas loucuras...

Para fechar este ano de caminhadas e loucuras nada melhor do que esta tirinha do Calvin.
Desejo assim um Feliz 2009 para todas e todos.


(http://depositodocalvin.blogspot.com/)

22.12.08

Carta Natalina


“Querido Papai Noel.

Sou meio grandinho para estar lhe escrevendo, na verdade sei que você não existe. Sei que a data natalina perdeu totalmente o sentido e o espirito original – o do nascimento do menino Jesus, e junto com ele o nascimento da esperança da Civilização do Amor. É certo que deveríamos neste período nos esforçar para construir esta Civilização, obviamente que está reflexão acontece no dia, mas a prática, que é necessário nos outros 364 dias do ano, acaba não acontecendo.

Mesmo assim aproveito que o dia 25 está chegando e lhe escrevo, sendo você está figura mítica do Bom Vovô que distribui presentes as pessoas, gostaria de lhe pedir os meus presentes para este final de ano. Na verdade não peço para mim, mas sim para outra pessoa. Pode parecer meio estranho este pedido, em vez de querer presentes para mim peço para outra pessoa. Quem sabe é o espirito natalino de fraternidade e de amor. Vou falar dessa pessoa para você, para não errar o destinatário – pode ser que no meio de tantos presentes um que outro acabem extraviados para não correr este risco segue a descrição:

O nome da pessoa a quem os presentes devem ser entregues é Dodoviski. Ela é especial para mim, é baixinha, usa óculos, de um temperamento agitado – um pouco louca, simpática, alegre, com um sorriso encantador, faladeira, carinhosa, cozinha super bem, toma muita água, pode ser que quando a ver ela esteja usando uma tiara com estrelinhas e borboletinhas. Se o senhor não souber ao certo na hora de entregar é só observar uma pessoa que fica todos os momentos cantando e espoleteando. Com certeza não terá erro.

O endereço para entregar é na Rua Estrela, travessa Catavento, Prédio Astromélia, andar dos sonhos e utopias.

Os meus pedidos são simples, não vou pedir muita coisa não: Primeiro gostaria de pedir um livro chamado Casulo – o escritor é André Neves. È um livro bem bacana que fala do processo das pessoas, da transformação e dos sonhos, creio que ela irá gostar. O segundo presente é que tire de sua cabeça as atucanações do mundo, tudo não – metade já está bom, e coloque no lugar sonhos de mundo novo, de vida nova. O terceiro pedido é um sonho que se transforme em realidade. O quarto pedido é um pouquinho de pó de esperança e utopia. O quinto pedido é de cuidado – é que ela possa ter cuidado nos caminhos por onde passar, nos lugares onde entrar, com e nas pessoas que encontrar e conviver.

Bom, são pedidos simples, mas complexos. Ficaria contente que ela recebesse estes presentes meus entregues por você. E para mim não precisa nada não, ficarei alegre olhando a alegria e a beleza nos olhos dela. Ah! Os olhos dela irradiam felicidade, são olhos de menina.


Este é meu pedido de Natal Papai Noel. Assim me despeço, mando esta carta pelo vento para chegar mais rápido.


Abraços fraternos no espirito natalino.

Enoski.”


Elisandro Rodrigues

(Imagem do Blog do André Neves - http://confabulandoimagens.blogspot.com/

Felicitações Natalinas)

21.12.08

Mosaico de histórias



Olhando ela sentada no sofá ia imaginando histórias futuras - histórias de felicidade em casa juntinho e de loucura fazendo malabares no meio da rua. História sem pé nem cabeça, sem medo e sem confusão, ou por que não com muita confusão - tudo ao seu lado. Fico olhando ela ali com um livro na mão e no chão outros tantos espalhados. Me preencho com paixão, amor e poesia. Caminho até ela dou um abraço e um beijo e canto baixinho 'quero acordar de manhã ao te lado' e aturar qualquer coisaaaaaaaaaaa. Não é coisa guri é babado, quer apanhar por acaso. Damos risada juntos e a beijo suavemente. Você é o encaixe do meu mosaico de uma história maior.



"Ao pé das fogueiras acessas,

crianças, jovens e adultos,

até os já passados dos noventa,

teciam calorosos cantos e contos

grupais, envolventes e encantados.

Hoje, em tempos de fogueiras apagadas,

precisamos fuçar na memória

e catar os cacos dos sonhos

para engrandecer a vida

e não sufocar o mito e a poesia"

(Elias José)


"Existe História para tudo no mundo. Há as histórias celestiais, siderais e terrenas. Histórias que saem da cabeça, do pé, da boca e do coração."

(Luciano Pontes)

CANÇÃO DE NUVEM E VENTO (Mário Quintana)

Medo de nuvem
Medo de Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do Vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe...
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!


"Curioso, desvenda segredos e mistérios naquela nuvem que cresce até o tamanho certo para chover forte. Chover menino."

(André Neves)


"Mas se alguém me faz carinho e fala devagarinho 'isso não é nada', eu choro bem de mansinho, carinho é melhor que pomada."

(Regina Chamlian e Helena Alexandrino)
Elisandro Rodrigues

17.12.08

Papo de jardim (ou não sei fazer poema)


'E ti regaleró mille baci
per dirti quanto mi piaci
amo l'amore con la nebbia nel sole
o se piove'
(Donati Casa Brasil)


Eu não sei fazer poema

Por isso não uso calção

E te jogo bolinha de sabão
Mas chego bem devagarinho

Nas asas de um passarinho

Pra roubar um beijo bem de mansinho

Te dou carinhos e beijinhos sem ter fim,
pra acabar com esta história de você viver sem mim.

Elisandro Rodrigues e Dodorovisky

15.12.08

Aposto (a posto)


Ela vinha caminhando em minha direção com sua camiseta lilás escrita “Os opostos se distraem, os dispostos se atraem". Meu corpo todo sentia a emoção daquele momento. Ela subia as escadas como quem sob para o céu – sim uma estrela era ela, quem sabe subia para o céu e me levasse junto com ela. Minhas mãos suavam frio, minhas pernas tremiam. Ela estava se aproximando - nos pés uma sandália combinando com a cor da blusa. Meu corpo não reagia permanecia parado no alto das escadas. Ela se aproximou de mim subindo o último degrau me envolveu em um abraço e me disse baixinho ao pé do ouvido “Te gosto menino chato”. Meu corpo não resistiu aquela voz e a pressão que o corpo dela fazia se entregou sem desculpas ao prazer daquele momento. Sim estou disposto a você por inteiro e faço vigília todas as noites para te ver.

Elisandro Rodrigues

(Foto do trabalho de um amigo - Jairo "Emaranhados arames entortados" 51-93170248 - emaranhados@gmail.com).

O diagnóstico e a terapêutica - Eduardo Galeano


(Das palavras de um profeta sobre como me sinto)

O amor é uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite após noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes. O amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de alho, que neste caso não serve para nada. O amor é surdo frente ao Verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto do governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis beberagens com garantias e tudo.

14.12.08

Memórias músicais de um domingo com vento.

“Como o tempo custa a passar! Principalmente quando venta. Parece que o vento maneia o tempo...” (Erico Veríssimo – O Tempo e o Vento)



12.12.08

Tua presença se faz essência dentro de mim.
Tua essência se faz presença dentro de mim.

Elisandro Rodrigues

10.12.08

Enquanto a Chuva cai


Se ele pudesse registrar aqueles dois momentos em fotos ou películas de um curta o resultado seria surpreendente. Mesmo não podendo fazer isso ele imaginou como seria o resultado do enquadramento fotográfico – seriam duas imagens:
A primeira imagem seria de uma fotografia de seu quarto-o seu quarto- pegando na imagem sua cama, sua estante com livros a pandorga pendurada próxima a cama. Se o espectador olhasse a foto não acharia nada diferente mas se olhasse atentamente iria reparar no cartão postal em cima da cama. No cartão poderia ser visto um barco ancorada na areia próximo a uma praia. Se pudesse ler o cartão se emocionaria com as palavras de saudade e de amor – mas isso era impossível, aconteceria se tirasse uma foto do verso do cartão.
A outra imagem que compunha em sua mente era a dele mesmo sentado dentro de um ônibus com um livro aberto em suas mãos em uma página marcada por uma pétala de flamboyant. Ele olhando para fora e via a chuva cair sob os carros que passavam apressados no início da manhã. A foto tirada pelo lado de fora mostraria a janela do ônibus com gotas de chuva em uma imagem meio ofuscada daquele homem olhando para a chuva do outro lado do vidro.
A trilha sonora para o curta seria na seqüência: Ele olhando o cartão em cima da cama ao som de “Não deveria se chamar amor” de Paulinho Moska. Para a segunda imagem do ônibus uma seqüência de pedaços das músicas “Estrela” de Vitor Ramil; “Prato do dia” do Teatro Mágico e “Preta” do Cordel de Fogo Encantado – elucidando a chuva que continuava a cair.
Poderíamos escutar estas musicas juntamente com o pensamento dele: 'Busquei encontrar minha alma em muitos lugares fui encontra-lá nos olhos dela. Gira o mundo num catavento. Brilha o mundo nos olhos dela – You´re a part time lover and a full time friend. Nossos caminhos são feitos de nuvem e pedra – às vezes o lugar onde queremos chegar fica exatamente onde estamos, mas precisamos dar uma longa volta para encontrá-lo(Satolep de Vitor Ramil)'.
Após terminar de dizer isso pausadamente enquanto olhava a chuva cair no transito lento da cidade ouviríamos o início da música “Quantas vidas você tem?” do Paulinho Moska juntamente com os créditos que iam aos poucos aparecendo. Antes de terminar os créditos a imagem dela apareceria – uma foto onde ela lê uma carta em meio a um sorriso, percebemos o sorriso apaixonado e o vento na fotografia – é percebemos o vento nas árvores.
No final do curta, depois da imagem desaparecer devagarinho aparecia ele descendo do ônibus e caminhando na chuva fina do mês de dezembro e flores de flamboyant colorindo o chão por onde passa – juntamente com as flores caindo inicia-se a música “Nosso Amor é Filme” do Cordel de Fogo Encantado. A ultima imagem que vemos é a câmera focando em uma flor vermelha com gotas de chuva sobre ela.
Se fosse fotografo ou cineasta essas serias as imagens transpostas de sua mente para a fotografia e vídeo, mas, como não era nenhum dos dois, era apenas um apaixonado em uma quarta-feira, continuou a ler seu livro enquanto a chuva cai-a.



Elisandro Rodrigues

8.12.08

Declaro-vos nuvens


“Poderia se chamar nuvem
Pois muda de formato a cada instante...”

(Paulinho Moska – Que não devia se chamar amor)

- Eu vos declaro nuvem um para o outro.

Vocês podem estar achando isso estranho, vou explicar o fato. Me contaram este causo e disseram que foi verdadeiro, eu como um bom ouvinte repasso para vocês também. Segundo Seu João, um vagalume que me contou o sucedido e o presenciou em pessoa (nem tão pessoa assim), disse que dois jovens apaixonados decidiram se juntar, mas como ambos não gostavam do fato de serem chamados de casados resolveram-se que mudariam o nome para algo diferente, e assim procederam-se e averbaram que se chamariam nuvem.

Como não é permitido “casar”, se ajuntar, legalmente com um outro nome além de cônjuges – esposo e esposa, marido e mulher – não podiam pedir para um juiz ou um padre fazer o casamento. Chamaram um amigo deles, que tinha fama de ser profeta e emaranhador de corações, para proceder a cerimonia. E assim aconteceu, rápida, simples e com poucas testemunhas: o amigo emaranhador Tipak, Seu João – o vagalume, as estrelas e a Lua, o vento que passava desapercebido pelo recinto e uma fada que também apareceu do nada e deu de presente para ambos um desejo.

Mas como ia vos relatando Tipak vestido a rigor – de bermuda e camiseta – emaranhou mais um casal dizendo palavras de sonhos e utopias conjurando os deuses e deusas antigos e o firmamento na sua magnitude declarou-os o primeiro 'casal' nuvem. Os amantes apaixonados ficaram contentes com esta cerimonia e logo em seguida partiram para a lua de mel: que dizem as más línguas (e os pernilongos ouvintes) que foi um estrondo só de paixão e tesão- noite adentro de ardor e suor. Não tenho outros fatos para lhes relatar, mas foi um causo contado a mim e repasso a vocês do primeiro emaranhado de duas pessoas se tornando uma nuvem só. Seu João me relatou ainda que ambos se presentearam na hora da entrega das “alianças”, ele recebeu um patuá com um concha catada por ela na beira da praia e ela recebeu um emaranhado de arames em forma de fada e estrelas.

Achei este causo muito dos estranhos, mas como Seu João é grande amigo meu de tempos idos não contestei os fatos contados, achei esquisito, vai que esta moda pegue e todo mundo vire nuvem. Depois que o vagalume saio piscando pela noite olhei para a noite e fiquei observando as nuvens cortando meu fumo e fechando meu cigarro.

Elisandro Rodrigues

5.12.08

Pedacinhos de mim.


Nesta sexta feira onde o dia permanece ora nublado ora ensolarado tenho a te dizer:
Uma palavra:Senti[dores]
Um fragmento: 'O frio geometriza as coisas...Se tivéssemos viajado puramente através da intensidade da luz e do rigor da paisagem, estaríamos agora penetrando em seu detalhe. Desembarcamos na estação das coisas essenciais.' (Satolep de Vitor Ramil)
Uma música: O anjo mais velho – O Teatro Mágico.
Levo para este final de semana aguardando a sua chegada:
No coração: a saudade e a paixão.
Nas mãos: os sonhos e utopias.
Nos pés: a vontade de andar do seu lado.
No braços: o seu abraço.
No corpo: o seu corpo.
Na boca: o seu gosto.
Nos olhos: imagens de cataventos e borboletas.
No rosto: a brisa do mar.

Para te dar: Estrelas de todas as cores te esperam junto com meu corpo e meu coração.

Elisandro Rodrigues

4.12.08

(Um post diferente) Sobre quadrinhos 2: Local

(clique na imagem para ampliar)

(Alguma Coisa - O Teatro Mágico)

Alguma coisa acontece em mim
quando a menina passa

Alguma coisa acontece em mim

quando a menina passa...
quando a menina passa...
quando a menina passa...

lá lá, lá lá, lá lá lá lá lá lá
lá lá, lá lá, lá lá lá lá lá lá
lá lá, lá lá, lá lá lá lá lá lá


(Escrevi o texto abaixo já faz uns dias, resolvi publicar hoje depois de ver umas tirinhas do pequeno Parker acima que me fez recordar da música do Teatro Mágico e das saudades da Estrela.)

Muitas coisas não são conhecidas,os gibis e hq´s são um exemplo disso. As hq´s muitas vezes não ganham a importância que merecem, são 'excluídas' do quesito da literatura. Existem quadrinhos que não são de conhecimento do grande público, as que chegam ao conhecimento das pessoas são títulos mais famosos e que estão há tempos no mercado. Mas existe uma infinidade de obras que são relevantes não só para o mundo dos quadrinhos, mas para a literatura.

Acabei de ler esta semana uma HQ que há tempos estava na minha lista 'LOCAL' de Brian Wood com desenhos de Ryan Kelly. Ela entrou para a minha lista de melhores histórias já lidas - Nesta lista estão HQ´s como: SANDMAN de Neil Gaiman, FÁBULAS de Bill Willingham, DMZ do mesmo escritor de LOCAL Brian Wood, Y THE LAST MAN de Brian K. Vaughan, THE BOYS de Garth Ennis e Darick Robertson. Estas para mim são algumas das melhores HQ´s, é claro que não podemos esquecer das escritas por Alan Moore.

O que me chama a atenção em LOCAL, DMZ e DEMO de Brian Wood são as histórias que humanizam as pessoas, ou a humanidade que existe nas histórias. Fatos, histórias, romance, verdade, ficção, tudo junto com uma arte impecável por parte dos desenhistas. Histórias sobre o cotidiano e a realidade que podem acontecer conosco. Sugiro para quem não lê quadrinhos ir atrás de um desses títulos, vale a pena mesmo e para quem lê e ainda não conhece estas obras também vale a pena.

São mais do que histórias para divertir, são histórias para refletir e pensar.

Links que valem a pena acessar: www.hqvertigem.blogspot.com e www.punyparker.blogspot.com (este é de onde tirei a tirinha do Peter Park)


Elisandro Rodrigues

2.12.08

Sonhadores

Ele estava deitado em cima da árvore olhando a noite estrelada. Estava um céu escuro e as estrelas brilhavam fortes por entre as flores do Flamboyant. As flores vermelhas davam um toque diferente aquele céu escuro e azul. O vento levava seu cabelo para cima e para baixo, como um parafuso. Estava concentrado em seus pensamentos que nem virá a menina subindo a árvore e se aproximando dele. A menina sentou de seu lado e deu um oi com os olhos ele retribuiu com um sorriso e disse:

- Pensei que não vinha mais?

- Tive uns contratempos no caminho, mas agora estou aqui. O que vamos fazer hoje?

- Não sei, tô com saudades de você! Passei esta semana toda pensando em você. Qualquer coisa me lembrava seu sorriso e seus olhos.

- Qualquer coisa bonita e sensível me lembra você.

Os dois ficaram se olhando em silêncio por um tempo, suas mãos estavam entrelaçadas. O vento agora brincava com o cabelo dos dois. Ele comentou:

- Sabe, o amor é uma flor roxa que nasce nos corações dos trouxas.

- Então no meu nasceu um jardim – disse ela e ambos deram risada – quando penso em você nestes dias parece que não estou só – continuou – sabe o que podíamos fazer hoje?

- O que?

- Poderíamos ficar olhando o mundo juntos. ‘Gosto quando olho o mundo com você, e gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você. Gosto ainda mais quando esquecemos onde estamos e olhando em volta escolhemos a mesma coisa pra olhar.’ É uma música sabia, do Paulinho Moska.

- Já escutei ela umas vezes, é tão bonita. Podíamos ficar aqui então olhando o mundo. Eu adoro ficar com você assim, tão pertinho! Dizendo isso abraçou-a.

Ficaram assim alguns minutos – abraçadosolhandoomundodecimadeumaárvore. Ela então disse:

- Não entendo esse nosso sentimento, é novo, diferente, não significa nada e mesmo assim dá sentido a tudo. Teu afeto me afetou...

- Até o mundo conspira a nosso favor, parafraseando Paulo Coelho – dizendo isso ele não se segurou e caíram na gargalhada novamente.

Ela tocou o rosto dele percorrendo-o e fazendo carinho com os dedos – Fico tão feliz ao te lado. O beijou suavemente colocando uma das mãos atrás da cabeça dele e aos poucos aquele beijo foi crescendo até o máximo e explodir em milhares de outros beijos – no rosto, nas mãos, nos braços no corpo inteiro........

Quando terminaram os corpos de ambos estavam cobertos de suor. Permaneciam em cima da árvore abraçados e deitados. Os galhos da árvore eram imensos de dia as crianças pulavam e corriam em cima deles como se brincassem no chão. Uma árvore magnífica na beleza de sua grandeza e de suas flores. A noite acolhia aqueles amantes.

Os pássaros cantavam nos galhos de cima anunciando um novo dia. O vento da noite havia se transformado em brisa da manhã. Os dois sentaram e ficaram olhando o sol nascer ao som dos passarinhos, ele abraçado nela e ela com um cata-vento em suas mãos. Mais um dia juntos havia acabado. A saudade começava a bater devagar no peito.

- Sabe de uma coisa – começou ele – Ninguém mais sonha nesse nosso mundo. Os sonhos e utopias estão sendo esquecidos ninguém mais ensina a sonhar e construir utopias, assim como ninguém mais ensina a fazer cata-ventos. Eu tenho sonhado todos os dias com você. Esta noite sonhei que você havia se Metamorfoseado em borboleta e voou ao meu encontro. No sonho você voava até me encontrar, eu estava sentado nesta árvore jogando bolinhas de sabão.

- Que sonho bonito! Lindo! Eu tenho tentado sonhar todos os dias também. Na maioria das vezes sonho com você. Sonho que você está correndo por campos floridos com seu cata-vento. Corre como o vento. No sonho você me encontra pega minha mão e me leva para seu mundo. Nos transformamos em vento, em estrelas ficando sempre juntinhos.

- Deve ser por isso que não permitem mais a gente sonhar. ‘Sonhos mudam o mundo. Sonhos recriam o mundo todas as noites. As coisas não precisam ter acontecido para serem verdadeiras. Contos e sonhos são as sombras de verdades que irão resistir quando os meros fatos forem poeira e cinzas, e esquecidos (Sandman)’.

- Sabe de uma coisa, TE ADORO.

Os dois continuaram ali até o sol nascer, quando o sol terminou de levantar para um novo dia eles se despediram com os olhos e com os corações.

- Te espero – disse ele.

- Logo volto – disse ela – é uma viajem de uma semana. Domingo estou de volta. Continua sonhando comigo.

- Continuo sim!

Os dois se beijaram desejando que a semana passasse rápida para se verem novamente.

Seu Olhar

Paulinho Moska

Composição: Paulinho Moska / Suely Mesquita

Gosto quando olho pra você
Gosto mais quando seu olho vem
Na direção do meu
Na direção do meu
Na direção do meu

Gosto ainda mais quando esquecemos
Onde estamos e olhando em volta escolhemos
A mesma coisa pra olhar
A mesma coisa pra olhar
A mesma coisa pra olhar

Gosto quando olho com você o mundo
E gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você

Na direção do meu
Na direção do meu
A mesma coisa pra olhar
A mesma coisa pra olhar

Gosto quando olho com você o mundo
E gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você

Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele...com você




Elisandro Rodrigues

1.12.08

Para você ou sobre o final de semana – Ou Tarde em Itapuã

'Um dia prá vadiar...
Sentir preguiça no corpo...
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Falar de amor em Itapuã...
E com olhar esquecido
Bem devagar ir sentindo
A terra toda rodar
É bom!...
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã'

(Tarde em Itapuã - Toquinho)


Nome Científico: Alstroemeria hybrida
Nome Popular: Astromélia, astroméria, alstroeméria, carajuru, lírio-de-luna, lírio-dos-incas, lírio peruviano, madressilva-brasileira, madressilva-da-terra, madressilva-de-canteiro
Família: Alstroemeriaceae

Deitado no chão olhava as nuvens no céu por entre as folhas das árvores. Tínhamos arrumado nosso cantinho no meio de flores de Astromélia perto da passagem para a praia. Ao nosso lado estavam Ita e sua irmã Dane. Ita mostrava pelos olhos a saudade do namorado enquanto sua irmã repousava – ou melhor dormia. Ligia e Leon estavam deitados trocando beijos e caricias. Lau e Lip tocavam e cantavam enquanto Vin – namorada de Lau observava.

Você estava deitada sobre meio peito, me envolvendo em um abraço gostoso. Nos seus olhos via a paixão e a boniteza daquele momento, sem palavras para traduzir a beijava docemente. Assim envolto em um abraço e no meio de flores ia repassando nosso dia: O convite para passar uma tarde em Itapuã, a nossa vinda depois de minha reunião. A parada para tomar suco no meio do caminho e para o Leon comer. A chegada em Itapuã. O banho de rio(lago, laguna) – nossas caricias e confissões dentro da água. A caminhada pela orla conversando sobre nossas vidas. As risadas tirando fotos com Ligia e Leon. Eu te trazendo na garupa pois o chão estava quente e cheio de rosetas. Uma tarde que demorou para passar. Uma tarde onde afirmamos que no momento queríamos era ficar juntos.

Deitado ao seu lado pensava nestas coisas minutos antes de termos que irmos embora. Minutos antes de começar a chover. Agora sentado sobre a cama fico repassando novamente este dia. Fico repassando as loucuras que cometemos para ficarmos juntos. Fico pensando em nossa loucura semana passada – não nos veremos mais – quatro dias depois estávamos juntos novamente passando um final de semana regados a abraços, beijos, sorvetes de manga, strogonof e caminhadas nas ruas e areias deixando nossos passos marcados. Deixando nossos corpos marcados e nossos corações mais encantados.

Olhando este final de semana posso dizer nas palavras de Toquinho 'É bom!'. É bom estar contido, é bom te sentir dentro de mim, perto de mim, do meu lado. É bom saber que estás pensando em mim – como diria a Ita 'vou ter que passar mais uma semana ouvindo ela falar de você'. Nesta loucura e paixão que estamos vivendo sobre espaço para sonharmos e termos esperança no futuro. Tenho certeza de que esta noite dormirei melhor. Tenho certeza que amanhã o mundo vai acordar cantando por que somos:

'Como arroz e feijão
A perfeita combinação
Soma de duas metades

Me jogo da panela
Pra nela eu me perder
Me sirvo a vontade, que vontade de te ver'

(Pratododia – O teatro mágico)

Elisandro Rodrigues


Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento