8.10.08

Presentes de aniversário

(Imagem de Elma - http://tempodeternuras.blogspot.com)


(Para uma amiga – uai tchê)


Não, não, não esqueci não. Se pensou que sim né? Mas não! Pelo contrário me lembrei. Me recordei, mas como gosto de fazer as coisas diferentes preferi não lhe ligar, não lhe mandar e-mail ou deixar um scrap. Resolvi sim fazer algo diferente, resolvi esperar uns dias e lhe dizer que as pessoas são frágeis, pessoas se despedaçam tão facilmente, sonhos e corações também.

Por não lhe dizer nada no seu aniversário você poderia se despedaçar, ficar brava, chorar, se magoar. Mas a esperança de que a lembrança possa acontecer nos anima e dá forças. Sendo assim lhe escrevo hoje sobre a fragilidade dos sonhos e a esperança deles. Somos tão estranhos assim como os sonhos. Não nos lembramos deles na maioria das vezes, mas em certos momentos, principalmente quando estamos no limiar entre o despertar e o sono nos lembramos. Eles se vão tão rápidos que não conseguimos compreende-los .

Sonhamos acordado. Sonhamos com um mundo melhor, com uma vida melhor. Sonhamos com um amor que possa nos compreender, que possa nos entender, que possa viver conosco o resto da vida. Sonhamos em casar com esta pessoa, ter filhos, viver numa casinha o cotidiano até que a velhice e a morte chegue.

Sonhamos com um emprego estável que nos traga felicidade, e principalmente dinheiro para podermos viver acomodados até a nossa morte. Sonhamos em curtir a vida, curtir a cultura, ir ao cinema, teatro, ir a shows. Tudo isso com as pessoas que gostamos. Como disse as coisas são frágeis e nunca serão como gostaríamos que fosse. Mas mesmo assim resta a esperança, ali guardada no meio dos sonhos, tão frágil e pequenininha, mas está ali.

Ela pode ser uma sementinha de nada, mas nos trás alegria e felicidade de que algo aconteça. Ilumina as noites mais tristes, aquece os dias mais frios. Canta para nosso coração adormecer em paz. Sonho e esperança são dois elementos frágeis que devemos guardar com carinho e cuidado, neste dia, que é depois do seu aniversário, lhe dou uma sementinha de esperança e um punhado de areias do sonhar para você guardar e usar quando mais precisar.

Para usar quando os fantasmas e monstros quiserem lhe pegar. Quando escuridão for maior que a luz. Quando tudo estiver errado e nada mais esteja certo neste mundo. Então guarde com carinho estes dois presentinhos.

Elisandro Rodrigues

Uns dias depois do aniversário.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eno!

Uai! Achei q c tinha eskecido msmo!Acredita?!rs
Considerei cada palavra,
e o presente, não podia ter
vindo em hora melhor! Amigos, são poucos, é bom considerar quem considera a gente!
Bhá!! Brigada!

(P.s: Estes 'presentinhos' estão
mais que guardados!)

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento