Foto Beatriz Rodrigues
Quando eu era criança, não entendia por quê às vezes não tinhamos o que comer. Não entendia a falta de dinheiro para comprar comida, e o porque comer feijão com laranja, inventando um prato para saciar a fome. Não entendia as brigas e a dificuldade que minha mãe e minha família tinham. Era criança, a inocência ainda se fazia presente, o brincar era mais importante do que o preocupar-se com perguntas que ainda não me faziam sentido.
Os primeiros questionamentos vieram para tentar compreender o amor, santa inocência a de criança, tentar compeender o amor. Mais alguns anos depois voltou a dificuldade financeira, e o trabalho a solução para arumar dinheiro. Vender picole. Pouco dinheiro mas a compreenção da necessidade de trabalhar. Mas ainda não compreendia por que trabalahr e ganhar pouco dinheiro e viver na pobreza quando via pessoas com belas casas, belos carros, belas roupas.
O entendimento do mundo veio bem mais tarde quando entrei no seminário e as perguntas começaram a fazer sentido quando descobri que existe dois mundos, e as vezes mais, os oprimidos e os opressores. Os que detem os meios de produção e quem trabalha nele.
Mas depois de tanto tempo, desde as primeiras necessidades e questionamentos, continuo ainda sem entender. Por que vivemos sempre sem dinheiro no bolso? Por que não ganhamos nem para sobreviver? Por vivemos sempre na miséria? Por ser artista? Por pensar nos outros? Ou por não entender mesmo como funciona este mundo.
Continuo com minha santa inocência sem compreender bustica de nada, so entendendo que viver sem grana é foda. Eita mundo cão.
"Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
E sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
criando conceito pra tudo que restou?"
Elisandro Rodrigues
Tentando calcular o meu valor para pagar as contas atrasadas...