23.11.06

Sobre sonhos.....

Carta a Biblioteca Social Mundial.

Amigos e amigas do Mosaico de Livros e da BSM!

Quando falamos em sonhos, falamos como Paulo Freire, onde temos os sonhos na mão, sonho que se organizam, "Para que meu sonho não seja apenas utopia, eu preciso agir. Se o sonho se aproxima dos sonhadores é por que eles se organizaram, eles agiram com o sonho na mão".
Percebo que o sonho morreu, e a utopia também. Este e-mail que o Bello no mandou revela um pouco desta utopia, deste sonho que anda bem distante. O que acontece para um sonho ficar distante da realidade. A não ação com ele na mão, a não organização.
Muitos de nós pecamos na construção desse sonho, em todo o processo dele, uns mais, outros menos, mas pecamos. Mas por muitas vezes tentamos pegar este sonho na mão, e organizar-se com ele. ORGANIZAR-SE com ele, me lembra outro sonho, do AIJ, do FSM, onde a autogestão, ou o discurso sobre ela, as vezes não sai do papel, mas mesmo assim enfrentamos a DESORGANIZAÇÃO e lutamos com o sonho na mão.
Se as pessoas, o coletivo, não está mais sonhando com ele na mão, não está tentando se organizar para que o sonho não morra, existe um problema muito grave, que o Bello já o cita ai: a apropriação de um sonho. Se Marx tivesse vivido mais, derepente ele poderia falar disso também, mas podemos só imaginar se as pessoas se apropriam de bens, do lucro, se o capitalismo e o neoliberalismo se apropriam dos seres humanos, da mão de obra, bem pode-se também se apropriar de sonho.
Mas o que leva uma pessoa a se apropriar de um sonho que a princípio é coletivo?
Não sei. Mas de uma coisa estou certo: Se este sonho parece estar distante demais, proponho sonharmos outro sonho. Um sonho que seja mais utopico, mais organizado, que traga mais felicidade.
Meu amigo Bello, Fabricio e demais que comungam com um projeto de democracia, de igualdade, em um sonho gostoso de se sonhar e lutar. Vamos sonhar outro sonho.
"Eu estou propondo que o trabalho e a organização diminuam a distância entre o sonho e a concretez do sonho. O sonhador se junta a outro sonhador, e eles encurtam a distância entre sonho e a vida sonhada." Palavras de meu caro amigo e mestre Paulo Freire.

Elisandro Rodrigues
Nômade urbano, sonhador incansável

Um comentário:

Anônimo disse...

que sonho é esse cara?

Entra[saí]da - Manoel de Barros

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim:

O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz.

Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem.

[...]

1)É nos loucos que grassam luarais; 2)Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Siente como Sopla el Viento