28.8.08

Ansiedade

Ele acorda pela manhã com se tivesse tomado todas na noite seguinte, não se lembra se havia sonhado ou não, apenas recorda-se de que alguém velava seu sonho, como se tivesse passado a noite inteira conversando com alguém que não recordava, mas sabia quem era. Levantou-se devagar pois sua cabeça latejava. Escovou os dentes com cuidado, arrumou-se e saio para o emprego.
Estava com fome, lembrou-se que não havia comido nada nem tomado nada quando acordou-se. Parou em uma padaria comprou um salgado e um café. Foi caminhando e comendo até chegar ao seu local de trabalho. Sentou em sua mesa, ligou o computador, viu seus e-mails, não havia nada na caixa de entrada.
De minuto em minuto olhava para seu e-mail, enquanto examinava propostas e propostas de crédito. Mas por que estava com está ansiedade, o que esperava do seu e-mail? Não sabia o por quê desta espera angustiante por nada, por um e-mail. No começo da tarde algo piscou na tela, havia chegado um e-mail, abriu depresa sua caixa de entrada e ... não era nada, apenas mais um spam. Voltou ao trabalho.
Por volta das 15 horas recebeu o e-mail que esperará tanto. Era um e-mail dela falando que havia sonhado com ele e que estava com saudades. Ele sorriu e voltou ao trabalho. Toda a ansiedade que passará durante o dia sumiu quando leu a mensagem dela. Ficamos ansiosos por muitas coisas pensou ele, agora calmo. Gostava tanto dela, mas não sabia como lhe falar. Ficava feliz quando a lia ou a escutava, ficava bobo, como ficam os apaixonados. Acreditava que logo estaria junto com ela e poderia desfrutar de toda esta felicidade já sonhada, escrevida e imaginada. Os quilometros que ainda os separavam eram muitos. A felicidade era muita, a alegria era muita, mas a duvida era muita.
Voltou para casa pensando o por que da dor de cabeça pela manhã.

Elisandro Rodrigues
Agosto de 2007

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Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento