29.8.06

Anjo dos olhos verdes

“A voz de um anjo sussurrou em meu ouvido, eu não duvido eu já escuto teus sinais...”

Tem um escritor, Neil Gaiman, no seu livro “Os filhos de Ananci”, fala que “...Coisas. Elas surgiam. É o que as coisas fazem, Elas surgem...” Com esta frase tento escrever sobre um anjo de olhos verdes. Olhos que falam, que contam histórias, que espalham ternura, que dizem que a vida deve ser vivenciada e desfrutada com extrema intensidade. E que faz surgir coisas...coisas boas.
Há muitas pessoas que tem uma visão e olhos perfeitos mas nada vêem, seus olhos, ao contrario, são instrumentos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo e com os olhos da outra pessoa. Nos seus olhos eu vi este prazer.
Seu abraço, traz afago, carinho, proteção, aconchego, nós da chamego. O tato acontece quando a pele e, portanto, o meu corpo, é tocado por algo de fora (ou por ele mesmo)...Nisso está a sua delicia ! Nisso está seu perigo. Seu toque é perigoso! Suas mãos que afagam, seu corpo que traz calor e proteção.
Este anjo de olhos verdes trago em meu corpo. Tem um filosofo que diz que o que não passa pelo corpo não trasforma, não traz mudanças. Deve ser por isso que me cativaste tanto, você passou e esta no meu corpo. Meu anjo me sussurrou para nunca esquece-la, mas como esquecer a experiência que vivenciamos, experiência que fez-se transcendência. Sabes, aquilo que a memória, o corpo, a boca, as mãos amaram, isso fica eterno.
Esta coisa que surgiu, quando nossos olhos se encontraram, não sei meu anjo o que és!Mas sei que és. Devo estar louco!Primeiro por querer um anjo, segundo este anjo ter olhos verdes, e que toca, beija, abraça, cheira. Terceiro por querer entender a lógica dos sentimentos e desta coisa. Os sentimentos a gente não traduz com palavras, a gente sente simplesmente.
Mesmo sabendo que meu corpo não te esquecerá, reforço minha memória com a sua fala e utiliza da poesia e da música para lembrar de você, para me alimentar mais de você, do seu jeito simples e encantadora de ser...anjo de olhos verdes...anjo simples de pureza e ternura...simplesmente anjo...
“Tudo bem quando termina bem
E os seus olhos (e os seus olhos)
Não estãorasos d’água
Mas eu sei que no coração
Ficaram muitas palavras
Um vocábulo interno de ilusão (e de paixão)
Tudo que viceja, também pode agonizar
E perder o seu brilho em poucas semanas
E não podemos evitar que a vida
Trabalhe com seu relógio invisível
Tirando o tempo de tudo o que é perecível
É impossível, é impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti
(...)
mas antes que eu me esqueça
antes que tudo se acabe
Eu preciso, eu preciso dizer a verdade
É impossível esquecer você
É impossível esquecer o que senti
É impossível esquecer o que vivi”
(Biquíni Cavadão – É impossível)

Anjos sempre estão presentes, mesmo não os vendo sabemos que estão ao nossa lado, você está ao meu lado para me abraçar e dentro de mim para amar...em meu corpo...e assim sempre o será...

Elisandro Rodrigues
Para não perder o brilho e para sempre lembrar que a distância mantém os corpos, os olho, as mãos longe, mas deixa as almas mais livre para voar e se encontrarem construindo assim o que quiserem...

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem é a fonte de tanta inspiração?
ela deve ser muito especial.

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento